Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A minha última ida à Veneza foi para visitar a Bienal de Artes. Separei 3 dias para a cidade, mas sinto que poderia ter esticado a minha estadia. A primeira vez que pisei em Veneza foi em 1997 e eu mal tinha lembranças de lá. Saí do aeroporto rumo ao meu hotel com a sensação de estar pisando numa cidade completamente desconhecida. A única lembrança que tenho da primeira vez que fui é que saí de lá sem vontade de retornar.
Veneza desta me vez me fisgou. Quer se apaixonar por Veneza? Leia o livro “Marca D’Agua”, de Joseph Brodsky, antes de ir, mas talvez você nem precise. Veneza é apaixonante mesmo com o bando de turistas que aparece por lá diariamente, desembarcando das dezenas de cruzeiros que ancoram na cidade.
Fiz uma seleção com os lugares que visitei na minha estadia de 3 dias, focando em arte que é, entre tantas coisas, onde a cidade se sobressai.
Em Veneza a boa pedida é se perder em seus canais e você vai se perder, não tenha dúvida. Aproveite para escapar um pouco da região central, onde os turistas se acotovelam até para andar. Não deixe de fazer um passeio de barco, mas fuja das gondôlas, a não ser que seja seu sonho de infância. Pegue um vaporetto, o transporte público veneziano, e passeie por dois ou três pontos para ver um pouco a cidade a partir do Grande Canal.
Eu pulei a visita à Basílica de São Marcos, pois não tenho coragem de enfrentar filas de horas, mas vale dar uma passeada pela Praça São Marcos, que é sim infernal com tanto turista indo e vindo, por isso prefira visitá-la antes das 8 da manhã ou após às 22h. Caso vá na hora de pico, a melhor vista para a praça é do café que fica dentro do Museu Correr, um ótimo lugar também para um café da manhã contemplativo. Ele é pequeno, charmoso e caro, mas valeu pela vista que oferece da praça.
Caso você adore viajar pelo tempo, visite o Museu Correr, o mais importante da cidade, que mostra como era a vida na época de glória veneziana, com acervo de roupas, trajes, acessórios, sapatos, objetos e até os quartos imperiais. É uma bela viagem no tempo, mas demanda tempo para a visita. O edifício também vale ser contemplado e ele abriga boas exposições temporárias. Caso tenha pouco tempo na cidade e goste mesmo é de arte contemporânea, simplesmente pule. Endereço: San Marco, 52. Horários: 26/3 a 31/10, das 10 às 19h (bilheteria fecha às 18h); 1/11 a 25/3, das 10 às 17h (bilheteria fecha às 16h). Ingressos 19 euros e 12 (reduzido)
A Libreria Acqua Alta é provavelmente uma das livrarias mais originais do mundo e, de acordo com eles, a mais bonita. Por lá se encontram livros novos e usados em diversos idiomas espalhados por todos os lugares, inclusive preenchendo uma gondôla em tamanho original e algumas banheiros. Caso esteja com tempo, não deixe de puxar papo com o dono Luigi Frizzo, que abriu a livraria há 10 anos. Endereço: Sestiere Castello, 5176/B, Veneza. Fica próximo ao Campo Santo Giovanni
Antes do almoço, passeie pelo Mercato di Rialto, considerado um dos mais melhores do mundo. Ele é um autêntico mercado veneziano e é por lá que os locais compram peixe fresco. Endereço: Campo della Pescheria, 30125 San Polo
Não deixe de visitar a coleção de Peggy Guggenheim, que foi uma grande colecionadora de arte do século XX. O acervo contém obras de Miró, Pollock, Salvador Dalí, Magritte, Yves Tanguy e Mondrian, só para citar alguns. Além do acervo fixo, o local também conta com exposições temporárias. Foi lá que a própria Peggy Guggenheim morou até abrir o palazzo ao público para compartilhar sua coleção de arte. O Peggy Guggenheim fica no bairro de Dorsoduro. Lá não deixe de contemplar o Jardim de Esculturas Nasher, logo na entrada. Endereço: 704 Dorsoduro, 30123, Veneza.
Na Punta, extremo leste de Dorsoduro, e a 5 minutos andando da Peggy Guggenheim, se encontra a Punta Della Dogana, galeria de arte que fica em armazéns construído no século XVII. O espaço foi todo renovado nas mãos do arquiteto japonês Tadao Ando. O prédio por si só já vale a visita. Além das exposições temporárias, a galeria conta com um acervo das maiores coleções de arte particulares dos séculos XX e XXI, com obras de Jeff Koons, Dan Flavin e Rachel Whiteread. Ainda tem um delicioso café e uma ótima livraria com uma bela coleção de livros de arte e arquitetura.
