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Pra começo de conversa, vamos deixar uma coisa claras: sou suspeita pra falar de Parati. Apaixonada pela cidade, tenho família e amigos que deixaram São Paulo e se estabeleceram lá. Pergunta se algum quer voltar? Nunca!
Uma das cidades mais antigas do Brasil, no meio do caminho entre Rio e São Paulo, berço da cachaça e marco inicial da Trilha do Ouro, Parati é uma cidade histórica como Ouro Preto ou Tiradentes, com a imbatível vantagem de estar na beira do mar. Suas ruelas de pedra resistem às cheias das marés há quase trezentos anos e hoje ficam lotadas de turistas em qualquer feriado importante.
Ainda bem que Parati não é só o centrinho histórico. As poucas praias perto da cidade costumam ficar cheias mas as opções de ilhas por perto são virtualmente infinitas. Para conhecer Parati é preciso arrumar um barqueiro (agências de turismo podem ajudar) e fechar passeios, de uma tarde ou dia inteiro, para cair no mar de tons verdes ou azuis.
Mais dicas de Parati no blog ParatyCool, que é escrito por um casal que escolheu viver na cidade, em inglês e português: http://paratycool.com.br.
A saída é de Parati-Mirim, que fica na direção de São Paulo e exige uma estradinha de terra. Mas nenhum tipo de obstáculo atrapalha um passeio nesse que considero um dos trechos mais lindos do litoral brasileiro. O Saco do Mamanguá é um extenso braço de mar que corre pra dentro das montanhas, um tipo de fiorde tropical. O mar é transparente, há incontáveis ilhas para parar e comer um pê-éfe de peixe ou camarões fritos e, com sorte, você pode até pedir pro barqueiro parar um bar servindo ostras frescas. O tempo é bom o ano todo, mas evite a temporada de chuvas para pegar as águas mais limpas. Passeios devem durar um dia inteiro e podem ser agendados em agências ou diretamente com barqueiros – no cais da Praia Grande, por exemplo.
Produzida e engarrafada em Parati, a cachaça da Maria Izabel é célebre a ponto de sofrer imitações. Mas estas não enganam a produtora, uma senhora de longos cabelos escuros que só anda descalça e consegue identificar sua cachaça só pelo cheio. A cachaça da Maria Izabel é um pouco mais cara (a garrafa custa cerca de R$80) mas tem fãs leais. Muitos deles conquistados com uns goles, ouvindo histórias de Parati e tomando goles de cachaças de diferentes idades, cores e sabores no próprio sítio Santo Antônio, perto do mar. A bela casa também aceita hóspedes.
Sim, é um quiosque de praia. Mas tem mais. Primeiro a comida, que é excelente: moquecas, frutos do mar muito frescos, iscas fritas e outras delícias praianas. Depois o local: um canto calmo da Praia Grande de Parati, que não é dentro da cidade mas é perto o suficiente para merecer uma tarde regada a sucos de frua, caipirinhas e petiscos. Terceiro: redes, para esperar a comida ou fazer a digestão ouvindo o barulho das ondas. Catarina, a dona, não raro recebe os clientes nas mesas, sombreadas por uma enorme amendoeira. Não deixe de comer o casadinho de camarão: dois camarões grandes fritos, unidos por farofinha de dendê.
Foto do destaque: Andre Dib via shutterstock.
Gaía Passarelli é paulistana de nascença, autora do livro "Mas Voce Vai Sozinha?"(Globo, 2016) e do blog How to Travel Light. Encontre-a em gaiapassarelli.com
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.