Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Nunca entendi porque as pessoas preferem ficar em hotel, se é tão mais legal dormir com estranhos. Já compartilhei desde barraca na Islândia, quarto em resort de esqui em Cortina D’Ampezzo, veleiro na Tailândia, casas de sapé na Amazônia, a inúmeros apartamentos de locais por aí.
O turismo colaborativo é uma das indústrias que mais cresce em todo o mundo. A ideia é unir recursos subutilizados (casas, camas, carros…) a viajantes ávidos por um sabor da vida local.
Nem estão dispostos a compartilhar uma linguiça com batata no café da manhã com seu anfitrião alemão. Muito menos com cueca do super homem (sim, aconteceu). Mas as opções são tantas que hoje você decide o quanto quer realmente compartilhar, pode ser apenas um imóvel com uma descarga esquisita para chamar de seu.
Os sites fornecem opções gratuitas, pagas ou mesmo a troca do seu cafofo por outro além-mar. Que tal avaliar uma dessas opções antes de reservar seu próximo hotel?
Antes de todas as que você conhece por aí, nasceram os sites gratuitos. Feitos por voluntários, eles tinham como objetivo conectar viajantes com locais. O altruísmo é o mais lindo da história: não há troca monetária. É sempre de bom tom levar um presentinho ou convidar o anfitrião para um jantar, mas nem isso você é obrigado. Também não precisa necessariamente receber alguém em casa. O propósito dos sites é compartilhar experiências com uma diversidade de terráqueos que falam línguas esquisitas.
Nem tudo são flores: você também está sujeito as regras impostas pelo anfitrião: a casa é dele.
É muito importante olhar com muito mais cuidado o perfil de com quem você quer viajar, em geral os anfitriões são ótimos detalhando o que esperam de seus hóspedes. Quanto mais você pesquisar, maior a chance de você ter uma ótima experiência.
Se privacidade é importante, veja com cuidado qual a acomodação que você irá dormir: já houve situações que tive uma casa inteira separada, quanto outras que era esperado compartilhar a cama do anfitrião.
As experiências incríveis que tive são incontáveis. Tenho verdadeiros melhores amigos ao redor do mundo.
E outras (poucas) nem tanto assim: apartamentos com higiene abaixo de qualquer recomendação da OMS, ou um flerte bastante inconveniente do seu caridoso hospedeiro.
Mais do que em qualquer outra opção de hospedagem, é sempre importante ter um plano B. Em qualquer situação que o deixe desconfortável, tenha uma desculpa para pegar seu banquinho e sair de mansinho – como aquela vez que desenvolvi uma súbita alergia a periquito.
O mais famoso dos sites gratuitos, tenho um carinho especial por ter sido particularmente ativa na comunidade durante muitos anos. Confesso que meus anos de backpacking já se foram, e hoje em dia prefiro sites pagos a gratuitos. Mas, buscando com cuidado, encontra-se pessoas da sua trupe.
O HC é para quem é vintage no universo do turismo colaborativo. Fiquei muito curiosa ao receber minha primeira norueguesa em 2002. De lá já recebi até o Veit, fundador do HC e que inaugurou esse conceito mais de uma década atrás. Vale a menção honrosa ao site por ainda existir, e ter alguns membros ativos. Mas honestamente, as funcionalidades são tão antiquadas quanto o site.
Feito por voluntários desertores do Couchsurfing, quando a empresa fechou o seu ‘.org’ e virou ‘.com’. Politicagens à parte, há mais membros com o verdadeiro espírito da troca de experiências – mais muito menos opções de casas que o Couchsurfing.
Hoje em dia é minha opção favorita. A vantagem de pagar é que você, primeiro, tem certeza do que vai receber em troca. Pode fazer perguntas, e se seu anfitrião for um chato de galocha, deixá-lo a ver navios sem o menor peso na consciência. De outro lado, ele pode estar buscando só dividir o aluguel com alguém quietinho, e você toda serelepe querendo ensiná-lo a dançar samba e fazer caipirinha. Acontece.
Quando viajo com alguém ou estou disposta a mais conforto (e menos ‘experiências etnográficas’), prefiro alugar casas e apartamentos inteiros. Sempre que possível, busco algo típico da região que não encontraria fora: como uma casa-barco em Amsterdam, ou uma ‘shotgun’ (casa de madeira com todos os cômodos conectados) em New Orleans.
Olhar todos os comentários e reviews com atenção é sempre importante: os hóspedes em geral deixam mensagens positivas, mas uma ou outra referência ‘leve’ ao que encontraram errado: “ela não é tão no centro como descrevem, mas mesmo assim é fácil de chegar…. “. É importante ler nas entrelinhas.
