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Quando eu decidi vir ao Sónar Reykjavik, fui atrás de algum artista local relacionado à música que pudesse me dar dicas valiosas sobre o que fazer durante 12 horas na cidade. Acabei em contato com o Bardi Jóhansson. Achei o músico uma figura tão curiosa, que decidi também saber um pouco mais sobre o seu trabalho, que, de alguma forma, traduz para mim a cultura islandesa. Ele é uma dessas pessoas assim, incríveis e extremamente criativas, envolvidas com artes e que estão o tempo todo imersas em diversos (e distintos) projetos, fazendo com que você queira ser amiga delas para sempre.
Barði (ou Bardi) Jóhannsson é provavelmente uma das personas mais interessantes da Islândia. Mais conhecido no mundo pelo projeto “Bang Gang“, criado em 1998, lançou recentemente o ótimo “The Wolves Are Whispering“, depois de um hiato de sete anos do Bang Gang. O álbum foi muito bem definido por um jornalista como “Atmospheric Ghost Pop”.
A trajetória de Bardi começou cedo. Apesar de ter 40 anos, produziu a primeira música há quase 30 e não parou mais. Além do Bang Gang, ele também é parte da dupla Lady and Bird com a cantora e compositora Keren Ann e do projeto Starwalker, ao lado de Jean-Benoît (Air), com quem irá lançar um álbum em abril. Cada projeto é totalmente distinto do outro, o que o torna ainda mais interessante. O currículo é interminável: é multi instrumentista, compositor, cantor, jornalista, teve programa de TV e de rádio, trabalhou ao lado de vários artistas como o Daniel Hunt (Ladytron), com quem produziu a trilha sonora do filme “Would you rather” (David Guy Levy, 2012), produziu trilhas sonoras para diversos filmes, séries e campanhas publicitárias, incluindo Empório Armani, Citröen e Yves Rocher, fez curtas, desenhou roupas e, recentemente, produziu uma ópera, além de querer ter sido advogado.
Um super agradecimento especial ao meu grande amigo Daniel Hunt, que foi quem apresentou o Bardi para mim, fazendo esse papo rolar. E, de quebra, ele ainda deu dicas sobre o que fazer durante 12 horas em Reykjavik.
Aí vão algumas curiosidades sobre a carreira de Bardi. Entrevistar não é exatamente o meu forte, mas espero que gostem. E, para quem não o conhece, recomendo ouvir o último álbum do Bang Gang:
Além de fãs na Islândia e na Inglaterra, parece que o Bang Gang tem muitos fãs na China. Como isso aconteceu?
Quando tocamos pela primeira vez na China, não fazia ideia que tínhamos fãs por lá, já que eles tem sua própria rede social e as rádios não medem as reproduções ou vendas. Não sabia o que esperar. Mas, desde então, toquei lá algumas vezes e o público é incrível. São os melhores fãs, sempre com casa cheia.
Na sua agenda atual, há shows em Paris, em Istambul e no festival Secret Solstice, em Reykjavik. Tem algum outro festival e/ou show previsto?
Exato, tenho esses três shows planejados e mais nada no momento. Mas estou aberto a propostas interessantes. Estou tentando selecionar meus shows de acordo com meus interesses na cidade, com o local onde o show vai ser realizado e com o tipo de público.
Você já foi sondado para algum show na América Latina? E no Brasil? Já teve algum contato também?
Já toquei em muitos países, mas nunca na América Latina. No meu último álbum, eu tive dois vídeos produzidos por um diretor colombiano e ando sonhando em ir para lá.
O seu projeto Starwalker será lançado em abril. Você e o Jean-Benoît têm alguma intenção em se apresentar ao vivo?
Exato. Lançaremos o álbum Starwalker em 1º de abril. Nós já temos alguns singles editados e estamos esperando ansiosamente o lançamento. Caso tenha demanda suficiente, vamos fazer alguns shows. Por enquanto, temos apenas shows marcados em rádios.
Você acabou de lançar o álbum “The wolves are whispering” e, em breve, haverá o lançamento de Starwalker. Como conciliar os dois projetos simultaneamente?
É fácil ter tempo para dois projetos se você está trabalhando com alguém como o JB.
Você faz várias coisas diferentes ao mesmo tempo, o que é realmente incrível. Além da música, o que mais você curte fazer?
Eu gosto de me envolver em vários aspectos da música e do negócio. Na verdade, eu não faço muita coisa além de música e de passar o tempo com minha filha. Mas meu plano é fazer um pequeno desvio em 2016.
E há algo que você gostaria de fazer que ainda não fez?
