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Palomino: selva e praia misturadas nas montanhas colombianas

Quem escreveu

Chicken or Pasta

Data

12 de February, 2016

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Palomino é um lugar inesquecível para quem visita a Colômbia. A pequena vila de apenas três quarteirões encanta de imediato pelo seu cenário: é cercada por praias fantásticas, que podem ser encontradas ao fundo de montanhas com picos gelados de mais de 5000m de altitude e visíveis apenas ao amanhecer. O Rio Palomino percorre as montanhas até desembocar no mar e sua beleza convida a explorar a floresta tropical por suas trilhas.

Como chegar

A forma mais rápida e barata de chegar a Palomino é apanhando o ônibus que sai de Santa Marta. A parada fica no cruzamento entre a Carretera 11 e a Calle 11, próximo ao mercado de Santa Marta, e custa 8000COP (cerca de R$10).

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São duas horas de viagem, com saídas a cada 15 minutos. É muito engraçado ver pessoas entrando e saindo do ônibus em qualquer ponto da viagem, já que nas cidades grandes a gente está acostumado à regra de só poder entrar ou sair do ônibus nas paradas. Esse sistema usado nas pequenas localidades é muito conveniente e cômodo, pois, se desejar ficar em algum ponto da rota do ônibus, o passageiro pode descer a qualquer momento.

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Cheguei a Palomino já era noite, após a viagem cansativa de ônibus, por conta da estrada cheia de curvas e dos carros desgastados. O ônibus para na Estrada Nacional, bem no meio do nada, onde já estão os mototáxis à espera de quem chega. Quando se embarca de mochila nas costas, as opções são caminhar 20 minutos no escuro ou a garupa de uma moto. A escolha é um tanto previsível… “Vamo lá!” Da estrada até a minha acomodação, o mototaxista cobrou 3000COP.

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A minha primeira experiência de moto na Colômbia foi caracterizada por uma estrada dura, cheia de buracos, sem uso de capacete, com um nativo que falava pelos cotovelos e perguntava insistentemente coisas como “você tem namorado?” Fui respondendo, apesar de pouco entender o que ele falava, afinal a viagem é super rápida, o caminho é atribulado e o meu espanhol super limitado, sabotando qualquer tentativa de comunicação entre nós.

Palomino

Na entrada da rua principal da pequena vila encontra-se o comércio: farmácia, cafés, mercearias, posto de gasolina, e onde também é possível comprar garrafões de água mais baratos. Dica: água é um bem precioso em Palomino, pois a água canalizada não é potável e o calor faz o consumo de água engarrafada ser altíssimo. É uma despesa extra, portanto poupar no preço da água vai se refletir bastante no orçamento da viagem. Também nessa rua encontrei, na única mercearia com produtos de higiene pessoal, o melhor e mais barato repelente de mosquito, outro item essencial, tendo em vista que esta é uma zona ainda afetada pelo mosquito da dengue e da malária. E sim, fui picada o tempo todo, mesmo usando outros repelentes!

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Nas ruas menores, em direção à praia, há outras lojinhas e pequenos negócios de família, cenário perfeito para quem adora puxar conversa com os nativos e saber mais sobre a cultura local. E, à medida que a praia se aproxima, vão aparecendo as acomodações, restaurantes, bares e afins.

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Nas praias de Palomino, você encontrará uma grande variedade de restaurantes, bares e inúmeras atividades, como ioga ou aulas de música. Os restaurantes não são exatamente baratos, principalmente quando comparados a outros destinos próximos, como Santa Marta ou Parque Tayrona. A vibe é incrível, muitos ambulantes passam vendendo artesanato local, livros etc. e a maioria dos bares faz happy hour.

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Nem tudo é paradisíaco, porém. O mar é de uma brutalidade tremenda, com ondas fortíssimas que quebram logo no raso. Isso faz da praia um destino obrigatório para quem pratica surf, com várias escolas para quem quer aprender o esporte ou alugar equipamento, mas desaconselhada para banho.

Acomodação

Existe um número considerável de opções de hospedagem em Palomino, mas o meu encantamento, sem dúvida, foi com os albergues que reproduzem as cabanas originais das tribos indígenas que habitaram Palomino há mais de 15.000 anos. Foram as fotos das réplicas das cabanas tribais do Tiki Hut, construídas em madeira, cana e palha, em total harmonia com o meio ambiente, que motivaram a minha obsessão por Palomino.

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A diária em uma cabana individual – com capacidade para até três pessoas – custa 135000COP (R$150) e é bem mais acessível para aqueles que viajam sozinhos. Por 35000COP é possível dormir em um simpático dormitório compartilhado, equipado com nove camas (quatro beliches e uma cama de solteiro), dois banheiros completos e cadeado individual, com chave fornecida na recepção e sem nenhum custo adicional. As camas possuem véu (mosquiteiro) e os dois ventiladores de teto ajudam a manter o lugar arejado.

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A maneira como as cabanas foram construídas é espetacular e facilita o contato do hóspede com a natureza. Os arredores transbordam de vida selvagem e a quantidade de pássaros, grilos, cigarras e outros tantos bichinhos que se ouve à noite é impressionante. É como dormir ao relento, contando com o conforto de um colchão e de um banheiro. A parte do chuveiro ao ar livre também é adorável, dá sempre a sensação de tomar um banho na praia, com o céu diretamente sobre nós.

