Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A alguns dias do ano novo, em uma piazza na cidade de Florença, Itália, eu batia os dentes de frio, cheia de malas e cachecóis. Cada desconhecido que passava diante de mim eu olhava de rabo de olho e pensava: “Será que é ele?” Depois de quase uma hora nesse suspense, típico dos encontros às cegas dos usuários do Tinder, ele chegou: não era um date, mas sim minha carona. E salvou minha vida.
Foi sem querer que conheci o BlaBlaCar: decidi passar o réveillon em Cortina D’Ampezzo, e os trens de última hora eram caríssimos, com conexões bizarras que, pelo tempo de viagem, deviam passar por Dubai. Ou algo assim. O aplicativo foi sugerido por um garçom fofo que escutou meu infortúnio. Foi amor à primeira vista (pelo app e pelo garçom também, no caso).
BlaBlaCar é um aplicativo de compartilhamento de caronas que conecta um motorista com lugares vazios em seu carro a passageiros indo na mesma direção, tendo como objetivo dividir os custos do trajeto e a experiência da viagem. No meu caso, compartilhar o carro com o Maurizio custou quatro vezes menos e me deixou direto na cidade, economizando mais de três horas. Sem contar que ainda aprendi umas frases em coreano.
Fui eleita a tradutora do grupo: explicava em inglês para as demais passageiras coreanas o que Maurizio contava. E em sua maioria, eram improvisos da minha cabeça, já que não falo nada de italiano. “He said that this town we are passing has the best tomatoes”. É que nossa viagem era do tipo BlaBlaBla: viagem para conversadores (você pode escolher também Bla ou BlaBla se for mais quietinho).
E a startup francesa já opera em 20 países e chegou no fim do ano passado em terras tupiniquins! No mundo, já são mais de 20 milhões de usuários, e eles estimam que a economia de emissão de CO2 com as caronas cheguem a 700 mil toneladas por ano. Para se cadastrar no app é só usar a sua conta no Facebook e validar um número de telefone celular. Isso é ótimo porque você já importa amigos e tem referências. E se você vai viajar e é motorista, pode achar passageiros através do aplicativo. Com base na distância, a BlaBlaCar sugere a participação de cada pessoa nos custos da viagem: o condutor não lucra, apenas divide custos. Como passageiro, você pode buscar motoristas que saem ou percorrem a sua cidade e que passem por onde você quer ir, podendo assim solicitar uma reserva. Se ela for aceita, pronto – vocês viajarão juntinhos, cantarão canções e dividirão aquele biscoito de polvilho comprado no posto da estrada.
Afinal, em época de consumo colaborativo, não faz o menor sentido pessoas usando mais carros e mais gasolina, para se locomoverem, não é mesmo? Uma viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, pode custar até R$ 180 só em gasolina e pedágios. Se o condutor dividir os custos com dois passageiros, cada um gastará R$ 60. Quer pegar uma praia no finde? De São Paulo para São Sebastião há ofertas a partir de R$ 27 e de São Paulo para Paraty, a partir de R$ 41. A empresa cobra de 10 a 15% de tarifa, mas por enquanto o serviço ainda é gratuito.
E a pergunta que não quer calar: é perigoso? O BlaBlaCar tem um sistema de reputação com reviews e notas para cada motorista e conta também com uma opção só para mulheres. Os pagamentos são feitos através da conta bancária do motorista, adicionando segurança ao negócio. Mas ó, ele só serve para viagens intermunicipais. Então não adianta procurar alguém que te deixe na casa do namorado porque não rola. Quer dizer, a menos que seja um namoro à distância.
Espero que a moda pegue. E que tenhamos muito menos carros descendo para a praia no feriado. E muito menos fila na balsa para Ilhabela. Entusiasta do consumo colaborativo que sou, já estou fazendo minha parte: ofereço lá uma viagem para a praia nesse próximo fim de semana. Quer vir de carona?
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsEu não estou conseguindo acessa blablacar estou precisando de uma aguda
Desculpe-nos, mas não temos nenhuma relação com o BlablaCar. :(
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.