Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Gel de carboidrato. Barra de cereal. Tênis. Mochila de escalada. Estava preparada para encarar a trilha considerada mais perigosa do mundo. Desde 1921, há um pequeno caminho que contorna um desfiladeiro na Espanha: útil, e mortal.
Não é figura de linguagem… de fato, várias pessoas morreram entre os anos 1990 e 2000, e, claro, muitos outros se aventuraram com sucesso.
Cheguei na pequena estação “El Chorro” literalmente de mala e cuia – não bastasse meu kit “escaladora sensação 2016”, tinha também a mochila gigante de viagem. E foi um pouco de otimismo achar que talvez existisse alguma estrutura para guardar os 15kg de tralha.
E foi num desses ‘azares-sorte’ da vida que, após zanzar uma boa meia hora, acabei batendo na porta do Sr. Joaquín:
– “Oi, você mora aqui? Será que você se importa de guardar minha mala?”
-“Guardo sim, Sra. Dona Moça, quer tomar um café?”
E foi com a frase típica da Dona Florinda e Professor Girafales que entrei na sua residência. As fotos na parede reforçavam a história que ele me contava da trilha, que ele disse já ter feito “mais de um milhão de vezes”, incluindo com uma moto! O caminho teve um papel importante e foi usado como transporte entre a usina de Gaitanejo e o precipício hidroelétrico El Chorro, onde vivia a família dele. A moto? Era a única forma de trazê-la para o vilarejo. Três amigos dele morreram no caminho, mas foi “por causa do vento”. Mas agora, diz ele, “não é a mesma coisa”.
O caminho reabriu em 2015 apenas, após um investimento de 3,2 milhões de euros. Com isso foi recriado um caminho de madeira, em cima do anterior de cimento, extremamente seguro.
É possível ver o caminho acima, e o caminho abaixo. O de cima, novo, super seguro. Deixa eu explicar: não é seguro “até dá para ir”. É seguro mesmo, desses lugares para levar sua avó, ou seu filho de dois anos, sabe?
Pensa em uma aspirante a escaladora frustrada.
Mas superada a frustração que eu não ia correr risco de vida (droga!), a paisagem do Desfiladero de los Gaitanes é alucinante. Da estação de trem, você pega um ônibus que te deixa no começo do caminho, e são três quilômetros até chegar à bilheteria.
Dos 7,7 quilômetros, a parte mais famosa são os 1,5km ao redor do desfiladeiro. Por mais que você esteja absolutamente protegido, ainda dá vertigem (vulgo frio na barriga).
Junto tem o vento que sopra, e você acha que vai cair lá de cima. A paisagem é deslumbrante e vale o passeio.
É imprescindível comprar antes pela internet o ingresso, que vem com horário, por 10 euros. Se você não pretende dormir lá (tem algumas pousadas), olhe o horário do trem (de Sevilha ou Málaga) e a hora que chega e sai. Há apenas uma opção de trem para vir, e outra para voltar, e você tem que conseguir o ingresso por volta do meio dia para poder fazer um bate-volta.
O gel de carboidrato? Bom, ficou na mala, e lindamente substituído por uma cervejinha Alhambra lá na estação de trem.
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsPoxa, adorei seu post!! Será q o Sr. Joaquín guarda as munhas malas tb?? kkk! Eu estou indo com meu marido na semana q vem e tb estou com esse problema. Abraço!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.