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24hs em Salvador

Quem escreveu

Renato Salles

Data

13 de January, 2016

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Salvador foi a primeira capital do Brasil Colônia e também a primeira da República. É uma das mais antigas cidades da América e foi palco de muitos eventos importantes da história do nosso país. Tem um conjunto impressionante de arquitetura colonial que vai do século 17 ao 20, declarado Patrimônio Mundial da UNESCO em 1985. Na cidade, existem nada menos do que 372 igrejas católicas, muitas delas no mais impressionante estilo barroco. Mas também é berço do candomblé, e os orixás estão por todos os cantos. De lá saíram manifestações culturais únicas como a música derivada dos rituais dos escravos e a culinária baiana. Hoje quando pensamos em Bahia, pensamos no longo e lindo litoral do Estado. Mas com um currículo desses, não dá para deixar de passar pelo menos um dia nesse lugar tão fascinante na próxima visita. Dá para fazer muita coisa em 24 horas lá, quer ver?

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Manhã

Se tem uma coisa que pega na Bahia é o calor, então o melhor a fazer é bater perna pela manhã, quando ainda está mais fresco. Ótimo horário então para conhecer o centro histórico, começando pelo Mercado Modelo, às margens da Baía de Todos os Santos. Esse mercado ocupa um prédio neo-clássico de 1861, onde antes funcionava a alfândega, tendo sido construído para ser um centro de distribuição de produtos agrícolas. Hoje lá tem, além de dois restaurantes, mais de 200 stands de lembrancinhas, artesanato, artigos religiosos e todo tipo de bugiganga para levar de presente. Na frente dele está o maior símbolo da cidade, o Elevador Lacerda, que liga a cidade baixa à alta. O passeio em si não tem graça nenhuma, porque o elevador não é panorâmico. Mas custa meros 15 centavos, e é a forma mais fácil de chegar lá em cima. Fora que, chegando lá, a vista do porto, do mercado, e da baía é de chorar de linda. Se o calor já estiver pegando, aproveita que na saída do elevador, à esquerda, fica a sorveteria A Cubana Sorvetes. Os sabores variam todo dia, mas você pode escolher entre sabores exóticos como umbu, mangaba, whisky com chocolate e leite condensado com xerém de castanha de caju.

Seguindo, vá até o Largo Terreiro de Jesus. Nessa praça, dando um giro, dá para ver quatro igrejas: a Basílica de São Salvador, a Igreja de São Pedro dos Clérigos, a Igreja de São Domingos Gusmão e, ao fundo, o Convento de São Francisco. Isso sem falar nas lojinhas de roupas e joias, nos bares, e nos grupos de capoeira, que sempre estão por lá. Ainda é cedo, mas você tem que passar pelo menos para ver O Cravinho. Esse bar de cachaça tem várias opções da bebida com os temperos mais diversos, tudo armazenado em pequenos barris de madeira. E os mais corajosos podem se arriscar com uma que mistura todas, que fica no fundo do balcão.

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Da praça, indo pela Rua Alfredo de Brito, você chega ao famoso Pelourinho. Esse largo de casinhas coloridas já foi cenário de um clipe do Michael Jackson, mas andou mal falado pela violência. Agora a região está bem policiada e dá para andar tranquilo. A maior construção do largo é a Fundação Casa de Jorge Amado, que tem um acervo grande de fotos, vídeos, objetos e relatos do escritor e de sua mulher, Zélia Gattai.  Dá para perder um tempinho lá dentro, até chegar a hora do almoço. Nada mais justo do que comer uma típica comida baiana. Ali mesmo no Pelourinho fica o Museu da Gastronomia do Senac, com um restaurante no andar de cima do casarão. É um sistema de buffet, com uma variedade enorme. Tem moqueca de camarão, siri catado, polvo, lula e arraia, vários tipos de cozidos como sarapatel, maxixada, quibebe e xinxim de galinha, entre muitas outras coisas. Custa R$54,00 por pessoa e é para comer até rolar. Ah, tem buffet de sobremesa também, visse?

Tarde

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Com a barriga cheia, não dá para agitar muito, então a melhor coisa é pegar um taxi (com ar-condicionado!) e seguir para o Solar do Unhão. Esse casarão do século 17 fica em uma posição privilegiada, em frente à baía. Depois de passar pelas mãos de muitas famílias latifundiárias, ele acabou virando hoje o Museu de Arte de Moderna da Bahia, depois de um projeto de restauro da arquiteta Lina Bo Bardi nos anos 1960. As exposições tomam a casa principal e a capela ao lado. Ao redor, o Parque das Esculturas tem obras de Carybé, Mario Cravo Junior, Siron Franco e muitos outros. E, no subsolo, os galpões foram transformados em oficinas e ateliês. Mas o mais bacana é o aqueduto, também no subsolo, que abriga um café bem charmoso, ótimo para tomar um drink olhando o mar. Se você olhar para o chão, vai ver os trilhos por onde passavam os carrinhos com mercadorias empurrados pelos escravos. E aos sábados, ali acontecem shows de jazz no fim de tarde e que costumam ficar bem cheios.

O fim do dia está chegando, então dá para aproveitar que refrescou para dar mais uma caminhada. A orla da Barra foi recentemente reformada, e agora virou um calçadão bem largo, com muita gente andando de bike ou skate, correndo, ou observando os surfistas na Praia do Farol. Na ponta do calçadão, chegamos à entrada da baía, onde fica o Forte de Santo Antônio da Barra e o Farol da Barra, o mais antigo do continente. As construções ficam bem na ponta da pedra, que tem clima de Arpoador. Fica cheia de gente para observar o pôr-do-sol. É lindo e vale a pena.

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Noite

Já chegou o fim do dia e até agora você não comeu um acarajé sequer? Hora de resolver isso. Bora lá para o Rio Vermelho, que é onde você pode escolher entre os mais famosos: o da Dinha e o da Cira. Um acarajé não sai por mais de R$10, e é praticamente uma refeição. Como ninguém é de ferro, dá para pedir uma cerveja em um dos muitos bares em volta. Mas a noite ainda vai longe, então podemos seguir para o Espaço Cultural Casa da Mãe, ali ao lado, que além das cervejas, ainda tem música ao vivo. Cada dia rola um gênero diferente, indo do chorinho ao samba e passando pelo jazz. A casa ainda conta com uma carta de mais de 20 rótulos de cachaça. Depois de duas ou três doses, aposto que você vai dormir como bebê.

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Foto do destaque: Filipe Frazao / Shutterstock.com

Fotos do post: Renato Salles

Quem escreveu

Renato Salles

Data

13 de January, 2016

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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Comentários

  • Aaah, eu fui na casa de Jorge Amado, no Rio Vermelho (onde ele morou com a Zelia Gattai) e ADOREI . O jazz no MAM é bem gostoso mesmo.

    - Luciana Guilliod
  • Rio Vermelho é a Palermo soteropolitana.

    - Luciana Guilliod

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