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A Andaluzia é uma das regiões mais espanholas da Espanha. Pode soar estranho falar isso, mas é que o país é uma colcha de retalhos formada por diferentes identidades culturais. Sabe todos aqueles ícones ibéricos, como flamenco, tourada, sangria e um catolicismo fervoroso? Pois é, em Sevilha tem tudo isso e muito mais. Por outro lado, é o lugar com a maior memória visual de que um dia a Espanha já foi Al-Andalus, árabe e colorida. E a capital disso tudo é Sevilha.
Passar 24 horas na cidade é um sacrilégio, porque Sevilha é cheia de personalidade. Mas se você tiver só esse tempo curto para explorar a cidade, alugue uma bicicleta (Sevilha é plana) e vá com todos os sentidos bem ligados.
A primavera é provavelmente a melhor época para visitar a cidade. O clima é ameno, o sol já brilha com força e, principalmente, as árvores de laranja amarga estão cheias de flor de laranja (azahar). O cheiro toma conta da cidade e o odor é incrível. Em todas as esquinas da cidade, há pés de laranja carregados, flores por todos os lados, o céu tem um azul intenso e as folhas das árvores são muito verdes. Para se apaixonar mais uma vez pela exuberância da natureza e perceber que, para se sentir bem, a gente não precisa de muito.
O Alcazar de Sevilha é uma dica óbvia e obrigatória. Compre online as entradas para evitar a fila, que é enorme. A arquitetura árabe impressiona e o jardim é maravilhoso: verdíssmo, florido e claro, cheiroso.
Na saída do Alcazar, há uns cantinhos especiais para visitar, como a Calle Judería, a Plaza de Doña Elvira e o Patio de las Banderas. Clima mágico total, para se sentir como um personagem de um filme em que o protagonista deixa tudo para trás e vai curtir a vida numa boa, sob o sol do sul da Espanha.
Sevilha é cheia de lojas antigas, onde o vintage é real e resiste. Uma rua para ver isso ao vivo é a Calle Sierpes. É a principal via comercial da cidade e, apesar das lojas de grandes cadeias terem invadido o lugar, é possível ver a Sevilha de antigamente em lugares como a Heladeria La Campana ou a relojoaria Enrique Sanchis. Outra curiosidade da rua é a a quantidade enorme de lojas que vendem abanicos (leques). Para se sentir na Espanha profunda.
Quer outra coisa espanhola de Sevilha? Don Juan, Carmen e Fígaro. O clima romântico-dramático da cidade fica por conta das rotas das óperas. Essas famosíssimas óperas se passam em Sevilha e a cidade tem vários lugares icônicos para visitar.
Outro ponto alto é a Plaza de España. Gigantesca, impressionante, nela há murais gigantes de azulejos que representam cada uma das províncias espanholas. Logo em frente fica o Parque de Maria Luisa, outro lugar lindo da cidade.
A cidade é bem original e cheia de personalidade, com seus monumentos, palácios árabes, casas brancas e amarelas (cores que dominam a cidade). Mas no meio desse cenário todo, existe o Metropol Parasol, a maior estrutura de madeira do mundo e super contemporânea. Dá para subir no topo dos 6 cogumelos gigantes e ter uma vista aérea da cidade. É outro lugar bacanérrimo em Sevilha.
A lista de coisas para ver já está gigante e se faltar tempo para visitar o bairro de Triana, vale um rolé pelo Paseo de las Delícias, à beira do rio Guadalquivir. Dá para ver Triana do outro lado. Não tive muito tempo para explorar esse bairro de que todo mundo fala muito bem pela fama dos bares. Mais um motivo para voltar à Sevilha.
Restaurantes e bares em Sevilha são imperdíveis e especiais. De tapas em botecos minúsculos, onde se come de pé, até restaurantes moderninhos, a cidade tem de tudo.
Um tipo de loja de comida tipicamente sevilhana é a Abacería. É um armazém com produtos em conserva, azeites…essas coisas bem espanholas. A mais famosa da cidade talvez seja a Antigua Abaceria de San Lorenzo. Passamos lá para tomar café da manhã, à maneira do protocolo local: café com leite, suco de laranja fresco e pão com tomate e presunto. Porções gigantes, preços amigáveis, serviço com sorriso e um lugar muito original. Esqueça a modinha dos cafés de decoração nórdica. A Antigua Abaceria de San Lorenzo é true.
Outro bar bem original é a Casa Morales. A comida é boa e a decoração é essa coisa maravilhosa e pitoresca da foto aí embaixo. Perto dali, existe outro bar mega tradicional e único, a Taberna Alvaro Peregil. Essa porta (o lugar é tão pequeno que fica complicado chamar de bar) serve pringá, o típico sanduíche local recheado com um mexidão de carnes, cozido por horas. Prove também o vino de naranja, outra iguaria sevilhana. Todos esses ficam na Calle Mateos Gagos, ao lado do Alcazar e da Catedral. Uma rua lotada de bares sempre lotados, como a Bodega Santa Cruz.
Saindo do universo ¨boteco para comer de pé com cerveja gelada e tapas¨, vá à Vineria San Telmo. Servem tapas criativas e fazem bem o tradicional da comida andaluza, como o delicioso salmorejo (gazpacho batido com pão, outro prato super andaluz). Essa dica da Vineria San Telmo eu consegui no grupo do Chicken or Pasta no Facebook, sempre com ótimas dicas.
O La Azotea está um nível acima, com tapas mais elaboradas e ingredientes de morrer, como esses carabineiros gigantes maravilhosos.
Para jantar, o ConTenedor é recomendadíssimo. O conceito é de slow food com ingredientes frescos e biológicos. O lugar não tem a vibe sevilhana tradicional de outros lugares desse guia, mas mesmo assim não perca. Com porções enormes, o arroz de pato crocante com cogumelos é um daqueles pratos difíceis de esquecer. O menu de sobremesas é de temporada e cheio de storytelling. O ConTenedor tem um laboratório de sobremesas chamado El Cubo e o biscuit glacé de piñones con crema de naranja, teja de romero y granizado de oloroso estava de la puta madre, como se diz na Espanha.
Quer saber como chegar a Sevilha? Saindo de Madri, é fácil chegar a Sevilha em menos 3 horas com o AVE, o trem de alta velocidade. De Barcelona, a viagem de trem demora 6 horas (com sorte), então o avião é uma opção melhor para quem está sem tempo. A Vueling faz o trajeto. De Lisboa, dá para ir de carro para Sevilha e a viagem dura mais ou menos 5 horas.
A Andaluzia tem fama de ser uma das regiões mais bonitas da Espanha. Com certeza, é das mais espanholas! E você, tem dicas de Sevilha para dividir? Porque, com certeza, vou voltar para explorar essa cidade maravilhosa outra vez.
Foto destaque: Sarah Galvão
A Sarah morou em 5 cidades diferentes nos últimos 9 anos, seja a trabalho ou no sabático que tirou em Barcelona. Na hora de planejar uma viagem, gasta 70% do tempo pensando onde vai comer, porém tenta queimar as calorias conhecendo as cidades de bike . Já teve que renovar passaporte por falta de espaço para novos carimbos mas ainda tem a África e Oceania como pendências.
Ver todos os postsSevilla é a cidade do meu coração. Estudei lá…para mim, Triana é um passeio indispensável. Além disso, existe um bar no centro, onde há shows de Flamenco…é um prédio bem antigo e tradicional, chamado “La Carboneria”. Vale a pena!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.