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Pyramiden, a cidade-fantasma soviética em Svalbard

Quem escreveu

Ola Persson

Data

03 de February, 2015

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Conheça a história de Pyramiden, Svalbard. Essa que já foi uma das cidades mais ao norte do mundo, hoje não passa de um fantasma vivo do apogeu vivido pela União Soviética.

Na (ex-)cidade de Pyramiden, o agrupamento urbano mais ao norte do mundo, o busto do Lenin vigia a praça principal. A cidade foi construída durante o auge da União Soviética e, aparentemente, foi abandonada de um dia para o outro. Na verdade, o abandono foi feito de uma forma planejada e durou alguns meses mas, por ser tão isolada, muitos objetos ficaram pra trás.

Lenin e a praça principal da Pyramiden, Svalbard. Foto: lukas.b0
Lenin e a praça principal da Pyramiden, com gramado importado. Foto: lukas.b0 (CC BY-NC-SA 2.0)

A história de Pyramiden, em Svalbard

Svalbard é um arquipélago do Oceano Ártico formado por ilhas que eram usadas para caça de baleias e morsas, e que não pertencia a país nenhum, ficando a apenas 1.000km do Pólo Norte. Em 1920 isso mudou e algumas nações, incluindo Noruega, Inglaterra e Estados Unidos, assinaram um tratado que deixou o arquipélago sob soberania norueguesa. O tratado dita que nem todas as leis norueguesas valem no país e que todos os países que aderiram ao tratado têm o direito de explorar as ilhas comercialmente. A Rússia e mais de 40 outras nações, incluindo Argentina, Chile e Venezuela, assinaram o tratado para poder também explorar a região.

Na época, a recém formada União Soviética e a Noruega foram as nações que mais aproveitaram a oportunidade. Em 1926, a Noruega estabeleceu Longyearbyen, que até hoje é a maior cidade de Svalbard, com cerca de 2000 habitantes. Já os soviéticos adquiriram em 1936 os direitos sobre os depósitos de carvão em Pyramiden e Barentsburg, um pouco mais para o sul. A Arktikugol, uma mineradora estatal, fundada em 1931, assumiu as operações.

A montanha que deu o nome ao lugar. Foto: Alex Justas / shutterstock.com
A montanha que deu o nome ao lugar. Foto: Alex Justas / shutterstock.com

Pyramiden, que significa Pirâmide em sueco, ganhou seu nome pela forma da montanha logo atrás da cidade.

O começo da existência de Pyramiden era modesto, quase sem residentes. Mas depois da Segunda Guerra Mundial, os investimentos cresceram, já que esse era um lugar que podia ser visitado por qualquer um sem necessidade de visto. A intenção era representar a sociedade soviética perfeita, servindo como uma vitrine para o bloco. As casas todas seguiam o mais alto padrão existente na URRS, contando com uma biblioteca grande, a melhor piscina aquecida do arquipélago, academia, e o grand piano mais ao norte do mundo, além de um bar entre outras coisas.

A cidade era quase auto-suficiente graças à terra importada do que hoje é a Ucrânia, usada para cultivar verduras em estufas. Tinha também criação de porco, gado e galinhas. Energia elétrica também era local graças ao carvão extraído.

O abandono da cidade

A mineração nunca foi lucrativa, sobrevivia graças aos subsídios do governo. Em 1991, quando a União Soviética quebrou, a grana foi gradualmente cortada. Os padrões de vida foram diminuindo junto com os salários. O lugar já não era mais tão atraente, e ali ainda aconteceu um acidente de avião em 1996, matando 141 pessoas, a maioria familiares dos trabalhadores, levando a moral que restava do lugar para baixo. Em 1997 começaram as discussões da mineradora Arktikugol para fechar Pyramiden, devido aos altos investimentos necessários para extrair o carvão mais profundo. Com a instabilidade econômica da época, não foi considerado viável manter a cidade e em 1998 a decisão de “abandona-la” foi tomada.

Foto: Sindre Espejord / shutterstock.com, Pyramiden, Svalbard.
Foto: Sindre Espejord / shutterstock.com

A última leva de carvão foi extraída no final de Março 1998 e os 300 trabalhadores presentes começaram a ser levados de volta para a Rússia ou transferidos para a mina em Barentsburg, também em Svalbard. O último habitante deixou a cidade em 10 de Outubro de 1998,  pouco antes do gelo chegar.

Pyramiden hoje em dia

Não tinha como levar tudo embora, afinal a cidade existiu durante 50 anos. Algumas máquinas foram transferidas para Barentsburg, mas muitas coisas ficaram para trás. Entre o que ficou, restaram 1.000 filmes e os objetos que faziam parte do pequeno museu da cidade.

Guia russo com rifle. Foto: Kitty Terwolbeck
Guia russo com rifle. Foto: Kitty Terwolbeck (CC BY 2.0)

Alguns prédios estão abertos para visitantes, outros estão fechados. Para visitar é indicado ir com um guia, pois é necessário levar um rifle caso você se depare com um urso polar no caminho, o que não é incomum. Para visita-la, a época correta é o verão, pois no inverno o sol não nasce durante 3 meses e o mar fica completamente congelado. Já no verão, o sol da meia noite está lá para ser aproveitado 24hs e as noites não existem.

Para quem quer visitar essa pérola soviética, o indicado é sair do Longyearbyen. A SAS tem vôos a partir de Oslo durante o verão, e a partir da Tromsø o ano inteiro. Para chegar a Pyramiden, dá para ir em excursões de barco entre o meio de maio e o começo de outubro, dependendo de quanto gelo do mar derrete naquele ano.

As empresas Polar Charter, Spitsbergen Travel entre outras organizam essas viagens. Também existem saídas de 2 dias por snowmobileSe você está planejando uma visita a Svalbard, considere tempo extra, pois o mau tempo pode impedir qualquer viagem por alguns dias. Afinal, lá é um pouco perto do fim do mundo mesmo.

* Foto destaque: Evaldas Liutkus, (CC BY-NC-SA 2.0)

Quem escreveu

Ola Persson

Data

03 de February, 2015

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Ola Persson

Viaja sempre com uma mochila com camera, laptop e kindle e uma mala pequena de roupas. Nela leva mais uma mala vazia que vai enchendo ao longo da viagem. Não é fã de pontos turísticos, não gosta de muvuca e foge de filas, mesmo que seja para ver algo considerado imperdível. Por isso nunca subiu na Torre Eiffel, mesmo tendo ido várias vezes à Paris. Acredita que uma boa viagem é sentir a cidade como morador. Tanto que foi pra São Paulo em 2008 e ainda está por lá.

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Comentários

  • Vc já foi lá?

    - Ana Paula
    • Não, mas está na lista de lugares que quero conhecer.

      - Ola Persson

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