Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Aqui e ali alguém me pede dicas de Tóquio e mea culpa: esse artigo já deveria existir faz tempo! Antes tarde do que ainda mais tarde, aqui está a melhor maneira de homenagear: uma carta de amor por escrito de todos os momentos bons vividos. Esse post é um pouco isso e o outro tanto é em forma de declaração de amor. Como prefácio, digo aqui que essa viagem foi sem dúvidas a que mais me transformou e a que também deixou mais saudades na memória. Foi nessa viagem que deixei de ser turista e passei a ser viajante e em apenas duas semanas aprendi o suficiente para uma vida inteira.
Os seis meses seguintes após a viagem foram duros: passei a maior parte dos dias (e noites) procurando maneiras de como conseguir voltar, andando pelas ruas do Google Earth e imaginando a vida que teria lá. O tempo foi passando e anestesiando um pouco a obsessão que até hoje às vezes volta em forma de uma vontade louca de entrar no avião e acordar lá.
Antes de visitar Tóquio, tinha a impressão de que não gostaria. Nasci e cresci em cidade grande e conheço bem a cultura do caos e a opção por uma vida mais verde, tranquila e natural foi voluntária e consciente dos seus altos e baixos. Lição n.1 em Tóquio: a metrópole em questão, tem tudo isso. E não só isso, perdi até a conta de quantas foram as vezes que fui surpreendida por momentos de extrema paz , contentamento e quietude, bem no meio de aglomerações humanas como a do cruzamento mais movimentado do mundo. Onde mesmo cercada por centenas de pessoas – que não se encostam, nem se esbarram – na pressa das suas urgências, eu tinha o meu espaço respeitado e melhor: nunca precisei defender esse direito.
Sem falar na limpeza! Meu Deus, que cidade limpa! Juro que procurei persistente e inutilmente por um único chiclete grudado no chão… E que cidade linda! E louca! E sana ao mesmo tempo. São tantas tóquios dentro de Tóquio que você pode simplesmente escolher uma para cada dia da semana e ao longo de cem anos, ainda não terá usado todas.
Mas atenção: Tóquio não é um lugar para quem tem medo de gente. É um lugar para gente que tem necessidade vital de aprender alguma coisa, seja com muita gente ou sozinho. E tenho dito: quem não ama Tóquio, não entendeu Tóquio. Mas chega de dor-de-cotovelo, vamos às dicas.
* Todos os endereços podem ser encontrados neste mapa.
Separe 2/3 dias para curtir estas dicas.
Se você sempre as usa hashtags parque, jardim e verde assim que chega em alguma cidade, Tóquio é para você. Eu tive a maior sorte de chegar no primeiro dia da primavera, e poder assistir ao vivo e a cores o espetáculo das amendoeiras em flores no parque Ueno. Incrível fazer parte de um evento que representa tanto para a cultura local. Arigatou gozaimashita, Tokyo.
Outro highlight para quem adora verde é tomar um senchá na casa de chá nos jardins do parque Hamarikyu Gardens, um lugar lindo que transpira paz e beleza. Dica: fica pertinho do mercado do peixe.
Um parque lindo e pouco explorado pelo turismo é o Oifuto Central Seaside Park onde é possível participar de esportes, pescar, observar pássaros ou fazer picnic na grama ou na prainha e navegar o Rio Sumita no barco ultra futurista do Tokyo Cruise em um mini cruzeiro que dura aproximadamente 1h também é uma maneira de adicionar à viagem uma visão completamente diferente da cidade.
E para relaxar, as piscinas e termas naturais do Ōedo Onsen Monogatari são bem recomendadas pelos locais, mas infelizmente não é permitida a entrada de pessoas com tatuagens. Não cheguei a ser barrada no baile pois soube desse detalhe antes de ir, mas deixo a dica.
Separe 3 dias para assimilar esse bairro incrível.
Quando chegar o momento “chega de paz & amor, eu quero é ferver” entre no metrô, desça na parada Shibuya e se prepare para ficar-de-boca-aberta parte I logo na saída da estação, com o Tokyo Food Show que fica pertinho e é o maior e mais variado outlet gourmet da cidade – fica no subsolo da Tokyo Department Store (Dica: Experimente tudo que tiver escrito “edição limitada”), foi lá que eu descobri o chocolate Royce, devidamente comentado aqui no blog… Nem precisa fechar a boca, pois dali você já segue para uma visão única: a do cruzamento mais movimentado do mundo.