Outra dica é olhar também o mapa da região. A própria casa que mencionei em New Orleans era exatamente como na foto, e ao lado do centro. Mas não vimos no Google Street View: e ficava em um bairro completamente destruído pelo furacão Katrina – sobrava a casa e alguns crackheads como vizinhos. Restou buscar outro AirBnB, e achamos outra shotgun com músicos, que nos levaram a todos os melhores shows da cidade.
Se conviver com os locais é o que você busca, não esqueça de ver os comentários para entender o quanto eles estão dispostos a conviver com você. Muitos são bastante amigáveis. Minhas duas semanas recentes em Paris não teriam sido tão legais se não fossem as orgias culinárias e discussões filosóficas regadas a vinho com o casal francês com quem morei. Até festa surpresa teve. Duvido que o Concierge do Hilton prepararia uma dessa.
A mais famosa das opções de turismo colaborativo, e sem dúvida a minha favorita de todas, o AirBnB inspirou o modelo de negócio para vários outros. Foi o melhor executor da ideia – seu portfolio é o maior, melhor, com atendimento impressionante para uma organização desse tamanho.
Tem desde aluguel de colchão de ar na sala a castelos ou vilas medievais inteiras, só para você. Depende do gosto (bom, e do bolso).
Esse é o site do TripAdvisor.com, mais focado em casas de veraneio e em lugares menos urbanos que o AirBnB. Bacana para procurar um lugar afastado para uma lua de mel, ou um lugar exótico com a família.
Essa é mais direcionada a pessoas que buscam hospedagem a longo prazo, como um curso ou como expatriado, por exemplo. Apesar disso, muitas delas abrem para poucos dias.
Até o site é parecido com o AirBnB, mas tem um portfolio maior em Nova York, cidade onde até o AirBnB é caro.
Outra que segue o modelo do AirBnB (porque dizer ‘cópia’ talvez seja politicamente incorreto para um blog). Como fica em Londres, ela é focada em apartamentos na Europa.
Como ficam em Berlin, tem bastante opções na Europa, mas também na Ásia não deixa a desejar.
Outra opção alemã (já viu que não faltam opções em Berlim, não)?
Essa é a melhor plataforma, além do AirBnB (claro), para encontrar hospedagem na Ásia.
Quem disse que turismo colaborativo é apenas para pé-rapados? Ao contrário, esse é exatamente para viajantes de luxo. Ele tem apenas propriedades incríveis, Vale só visitar o site e olhar…. olhar… sonhar…
O modelo é antigo, originário das épocas de classificados e pen-pals por correios. Com um empurrão da tecnologia, tem o melhor dos dois mundos: apesar de serem quase gratuitos, é bastante aceitável fazer a maior quantidade de perguntas possíveis antes de escolher alguém para ficar na sua casa.
A maior dificuldade é encontrar famílias ou pessoas que tenham a disponibilidade nas mesmas datas, e interesse no mesmo local que você mora. Ajuda se você morar em um lugar turístico: é mais fácil trocar uma casa em Bali por Rio de Janeiro do que São Paulo, por exemplo. Datas e destinos flexíveis aumentam suas chances exponencialmente.
Os mesmos truques que as demais são válidas: olhar com cuidado a reputação, e ter bastante contato para evitar possíveis psicopatas que farão churrasco com seu gato. (Atenção: esse exemplo é fictício – qualquer semelhança com fatos reais não passa de mera coincidência).
É a maior plataforma, você paga uma leve mensalidade e acessa todas as opções. Também pode haver taxas caso você encontre alguém para efetivar trocar de casa realmente.
Apesar do nome, a troca é apenas da casa mesmo. Leve seu marido/esposa junto com você.
A diferença dessa plataforma é que não é apenas uma troca quando os anfitriões estão de férias: você deve receber alguém enquanto está na sua casa. O mesmo é válido para seu anfitrião: irá recebê-lo enquanto estiver na casa dele. Se seu apartamento é minúsculo como o meu, talvez não é a melhor opção.
Especializado em famílias com crianças pequenas. É especialmente para aqueles que buscam uma babá de confiança (afinal, pais também merecem um pouco de férias).
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Quer saber mais sobre turismo colaborativo? O Travlpeer é incrível, e tem o diretório inteiro de websites para turismo, e de onde retiramos vários dos sites desse post.
Teve uma experiência incrível ou desastrosa com algum deles? Conta ali nos comentários que estamos ansiosos para ouvir suas crônicas!
Foto destaque: Shutterstock Copyright PathDoc
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.