Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Ao caminhar por entre os vastos campos de girassóis e de lavandas que cercam os arredores de Arles, no sul da França, não é difícil se sentir numa tela de Vincent Van Gogh – e isso acontece em muitos outros lugares da cidade. De repente, entre as suas ruas, surgem o café, o hospital, a ponte e as construções que estão nos trabalhos do artista. Posso garantir, a experiência é incrível (aos amantes da arte, é quase alucinógena). Mas, como essa cidade, às margens do Rio Ródano, com ruínas romanas e anfiteatro dos séculos I e II se tornou o cenário das telas mais famosas deste pintor pós-impressionista?
Aos 35 anos de idade, Van Gogh deixou a agitada Paris para viver em Arles, na chamada casa amarela (retratada em suas telas e demolida depois de um bombardeio em 1944). A série de 7 pinturas de girassóis foi feita inicialmente para decorar a casa amarela. O quarto de Van Gogh, série de 3 telas (1888 e 1889), também foi realizado nesta época. O Escolar (ou O Filho do Carteiro), que está no MASP, é ainda do mesmo período, creiam!
Em apenas 15 meses (de fevereiro de 1888 a maio de 1889) por lá, Van Gogh teve o período mais solitário e produtivo de sua carreira. Foram cerca de 300 trabalhos entre pinturas e desenhos, diversas cartas ao irmão mais novo Theo e a outros companheiros da vida parisiense. Nessas cartas, é possível saber um pouco mais sobre as teorias e os motivos da obra de Van Gogh. Em Arles, ele pretendia formar uma colônia de artistas. Era só um desejo!
Escreveu a diversos artistas, mas foi atendido somente por Paul Gauguin. A convivência entre os dois não era nada fácil: as diferenças entre os temperamentos e, especialmente, a variação de humor de Van Gogh aumentavam os conflitos entre os dois pintores. Aliás, em dezembro de 1888, as brigas resultaram no episódio da orelha direita cortada, lembram-se? Vicent passou 14 dias internado no hospital de Arles, atual L’Espace Van Gogh, onde pintou o pátio interior deste antigo edíficio. Em seu retorno à casa amarela, pintou o Autorretrato com Orelha Cortada. Um mês depois, ele retornou ao hospital e passou a viver como paciente-preso. Em 1889, pediu para ser internado no hospital psiquiátrico Saint-Paul-de-Mausole, perto de Saint-Rémy-de-Provence, encerrando sua temporada em Arles.
A essas alturas, a primeira questão ainda permanece na sua cabeça, não é? Por que Arles? Para um holandês, como Vicent Van Gogh, acostumado aos tons pálidos do norte europeu, o sol brilhante, o céu azul e as cores quentes da flora e da terra da Provença davam oportunidade para exercer as lições dos impressionistas e neoimpressionistas. Na temporada em Arles, o estilo de pintura de Van Gogh acompanhou suas alterações psicológicas, trocando o pontilhado por pequenas pinceladas. Além do mais, a vida bôemia de Paris, impedia o artista de se concentrar no ofício. Arles era o esconderijo perfeito.
Depois disso, você ficou com vontade de ir para Arles? Aí devo avisar vocês: hoje, nenhuma das pinturas produzidas na cidade está por lá, mas a cidade mantém-se como cenário vivo. Lugares como L’Espace Van Gogh, Van Gogh Walk, Café na Place du Forum (atual Café Van Gogh), Pont Van Gogh (Pont de Langlois) e Fondation Vicent Van Gogh relembram a presença do artista na Provença. Vale a pena conferir!
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.