Poucos quarteirões de distância da T.F.S está o Shibuya109, um shopping mall com oito andares de lojas, com tudo que sua imaginação nunca sonhou existir, tudo que você vai precisar em 2066 ou simplesmente uma lembrancinha fofa para a bff que ficou do outro lado do Atlântico. Também ali do lado está a Center Gai, uma rua de comércio incrível, basta caminhar por ela, escolher um izakaya (barzinho em japonês) e chegar a seguinte conclusão: o loco meu.
E quando você pensar isso, caminhe mais 15 minutos a sul da estação (veja o caminho no mapa) para o verdadeiro oásis do bairro: são inúmeras lojas legais que reúnem todos os artistas independentes e subcultura de Tóquio. Nada aqui é iwannabe, da caneta ao sapato, tudo tem uma história e um motivo para estar ali. Das lojas que eu tive a oportunidade de conhecer, as mais interessantes são: a livraria Daikanyama Tsutaya, a Strange Store: uma loja de curiosidades na sala da casa do dono, a paradinha estratégica no café e restaurante orgânico Bombay Bazar para comer, rezar e amar pois tudo no menu é maravilhoso e muitas comprinhas na Hollywood Ranch Market e High Standard, duas lojas absolutamente essenciais para os amantes de brechó e marcas locais.
E por último, visitar o Sarugaku Mall, uma espécie de galeria com muitos designers e marcas locais, com estilo mais minimalista e sóbrio. Para saber um pouco mais sobre o bairro Shibuya clique aqui.
Separe um 1 dia para este roteiro.
Café da manhã: Seria impossível não começar o dia com os bifes de atum fresco do Toyosu Fish Market (o antigo Tsukiji Fish Market). E lá funciona assim: procure o quiosque com a maior fila na porta, espere, entre, coma, agradeça e saia fora. Não confunda sentar para comer com serviço de restaurante, em Tóquio essas duas coisas são bem diferentes e o que as define é o preço.
Almoço: Prepare o bolso (bem preparado) e vá sem medo para um dos melhores restaurantes da cidade: Les Créations de Narisawa. Aconselho a ler a filosofia do chef Narisawa Yoshihiro, antes de tentar uma reserva, que de preferência deve ser feita assim você comprar a passagem já que a lista de espera é de meses. Dica: é mais fácil conseguir uma mesa para almoço.
Jantar: O ideal é mudar bem o conceito e investir em algo completamente diferente, pois poucas seriam as possibilidades de conseguir algo mais sensacional que uma mesa no Les Créations de Narisawa. O Adding:Blue, restaurante da legendária Blue Note_Tokyo oferece um menu tão gourmet quanto musical e jantar ao som do melhor do jazz mundial (ao vivo), por um preço realista também é uma boa opção de como terminar o gourmet galore day da melhor forma possível.
Separe 2 dias para esta programação.
Eu gasto com arte, comida, livros e presente para os outros. Aqui e ali, com sapato, roupa ou com o visual. Mas cada um gasta do seu jeito… Além do que, gastamos de maneira diferente em cada fase da vida. Tóquio é daquelas cidades que você pode ter que vender a casa, o carro e o amado(a) para pagar a viagem. Mas também pode ser acessível e oferecer experiências valiosas dentro do budget. Se for gastar em “coisa”, sugiro uma visita ao Atelier Miharayasuhiro, com atenção a coleção de sapatos.
Se quiser investir em uma mudança de visual, o Sin Den é o melhor lugar para colorir ou cortar. Lá a maioria dos profissionais fala inglês e a dona é australiana. Eles são especialistas em transformar qualquer mero mortal (cof cof: turista) em um quase local. Se quiser investir no “emocional”, indico o Museu de Arte Contemporânea e a Zeit Foto Salon, a primeira galeria de fotografia com curadoria do pioneiro Etsuro Ishihara.
E se quiser investir numa noitada, vá para o theoneandonly club Air, a melhor opção para a uma despedida daquelas. Dica: por que não sair direto do after para o aeroporto, dormir 11+ horas no vôo e acordar em casa, sem saber ao certo se foi sonho ou realidade?
Imagem destacada * Shutterstock.com / Sean Pavone.
A Priscilla escolheu como mantra a frase de Amyr Klink: "Pior que não terminar uma viagem é nunca partir". Adora mapas e detesta malas. Não perde uma promoção ou um código de desconto e coleciona cartões de fidelidade. Nas horas vagas é diretora de arte, produtora de festas, dj e coletora de lixo nas ruas de Amsterdã. Escreve aqui e no www.almostlocals.com
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.