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Bauhaus foi uma das escolas e movimentos artísticos mais importantes do século 20, unindo design, artes plásticas, artesanato e arquitetura de vanguarda na Alemanha. Catalisadora do modernismo na arquitetura, foi também a primeira escola de design do mundo.
Um dos principais objetivos e ideais da Bauhaus era unificar a arte, o artesanato e a tecnologia, valorizando a produção industrial, promovendo o uso de máquinas e aliando o uso de máquinas ao desenho de produtos em série. Isso era realizado através da experimentação prática das ideias e da realização de seminários e workshops, tidos como meio para a ampliação dos conhecimentos teóricos.
A vanguarda patrocinada pela Bauhaus era tamanha que, no início do século 20, ousaram criar cursos de arquitetura em que os estudantes assistiam aulas preparatórias, colocando-os primeiramente em contato com as propriedades das cores, materiais e formas, tudo com direito à muita experimentação. Ao contrário dos cursos tradicionais da época, história não fazia parte do currículo nos primeiros anos de aprendizado, evitando-se assim que os alunos fossem influenciados por padrões vindos do passado, já que um dos pilares da escola era impulsionar o processo de criação racional.
A escola foi fundada por Walter Gropius em 1919 na cidade Weimar, tendo se mudado para Dessau em 1925, após sofrer pressões político-conservadoras com a vitória dos nazistas nas eleições dos deputados do Parlamento do estado alemão da Turíngia.
Em Dessau, a escola funcionou até 1932, quando foi transferida para Berlim, onde finalmente foi fechada em 1933, logo após a ascensão dos nazistas ao poder, tendo sido reaberta apenas em 1986. Durante o período de 7 anos em que funcionou em Dessau, a Bauhaus foi dirigida por Gropius, Hannes Meyer e Mies van der Rohe e teve nomes como Josef Albers, Paul Klee, Piet Mondrian e Wassily Kandinsky, só para citar alguns, entre os membros de seu corpo docente.
O regime nazista, opondo-se a todos os grupos que não seguiam sua orientação política, acreditava que a Bauhaus era um centro da intelectualidade judaico-bolchevique, já que muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam na escola. Afirmavam ainda que o modernismo propagado pela Bauhaus era “anti-germânico”, produzindo apenas “arte degenerada”.
Mesmo com o fechamento da escola, seus ex-membros continuaram a divulgar seus ideais estéticos, pois muitos deles deixaram a Alemanha e ajudaram a desenvolver as artes e a arquitetura de outros países da Europa, Estados Unidos e, mais tarde, Brasil e Israel.
A cidade de Dessau foi quase totalmente destruída pelos bombardeios dos Aliados em 1945, incluindo o prédio da Bauhaus, concebido por Gropius e que foi parcialmente devastado. Com o fim da guerra e a divisão do território alemão, Dessau passou a fazer parte da Alemanha Oriental, que, somente em 1976, iniciou o processo de restauração do prédio – seguindo as diretrizes do projeto original – pois os comunistas passaram a se dar conta da importância do movimento Bauhaus, abrindo caminho para sua exploração com fins políticos.
O prédio que abrigou a escola Bauhaus é hoje a sede da Stiftung Bauhaus Dessau, a Fundação Bauhaus Dessau, criada em 1994, após a restauração completa de suas instalações, e é dedicada à preservação do rico legado deixado pela escola.
Com mais de 26 mil objetos, a fundação abriga a segunda maior coleção mundial relacionada à Bauhaus. Grande parte do acervo pode ser visto na exposição permanente, que inclui obras do período compreendido entre 1925-32, e também nas exposições temporárias. A fundação oferece ainda programas como o Bauhaus Lab 2016, uma série de cursos interdisciplinares voltados a arquitetos, urbanistas e designers, além de cursos de verão.
De Berlim, a melhor opção para ir a Dessau é pegar o trem partindo da Hauptbanhof, a estação central da cidade. A viagem dura cerca de 1h30 e o bilhete custa a partir de 20 euros, dependendo do período de antecedência da compra. Uma alternativa ao site da empresa alemã de transportes ferroviários Deutsche Bahn é o site L’TUR, que muitas vezes oferece tarifas bem mais em conta.
Em Dessau, a estação de trem fica a apenas 10 minutos a pé do prédio principal que abriga o museu.
O museu fica aberto diariamente das 10h às 17h.
O ingresso, com direito à visita a todos os prédios que fazem parte da fundação da Bauhaus, incluindo as exposições temporárias, custa 13 euros, e a visita guiada, 5 euros.
O museu fica aberto das 10h às 17h, todos os dias.
É possível visitar a maioria dos prédios no mesmo dia, mas, se você quiser conferir minuciosamente cada detalhe, a fundação oferece quartos simples e duplos, no prédio do antigo dormitório dos estudantes, por preços bem acessíveis, que vão de 35 euros (quarto simples durante a semana) a 60 euros (quarto duplo nos finais de semana). Os apartamentos são decorados em estilo Bauhaus e deixam todos os apaixonados por design de queixo caído. Confira mais detalhes neste outro post aqui do Chicken or Pasta.
Há muitos exemplos de prédios de “arquitetura Bauhaus”em Dessau e vários deles fazem parte do Patrimônio Mundial da UNESCO, com acesso ao público. O auditório, a sala usada por Gropius, o ateliê da artista Marianne Brandt e os dormitórios, porém, só podem ser vistos através da visita guiada, que acontece diariamente às 11h e às 14h, com horários adicionais nos finais de semana às 12h e às 16h.
Para ajudá-lo a desbravar todos os prédios, não deixe de baixar o app Bauhaus Guide, que inclui também os prédios em Weimar e em Berlim, como o Bauhaus Archiv Berlin, museu de design com coleções de objetos, móveis e documentos relacionados ao movimento.
Veja abaixo a lista dos prédios a serem visitados:
Bauhaus Dessau Museum: prédio projetado por Gropius, usado pela escola, e que hoje abriga a coleção permanente do museu;
Masters’ Houses: série de casas também desenhadas por Gropius para servir de residência a outros mestres que lecionavam na escola, como Kandinsky e Klee, além do próprio Gropius;
Törten Estate: prédios residenciais projetados por Gropius, como protótipo de moradia moderna;
Steel House: a casa, concebida em metal pelos arquitetos Georg Muche e Richard Paulick, tem acesso ao público apenas em visitas guiadas;
Housing with Balcony Access: o prédio de apartamentos, projetado por Hannes Meyer, foi destruído durante a guerra e hoje encontra-se restaurado;
Fieger House: hoje é propriedade particular e apenas sua fachada pode ser vista da rua,
Kornhaus Restaurant: aberto em 1930, o restaurante tem vista para o rio Elba, aliando a beleza da construção com a reserva ecológica de seu entorno.
Imagem destaque: Wikipedia
No seu aniversário de sete anos, ganhou um globo terrestre e pouco depois já sabia (quase) de cor o nome das capitais dos países do mundo. Ainda não conheceu a Ásia e a Oceania, mas mudou há cinco anos para Paris e mora há dois em Berlim. É péssimo em senso de orientação. Sempre acaba se perdendo nas ruas transversais e achando aquele café ou loja que você vai ver indicado na edição de um guia de viagem só no ano seguinte.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.