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Lá no centro de Portugal, existem marcas de mais de dois mil anos de história. Romanos, visigodos, celtas, iberos, muçulmanos e cristãos estiveram por aquelas paragens e deixaram construções que vão da Antiguidade, passam pela Idade Média e seguem pelo Barroco adentro. Entre monumentos seculares, existe ainda uma paisagem rural típica de vilarejos esquecidos pelo tempo. Já imaginou dar um tropeção nas mais antigas tradições portuguesas? Pois é! Nas aldeias e vilas que formam a Beira Baixa, esse é um sério perigo.
Para os que amam história, arte e arquitetura, a região é um museu ao ar livre. Prova disso é o sítio arqueológico de Idanha-a-velha, cercado por muralhas romanas, lápides e arquivo epigráfico. Aha! O que é um arquivo epigráfico? Explico: o de Idanha-a-velha é um conjunto de cerca de 86 placas de cerâmica com citações cunhadas em latim. Todas as peças e monumentos são datados a partir do século I d.C. Não há quem não saia desta visita especialista nos deuses e na vida social desta província romana.
Os monumentos romanos e barrocos das aldeias da Beira Baixa já seriam um espetáculo, mas o que mais encanta é o passado medieval daquelas terras. A mais incrível história é a presença dos religiosos-guerreiros, os Cavaleiros Templários. No distrito de Castelo Branco, capital da província, atribui-se aos Cavaleiros o castelo, as muralhas e a fundação da cidade entre 1214 e 1230.
E por que a herança dos Templários fascina tanto? Para encontrar uma possível resposta, basta uma nova pergunta: quem nunca sonhou com as aventuras em busca do Santo Graal ou aquelas dos filmes Código Da Vinci e Indiana Jones e Última Cruzada? Os romances literários, Hollywood e a própria história desta ordem militar medieval criaram os mistérios e as lendas que cercam seus monumentos.
De fato, a história de Portugal, especialmente a partir das cruzadas, está profundamente ligada aos Templários – sob a liderança de Dom Afonso Henriques, primeiro rei da história lusitana, expulsaram os mouros e consolidaram as fronteiras do reino. Eles estiveram em Portugal de 1128 até 1314, quando da extinção da ordem pelo Papa Clemente V. Acusados de heresia, os Templários foram caluniados, espoliados, perseguidos, martirizados e mortos nas fogueiras da Inquisição. Alguns passaram a viver secretamente na Escócia, Inglaterra e Portugal (trágico, não é?).
Porém, no auge de seu poder, os Cavaleiros estabeleceram bases em Castelo Branco, na aldeia de Penha Garcia e arredores. A aldeia de Monsanto, conhecida como “a aldeia mais portuguesa de Portugal”, além de casas antigas em granito, vielas e pequenos jardins, tem o castelo de Penamacor, oferecido aos Templários no século XII. Esse castelo nos mostra, sobretudo, como eram as construções-fortificações que protegiam a região – que por sinal, fica nos limites com a Espanha. Então, já viu? Era preciso proteger o território com unhas e dentes.
O Santuário de Nossa Senhora de Mércoles (também chamado de Castelo Branco) seria outra construção dos Templários. Na verdade, não se conhece com exatidão quem a criou, mas a tradição atribui a sua construção aos Cavaleiros da Ordem do Templo. Há quem diga que a existência do Santuário tenha origens em um templo do período romano, mas essa versão é bem mais sem graça. Já os azulejos que decoram o interior do Santuário são de 1609 (normal! A gente sabe que as construções levavam séculos, assim, o seu exterior poderia ser do século XII e a decoração do século XVII).
No centro histórico de Castelo Branco, os tempos medievais surgem gravados nas pedras, nas muralhas, na Igreja de São Miguel (atual Sé) e nas portas e janelas das casas antigas dos mercadores que moravam por ali. Nesse local, ainda vale a visita à antiga Praça Luís de Camões (atual Praça Velha), o Jardim do Paço Episcopal, o Parque da Cidade e o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, fundado em 1910, a partir de coleção arqueológica e colchas bordadas à mão – uma das tradições do lugar.
Então, entre o mito e a história, a província de Beira Baixa, e principalmente a cidade de Castelo Branco, nos trazem a possibilidade de conhecer aldeias históricas, igrejas góticas e barrocas e edifícios, como castelos e fortificações que nos levam às memórias da formação do reino lusitano, das cruzadas e dos Cavaleiros Templários – algo inesquecível para quem é fanático por arte, história e arquitetura.
Vish, ainda tem a Serra da Estrela no meio desta história toda! Beira Baixa é a porta de entrada da Serra e do seu parque natural. Essa instância de inverno, famosa pelas aldeias, por seus queijos e gastronomia sensacional é outro caso de amor no centro de Portugal.
Foto do destaque: Painel presente no Jardim do Paço Episcopal – Representa a Vila de Castelo Branco na perspectiva de Duarte d’Armas/Wikipedia
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
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