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Casa do Rio Vermelho: se for de paz, pode entrar

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

08 de June, 2016

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Como é a sua casa ideal? A minha fica numa rua residencial, mas numa metrópole. Perto do mar, porém num bairro cheio de boêmia e cultura. É fresca, iluminada, espaçosa, mas aconchegante. Tem cozinha grande, jardim cheio de mangueiras e pitangueiras, além de piscina para apaziguar o clima tropical. Há quadros do Carybé, muitos, muitos livros e um quarto de hóspedes para os amigos estarem sempre por perto. É repleta de objetos reunidos nas viagens pelos cinco continentes, mas transmite a certeza de que o melhor lugar do mundo é aquele cantinho. Na minha casa ideal viveria, por mais de 50 anos, uma família moderna, criativa e apaixonada. Minha casa ideal é muito parecida à Casa do Rio Vermelho, onde viveram Zélia Gattai e Jorge Amado.

Jorge Amado & Zélia Gattai
Jorge Amado & Zélia Gattai

Depois de 11 anos fechada, a casa no 33 da rua Alagoinhas virou memorial, em novembro de 2014. Fui visita-la num dia quente do último verão. Estava hospedada no bairro Rio Vermelho, em Salvador, mas a caminhada não foi agradável porque a região estava cheia de obras e meu voo partiria em algumas horas. Também não há muito por onde estacionar. Então não faça como eu: vá de taxi ou Uber, e com muito tempo para gastar. O lugar é pequeno, mas a vontade de absorver cada detalhe é enorme.

Foto: Brasis.vc
Foto: Brasis.vc

O espaço não se limita a retratar a vida do casal, mas também representa os personagens dos livros e hábitos e cultura da Bahia. A casa apresenta fotografias, roupas, mobiliário, pinturas, cartas e lembranças que compõem as memórias de Jorge e Zélia. O memorial é uma viagem ao passado, mas a apresentação é contemporânea, com telas em LED, projeções e áudios de artistas interpretando obras do escritor. É quase imoral adentrar assim a intimidade de um casal. A casa exala a sensualidade e a informalidade da Bahia e saí de lá plena de orgulho da riqueza da nossa cultura.

Foto: Turismo Bahia / Divulgação
Foto: Turismo Bahia / Divulgação

A curadoria cenográfica dos 15 ambientes ficou a cargo de Gringo Cardia e o resultado é genial. Meu estômago roncou quando a quituteira Dadá ensinou receitas dos pratos preferidos da família por meio de um monitor na “Cozinha de Dona Flor”. E fui voyeur no quarto do casal, batizado de “Amores e Amantes”, onde os trechos românticos do livro Tereza Batista Cansada de Guerra são projetados na cama. Quis abrir uma cerveja e chamar os amigos para a “Roda de Conversa”, no jardim e me atracar por horas com um livro na “Sala de Leitura”. Cada cômodo tem uma apresentação tão contemporânea e informativa – e ao mesmo tempo, encantadora e aconchegante – que parecia que era a minha casa. E é um pouco a nossa casa – de nós, brasileiros.

No jardim da casa está o espaço “Jorge e o Candomblé”, que ressalta a relação do escritor com a religião de matriz africana da qual era tão devoto. O depoimento de Mãe Stella abordando a amizade com o escritor e fundamentos do Candomblé só me fizeram pensar no quanto de incrível e desconhecido ainda há para descobrir no mundo. Com bancos, orixás e sapinhos de cerâmica, um cantinho simpático do jardim hospeda as cinzas dos dois escritores.

A entrada inteira para o Memorial Casa do Rio Vermelho custa $20, e R$10 a meia. O espaço funciona de terça a domingo, das 10h às 17h. Feliz mesmo era o Jorge, que era Amado. Salve, Jorge!

Endereço: Rua Alagoinhas, Rio Vermelho, Salvador, Bahia
Horário: terça a domingo, das 10 às 17h

*Foto capa: Casa do Rio Vermelho por Tristão da Cunha

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

08 de June, 2016

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Luciana Guilliod

Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.

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Comentários

  • Vale a pena visitar. por incrível que parece não é um lugar mórbido tem uma boa energia.

    - Frederico Moraes

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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.