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As cabanas individuais, onde estão os quartos privados, têm a fachada triangular, e se alinham frente à piscina, cada uma delas recebendo o nome de uma praia local. Todas têm um colchão de solteiro no andar de cima (uma espécie de mezanino) e embaixo há uma cama de casal, o banheiro, um ventilador e uma rede no alpendre. O alpendre pode ser fechado com uma espécie de cortina de lona, garantido assim total privacidade ou mais sombra, conforme a necessidade.

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Para quem fica na cabana privativa, toalhas e sabonete são incluídos no preço. E o chuveiro é bem mais potente, um privilégio na região. Fiquei em ambas as acomodações e devo dizer: preferi o dormitório compartilhado. Achei a cama mais confortável e a rede mosquiteira mais eficaz. Mas certamente para casais ou pessoas que prezam a privacidade, a cabana é a melhor opção.

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Os espaços comunais do Tiki Hut incluem: serviço de restaurante e bar, uma piscina, TV, inúmeros jogos de tabuleiro e cartas, várias mesas, espreguiçadeiras e redes espalhadas pelo espaço. Junto à piscina, há um chuveiro ao ar livre e um banheiro fechado também com chuveiro. Tudo isso cercado por um gramado. O wi-fi e o café da manhã são gratuitos. As refeições (almoço e jantar) podem ser compradas por preços realistas e o bar tem happy hour. Além de um gato e um cachorro que passam o dia dormindo e são muito engraçados!

A Sierra Nevada

Sierra Nevada é uma rede de montanhas que chega a atingir os 5000m de altitude. Após o amanhecer, quando o sol abre, é possível ver a neve no topo das montanhas, dando o nome à serra. Em Palomino, há uma grande variedade de tours e atividades nas montanhas, como por exemplo tubbing no Rio Palomino (descer o rio naquelas enormes bóias redondas), passeio a cavalo, trekking ou ainda visitar as tribos indígenas.

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Eu optei pela visita às tribos a pé, o que inclui o trekking. Achei todas as ofertas disponíveis nos albergues muito caras – cerca de 100000COP por pessoa -, então optei por tours personalizados oferecidos nas ruas, com preços mais acessíveis.

O guia nos encontrou – eu e mais dois participantes – no Tiki Hut às sete da manhã e, para nos poupar um pouco a caminhada, fomos de mototaxi (preço incluído no preço do tour) até o ponto em que foi possível subir de moto.

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Economizamos com isso 30 a 40 minutos de caminhada, que são preciosos, pois a subida das montanhas é bem íngreme e cheia de trilhas escorregadias, pedras soltas, riachos, plantas, sem contar a grande variedade de animais e insetos.

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Como pontos positivos do tour que fizemos, posso destacar o fato de ter sido realizado de acordo com as nossas necessidades e personalidades e também a relação de proximidade com o nosso guia, que nos cobrou 60000COP por pessoa. Éramos três, e imagino que, para um grupo maior, o desconto seria ainda mais simpático.

Os Yogi

O meu contato com as tribos indígenas foi fascinante. Pelo que se sabe, as tribos que habitam Sierra Nevada e o Parque Tayrona estão lá há mais de 15.000 anos. Bem antes da história de Jesus e da criação do calendário gregoriano. Bem antes de muita coisa! Existem 16 aldeias dessas tribos na Sierra Nevada, com cerca de 17.000 habitantes no total. O número é aproximado pois a área é protegida e a comunidade não precisa se submeter a burocracias como certidão de nascimento, registro civil ou certidões.

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Os Yogi são uma instituição social-antropológica por titulo próprio. E visitar essa comunidade foi como viajar além do tempo, das guerras, da história, e vislumbrar uma utopia que parece ter ficado perdida. Os Yogi moram em pequenas cabanas muito semelhantes às do Tiki Hut, mas sem facilidades e tecnologias. Vivem em grupos familiares e o mais peculiar desta tribo é o quão difícil é decifrar as suas idades. Acredita-se que alguns vivam mais de 100 anos, casando-se muito cedo: as meninas por volta dos 12 anos e os homens com 18, vivendo em família a vida toda.

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A família se compõe de forma hierárquica: a pessoa mais importante da tribo, chamado Mamu, vive no pico da montanha, entre o branco da neve. Para eles, o branco simboliza a pureza. O Mamu é uma espécie de papa, rei e gestor, ou um mix desses três. É ele quem toma as decisões supremas, como, por exemplo, qual o castigo atribuir a quem cometeu um erro, ou decisões governamentais e administrativas das tribos.

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Pessoalmente, foi muito interessante poder observar algumas características físicas dominantes nos indígenas da América do Sul, como estatura baixa, pele numa tonalidade meio que avermelhada, cabelos longos, lisos e bem negros, e também os olhos em forma de avelãs.

Vida selvagem

É incrível se deixar levar pela quantidade de sons inéditos e diferentes que se ouve nas montanhas. Mesmo não podendo ver e fotografar muitos dos animais, é certo que estamos cercados por macacos, pumas, águias, cobras, entre tantos outros.

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Todas as espécies são protegidas e o respeito pelo seu habitat natural é obrigatório. A experiência de estar desconectada do mundo tecnológico e desgastante em que vivemos hoje e me ver cercada pela genuinidade das pessoas vivendo harmoniosamente entre as praias e as montanhas me fez colocar Palomino na lista de “lugares obrigatórios para voltar”.

A Tânia Neves é a nossa colaboradora do coração. Fotógrafa e viajante profissional, entre um clique e outro se prepara para a sua primeira volta ao mundo. Saiba mais sobre ela aqui.

*Todas as fotos por Tânia Neves © todos os direitos reservados.

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Chicken or Pasta

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12 de February, 2016

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.