Aproveitando que está na região, não deixe de bater perna em Dorsoduro, um verdadeiro centro de artes e cultura. Confira o projeto Museum Mille, que traz um mapa de artes com as principais instituições culturais da área.
Antes de Milão ganhar a suntuosa Fundação Prada, Veneza já tinha uma para chamar de sua desde 2011. A fundação fica numa prédio construído entre 1724 e 1728. A programação cultural por lá retorna somente na primavera de 2016. Endereço: Ca’ Corner Della Regina, Santa Croce, Veneza.
À noite, um dos lugares mais legais para passear é o Campo Santa Margherita, onde os universitários locais costumam sair para beber. Por ali há bons restaurantes e osterias, inclusive eu tive um dos melhores jantares enquanto estive pela cidade, a Osteria alla Bifora.
Há bons cafés espalhados pela cidade, mas também é fácil cair num bem ruim. Aí vão dois imperdíveis:
O Caffè Del Doge é outro achado e frequentado por locais. Tem uma boa variedade de cafés, inclusive brasileiro. Neste já é possível sentar e tomar um bom café da manhã acompanhado de salgados e doces. Endereço: Calle dei Cinque 609 San Polo
O Torrefazione Cannaregio é um dos melhores e mais antigos cafés da cidade, fundado em 1930. É o único lugar a torrar café em Veneza e tem uma especialidade encontrada somente lá, o Café Remer, um blend de 8 tipos diferentes de grãos. Além desse, é possível experimentar vários tipos de cafés de diversas partes do mundo. Não tem lugar para sentar, mas não costuma ser cheio, apesar da localização. Endereço: Cannaregio, 1337, 30121 Veneza
Veneza é uma cidade extremamente cara e, apesar de ser Itália, é bem fácil errar o lugar para comer. Foi lá que comi o pior espaguete ao sugo da minha vida (e não entendo como erraram). Pesquisar antes de qualquer viagem é válido, mas numa cidade como Veneza é imprescindível. Mas também opções boas (e caras) não faltam. Provavelmente é em Cannaregio onde estão as melhores opções.
Algumas sugestões:
Osteria alla Bifora: comi um dos melhores espaguetes ao vôngole da vida, além de ter experimentado um ótimo peixe assado. O restaurante conta com bons vinhos a preços razoáveis. Campo Santa Margherita, 2930; tel: 041 5236119
La Bea Vita: Fondamenta delle Cappuccine, Cannaregio 3082; tel: 041 2759347
Osteria Ai Osti: Corte dei Pali Testori, Cannaregio 3849; tel: 041 5207993
Da Luca e Fred: Ponte delle Guglie, Cannaregio 1518; tel: 041 716170
Al Mercá para sanduíches e refeição rápida e barata: 213, Sao Paolo; tel 346 834 0660
Al Covo: Castello, 3968, Castello; tel: 041 522 3812
Riviera, caso queira um terraço com vista para o canal: Dorsoduro, 1473; tel: 041 522 7621 (sugere-se reserva)
Osteria L’anice Stellato: Fondamenta de la Sensa Cannaregio, 3272, Cannaregio; tel: 041 720744
Vino Vero para um aperitivo acompanhado de um bom vinho: Cannaregio, 2497, Veneza. tel.: 041 275 0044
Paradiso Perduto para um mix de frutos do mar, peixe e jazz ao vivo. Cannaregio, Fondamenta della Misericordia, 2540, Veneza. tel: 041 720581
E claro, não há como passar em Veneza e não tomar um dos seus famosos gelatos e sorveterias boas não faltam:
Gelateria da Nico, sorveteria adorada pela Penny Guggenheim e Angelina Jolie. Endereço: Dorsoduro, 922, Fondamenta Zattere, Veneza.
La Mele Verde, um dos melhores da cidade. Endereço: Fondamenta de I’osmarin Castello 4977, Veneza
Eu não explorei muito a vida noturna veneziana, mas há muitos bares espalhados pela cidade. Os dois melhores bairros para explorar a vida noturna são Cannaregio e o Campo Santa Margherita. Mas esqueça festas, não vai ser por lá que você irá encontrar as melhores.
Links para explorar um pouco mais a cidade:
http://myartguides.com/destinations/europe/italy/venice/
http://www.wanderarti.com/7-of-the-best-contemporary-art-galleries-in-venice/
http://www.italylogue.com/featured-articles/top-10-things-to-do-in-venice.html
*Foto destaque: Veneza por Pedro Szekely
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.