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Arles, o esconderijo de Van Gogh

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

19 de April, 2016

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Ao caminhar por entre os vastos campos de girassóis e de lavandas que cercam os arredores de Arles, no sul da França, não é difícil se sentir numa tela de Vincent Van Gogh – e isso acontece em muitos outros lugares da cidade. De repente, entre as suas ruas, surgem o café, o hospital, a ponte e as construções que estão nos trabalhos do artista. Posso garantir, a experiência é incrível (aos amantes da arte, é quase alucinógena). Mas, como essa cidade, às margens do Rio Ródano, com ruínas romanas e anfiteatro dos séculos I e II se tornou o cenário das telas mais famosas deste pintor pós-impressionista?

Foto: Elaine Maziero
Foto: Elaine Maziero
Foto: Elaine Maziero
Foto: Elaine Maziero
A Casa Amarela 1888 - Museu Van Gogh Amsterdã.
A Casa Amarela 1888 – Museu Van Gogh Amsterdã.

Aos 35 anos de idade,  Van Gogh deixou a agitada Paris para viver em Arles, na chamada casa amarela (retratada em suas telas e demolida depois de um bombardeio em 1944). A série de 7 pinturas de girassóis foi feita inicialmente para decorar a casa amarela. O quarto de Van Gogh, série de 3 telas (1888 e 1889), também foi realizado nesta época. O Escolar (ou O Filho do Carteiro), que está no MASP, é ainda do mesmo período, creiam!

Em apenas 15 meses (de fevereiro de 1888 a maio de 1889) por lá, Van Gogh teve o período mais solitário e produtivo de sua carreira. Foram cerca de 300 trabalhos entre pinturas e desenhos, diversas cartas ao irmão mais novo Theo e a outros companheiros da vida parisiense. Nessas cartas, é possível saber um pouco mais sobre as teorias e os motivos da obra de Van Gogh. Em Arles, ele pretendia formar uma colônia de artistas. Era só um desejo!

Autorretrato com Orelha Cortada 1889 Instituto Courtauld de Artes Londres
Autorretrato com Orelha Cortada 1889, Instituto Courtauld de Artes Londres

Escreveu a diversos artistas, mas foi atendido somente por Paul Gauguin. A convivência entre os dois não era nada fácil: as diferenças entre os temperamentos e, especialmente, a variação de humor de Van Gogh aumentavam os conflitos entre os dois pintores. Aliás, em dezembro de 1888, as brigas resultaram no episódio da orelha direita cortada, lembram-se? Vicent passou 14 dias internado no hospital de Arles, atual L’Espace Van Gogh, onde pintou o pátio interior deste antigo edíficio. Em seu retorno à casa amarela, pintou o Autorretrato com Orelha Cortada. Um mês depois, ele retornou ao hospital e passou a viver como paciente-preso. Em 1889, pediu para ser internado no hospital psiquiátrico Saint-Paul-de-Mausole, perto de Saint-Rémy-de-Provence, encerrando sua temporada em Arles.

Terraço do Café à Noite - 1888
Terraço do Café à Noite – 1888
Quarto em Arles, 1888 - Museu Van Gogh Amsterdã
Quarto em Arles, 1888 – Museu Van Gogh Amsterdã

A essas alturas, a primeira questão ainda permanece na sua cabeça, não é? Por que Arles? Para um holandês, como Vicent Van Gogh, acostumado aos tons pálidos do norte europeu, o sol brilhante, o céu azul e as cores quentes da flora e da terra da Provença davam oportunidade para exercer as lições dos impressionistas e neoimpressionistas. Na temporada em Arles, o estilo de pintura de Van Gogh acompanhou suas alterações psicológicas, trocando o pontilhado por pequenas pinceladas. Além do mais, a vida bôemia de Paris, impedia o artista de se concentrar no ofício. Arles era o esconderijo perfeito.

Foto: Elaine Maziero
Foto: Elaine Maziero
Arles. foto: Elaine Maziero
Arles. foto: Elaine Maziero

Depois disso, você ficou com vontade de ir para Arles? Aí devo avisar vocês: hoje, nenhuma das pinturas produzidas na cidade está por lá, mas a cidade mantém-se como cenário vivo. Lugares como L’Espace Van Gogh, Van Gogh Walk, Café na Place du Forum (atual Café Van Gogh), Pont Van Gogh (Pont de Langlois) e Fondation Vicent Van Gogh relembram a presença do artista na Provença. Vale a pena conferir!

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

19 de April, 2016

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Alecsandra Matias

Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.

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