Tantas coisas! Acho que tem muitas coisas que eu gostaria de fazer, mas agora é meio tarde para ser um advogado, um marceneiro ou um fotógrafo. Também me interesso por marketing e por tocar um negócio. Filme também me interessa bastante, além de jardinagem e de usar a minha serra-elétrica.
Você escreveu que 2016 será o ano de pegar uma carona no desconhecido e tornar nossos sonhos reais. Tem mais novidades vindo por aí esse ano?
Tem algumas pessoas que vão me fazer feliz nesse ano, mas a maioria ainda é segredo. Como trabalho, ainda espero lançar dois álbuns depois do Starwalker.
Você afirmou que não gosta de ópera, mas escreveu e produziu uma. Como foi o processo?
Eu gostei da minha ópera. Eu e a Keren Ann escrevemos essa peça porque queríamos ter uma ópera legal de escutar. Normalmente os vocais são muito agressivos e ótimos para um background (como no fim da minha música Ghost from the Past). Fizemos uma ópera com humor, com uns twists meio estranhos e todos os vocais foram cantados em um coro suave.
Vamos ao clichê: a Islândia é um lugar realmente bem especial. Como a cultura e a natureza do país refletem no seu trabalho?
Acho que a cultura afeta minha música mais do que a natureza. O espírito de fazer as coisas acontecerem e o lema “nada é impossível” ajudam muito. Para a música clássica, acho que o “espaço” e a natureza da Islândia inspiram bastante.
A lista de artistas com quem você já trabalhou é incrível. Tem mais alguém com quem você adoraria trabalhar?
Jason Pierce (Spiriualized), Hope Sandoval (Mazzy Star) e Lana Del Rey
Uma curiosidade: como você conheceu o Daniel Hunt?
Há muito tempo, quando ele tocou na Islândia. Nós tomamos drinks e mais drinks. E repetimos isso algumas vezes, adicionando um pouco de música. Danny é um cara incrível, tem ótimo humor e é um artista talentoso.
Alguma expectativa de tocar no Brasil?
Está nos meus planos há anos, mas eu ainda não consegui ir. Espero que seja um daqueles sonhos que eu consiga realizar esse ano.
Almoço: Saegrainn (Sea Baron)
O sabor único da Islândia, com um pé na cozinha do interior. Comida crua com frutos do mar espetaculares.
Jantar: Tapas Bar
Lugar para um ótimo mix de pratos variados com menu internacional e uma boa dose de sabor islandês.
Compras: Asa
Joalheria localizada no centro, pertinho do Tapas Bar. Asa tem sua própria loja no mesmo espaço da sua oficina de trabalho, onde é muito mais bacana encontrá-la pessoalmente e ver sua linda coleção de jóias, que também está nas principais lojas de grife da Islândia.
Lucky Records
Loja de discos com uma extensa coleção de vinil. O staff é ótimo e a loja é super bacana.
Para inspirar: Listasafn Einars Jonssonar
Einar Johansson era escultor e um personagem bem estranho. É interessante perguntar ao guia do museu sobre todas as regras estranhas que Einar criou para o seu próprio museu, que foi também sua casa. Pioneiro da escultura no país, é possível ver suas obras espalhadas por toda Reykjavik. Curiosade: o artista ofereceu o seu trabalho aos islandeses para que pudesse financiar a construção da sua casa.
Para dar uma geral no visual: Barber
Este salão de cabeleireiro fica dentro do Hotel Alda na Laugavegur. Procure pelos proprietários Grjoni ou Villi, que vão lhe garantir um corte de cabelo incrível, além de ouvir piadas muito estranhas e histórias sobre eles ou seus amigos.
The Icelandic Phallological Museum
Nada incrível, mas é divertido você dizer que esteve nele.
Gróttu viti
Um bonito farol a alguns minutos do centro de Reykjavik. O lugar pode ser ainda mais bonito caso o tempo esteja bom. Os islandeses costumam ir para fazer caminhadas e os jovens estacionam seus carros, deixando você sentir cheiros estranhos vindo deles…
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsPassa no meu bar ” Kaldi bar” , melhor cerveja artesanal da ilha
aaah, dessa vez não rolou. Eu tenho um vício: não consigo sair do kaffibarin! hahahaha
Hahahhah lhe entendo super bem , boa pedida , e eles tem minha cerveja lá:) ,
Você é amigo do Rafa Pinho? Se for, a gente foi no seu bar, mas tava lotado e não entramos (porque se for você, você aparentemente não estava lá)
Hahaha , Mundo pequeno né? Sou eu mesmo.
A Islândia que é pequena :) na próxima eu vou conhecer. Bj
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.