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Nas encostas do Rio Douro, ali bem perto da sua foz, fica a cidade do Porto, um destino fantástico por suas lindas paisagens naturais, vinhos, gastronomia, construções históricas e o que mais surpreende aos desavisados: uma efervescente vida cultural e artística. E quando digo arte, estou me referindo àquela pesada … arte contemporânea da boa!
Aliás, na cidade classificada como patrimônio mundial pela UNESCO, vista como altamente industrializada e a segunda metrópole de Portugal – que por sinal, tem seu nome graças à cidade: Portus Cale e, depois, Portugale – existe uma síntese entre o passado e o presente que é muito atraente. Talvez venha desta mistura de seus segredos não revelados aos visitantes mais tradicionais (o que definitivamente, não é o nosso caso).
Nessa síntese, não dá para dispensar lugares históricos responsáveis pelo charme da cidade. Um deles é a Estação de São Bento, erguida sobre a localização exata do antigo Convento de S. Bento de Ave-Maria, no início do século XX. O bacana desta construção está em sua estrutura de vidro e ferro, desenhada pelo arquiteto Marques da Silva, somada à decoração feita por vinte mil azulejos de Jorge Colaço, que ilustram acontecimentos históricos portugueses.
Do século XIII, temos outro edifício histórico: o da Sé. Embora tenha sofrido muitas alterações ao longo dos séculos, mantém ainda seus tesouros de arte sacra, entre eles, elegantes pinturas, esculturas e uma rosácea românica. Isto porque nem mencionei a Capela Batismal revestida de mármores e os belos azulejos barrocos no claustro e na varanda.
Já a Torre dos Clérigos, em estilo barroco, concluída em 1763, domina o centro antigo da cidade. É a mais alta do gênero no país! Os visitantes corajosos encaram 240 degraus para admirar a vista mais bonita do Porto e do rio Douro. Ao lado da Torre, a Igreja dos Clérigos mescla os estilos barroco e rococó, exibindo uma elaborada fachada e um órgão de tubos de 1774.
Depois, destes lugares que não são segredo para ninguém, que tal chegarmos aos ares contemporâneos da cidade? Destaque para o edifício da Cadeia da Relação, e que hoje é o Centro Português de Fotografia. Construída em 1765, numerosas personalidades passaram pela antiga prisão, incluindo Camilo Castelo Branco, que escreveu o romance Amor de Perdição enquanto esteve em suas celas. O edifício mantém seus traços originais, mas a programação de exposições mostra a trajetória da fotografia portuguesa e internacional.
Outro segredo do Porto é a Casa da Música. Projetada para o evento Porto Capital Europeia da Cultura em 2001, o local é uma sala de concertos dedicada à criação e à celebração da música. É também um centro cultural com visitas guiadas e workshops, além de restaurante e bares. Na Casa da Música acontecem eventos ligados ao jazz, à música clássica, e principalmente shows de DJs e de world music.
Rodeado por vastos jardins, usados para eventos ao ar livre, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves ocupa um moderno edifício projetado por Álvaro Siza Vieira. Dispõe de uma notável coleção de obras nacionais e internacionais posteriores a 1960, entre os artistas mais legais, estão: Cildo Meireles, Richard Serra, Bruce Nauman e Christian Boltanski.
Como último segredo coloco o quarteirão das artes, no centro da cidade, conhecido pelas inúmeras galerias de arte. Na verdade, o quarteirão iniciou primeiro na Rua Miguel Bombarda e mais tarde, passou para as ruas adjacentes. Nesse lugar, os espaços de exposição de arte contemporânea juntam-se para inaugurar, a cada dois meses, as suas novas mostras. As chamadas “Inaugurações Simultâneas de Miguel Bombarda ” são habitualmente aos sábado das 16h às 17h e a entrada nas galerias é livre, mas é preciso checar no site porque muda algumas vezes.
É claro que a cidade do Porto tem outros segredos que envolvem história, arte e cultura, mas não tem graça revelar todos, não é? Nem falei nada da Ribeira, lugar do agito noturno; da livraria Lello, inaugurada em 1869 e tida como umas das melhores do mundo; da francesinha, um sanduíche da região, com pão de forma, bife, linguiça, mortadela, salsicha, queijo e molho picante; e, por fim, das muitas caves do Vinho do Porto. Das caves só digo uma coisa: se partir para a degustação, lembre-se que são, ao menos, três taças de vinho em cada cave. Tome cuidado! Caso contrário, não existirão mais segredos revelados neste dia.
Foto do destaque: o interior da Casa da Música, por Pavel Krok.
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
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