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Uma das melhores parte de esquiar na primavera é o tempo. Até um picnic no meio da neve não só é viável, como mais gostoso. No Alpe D’Huez encontramos algumas pedras ao lado da pista para sentar, relaxar um pouco e comer um sanduíche com o sol batendo na cara. A qualidade da neve sofre um pouco, não vai ser powder (macia) até os joelhos, mas a neve quase derretida tem também o seu próprio charme. Outra coisa boa nessa época é que fica um pouco mais vazio (páscoa sendo uma exceção) não tem grandes esperas para subir nos teleféricos e nem gente demais atrapalhando nas pistas.
Em dias ensolarados e quentes durante a primavera, a neve derrete aos poucos, mas a temperatura despenca à noite congelando-a novamente. Pela manhã a neve está inicialmente macia para logo se tornar uma frozen margarita, na qual esquiar pode ser um pouco cansativo. A temperatura varia muito entre partes diferentes da montanha. É bom escolher a parte certa da montanha para cada hora do dia. Por exemplo, durante esses dias, no nível da base da estação é bem quente até meio dia, enquanto mais para cima, pode variar 12 graus a menos no mesmo horário.
Uma dos etapas do Tour de France passa pelas 21 curvas na estrada que subindo o vale entre as montanhas até a pequena cidade Alpe d’Huez, que além de ser receber o Tour de France funciona uma estação de esqui. O aeroporto mais perto é o de Grenoble, mas Lyon também é uma boa opção para chegar, só é um pouco mais longe para dirigir. Alpe D’Huez é uma estação alta, ficando a 1.800 metros acima do mar já na cidade. A área para esquiar é grande, em um dia só já é possível explorar uma parte grande suficiente do sistema de teleféricos para ter noção do que a estação oferece. É bonita e muitas das pistas mais no alto da montanha serpenteiam entre pedras e penhascos, passando a noção da grandeza das montanhas. Tudo é bem sinalizado, as pistas bem preparadas, há restaurantes e bares espalhados pela montanha para um pit stop para uma cerveja no sol ou para comer alguma coisa. Só senti falta de ter algumas opções mais no alto da montanha, pois praticamente tudo fica abaixo de 2300 metros. Quando está esquiando no Pic Blanc a volta para conseguir um café é grande, por exemplo.
Para iniciantes tem algumas pistas verdes na base, para quem esquia em pista azul tem caminhos extensos na montanha porem não no topo e quem já encara pista vermelha e preta não passa vontade, pois tem muita coisa pra fazer do outro lado do Pic Blanc, que fica 3300 metros de altura.
A cidade é cheia de lojinhas, restaurantes e hotéis. Cada esquina tem uma loja de esqui, a maioria com equipamentos para alugar, roupa pra vender. Nessa época do ano está quase tudo em liquidação. Curiosamente muitas lojas são de redes grandes (Skimium, Intersport e Sport 2000, por exemplo), cada um tendo várias lojas espalhadas pela cidade. Aposto que em qualquer momento você não estará mais do que a 300 metros de cada uma dessas lojas. Também tem teleféricos que cruzam a cidade, com paradas. Nunca é preciso andar muito entre hotel e teleféricos independente de onde se hospedar.
Como alugamos um apartamento (pelo booking.com no Le Printemps de Juliette), cozinhamos bastante em casa. O supermercado mais perto do nosso apartamento é muito bom, incluindo açougue e um balcão de só queijos (afinal estamos na França).
Na cidade só experimentei um de muitos restaurantes. O restaurante Au Montagnard, ganhou meu coração com atendimento incrivelmente simpático e comida saborosa. Curtimos grelhar carne diretamente na mesa, uma especialidade deles.
Passei por alguns restaurantes e bares para um café ou para tomar uma cerveja antes de sair da pista, eles são imprescindíveis depois de esquiar. A maioria deles são aconchegantes e alguns tem até lareira acesa. Há exceções, a estação tem uma vida noturna que começa cedo, ainda no meio da tarde, com DJs animando a galera que veio para festejar. Eu prefiro acordar cedo e ser o primeiro a subir a montanha, então só notei que existe e deixei a vida noturna de lado dessa vez.
Agora estou seguindo para La Grave com meu pai e meu irmão dar volta da La Meije, numa caminhada de subida e descida em montanhas de esqui. Longe das pistas e teleféricos levando umas 5 dias, experiência completamente nova para nós que praticamente crescemos com os esquis nos pés.
*Foto destaque: Dan Persson
Viaja sempre com uma mochila com camera, laptop e kindle e uma mala pequena de roupas. Nela leva mais uma mala vazia que vai enchendo ao longo da viagem. Não é fã de pontos turísticos, não gosta de muvuca e foge de filas, mesmo que seja para ver algo considerado imperdível. Por isso nunca subiu na Torre Eiffel, mesmo tendo ido várias vezes à Paris. Acredita que uma boa viagem é sentir a cidade como morador. Tanto que foi pra São Paulo em 2008 e ainda está por lá.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.