Os bairros alternativos de Buenos Aires

Recoleta, Palermo, San Telmo…provavelmente são esses os bairros que vêm à sua cabeça quando você pensa em Buenos Aires. Para se hospedar, esses talvez sejam os melhores mesmo. Porém, para desbravar a cidade, existem outros cantos bem mais interessantes em Buenos Aires. Bora?

Barracas

Esse bairro, que já foi chique no século XIX e depois virou área operária, há um tempo é uma das partes da cidade que estão bombando. Ao lado de San Telmo e La Boca, os antigos galpões perto do porto agora estão sendo convertidos em lofts bacanas.

A Calle Lanín, uma rua do bairro, começou a entrar no mapa por causa de um projeto do artista Marino Santa María e suas obras de mosaico por cima das casas. Com isso, outros projetos foram surgindo como a Pasaje Lanín, uma intervenção artística urbana. No paredão, que fica abaixo da linha do trem, vários quadros de artistas argentinos estão expostos.

Outra área bacana do bairro é a Avenida Caseros. Os prédios tem um estilo europeu, de quando o bairro era uma área abastada. Quando Barracas entrou em decadência, a avenida perdeu seu brilho. Em 2006, a área foi revitalizada e a Caseros virou um dos pólos gastronômicos mais quentes de Buenos Aires. Os restaurantes Caseros, Hierbabuena, Club Social Deluxe e La Popular de San Telmo são recomendados. Se for possível, sente em uma mesa na calçada para observar a vibe da Avenida Caseros. Depois, para a digestão, um passeio pelo Parque Lezama cai bem.

Colegiales

Esse bairro é bucolismo puro. Ruas de paralelepípedo, casas fofas, muitas árvores e paz total. Ou seja, nada turístico, super local. Colegiales é perfeito para desconectar, se inspirar e suspirar um pouco.

Antiguidades e Mafalda. San Telmo, certo? Nada, Colegiales! O Mercado de Pulgas de Colegiales é gigantesco e cheio de achados. Fica entre Palermo, Villa Crespo e Chacarita, bem fácil de encaixar em um passeio (vamos falar da Villa Crespo e Chacarita também aqui nesse post). Outro ponto curioso de Colegiales é que é o bairro da Mafalda e por isso, a Plaza Mafalda, feita em homenagem ao personagem, e também ao Quino, fica no bairro.

Para comer, o Loreto Garden Bar fica em uma casa bacana e conta com uma pequena varanda com mesas, num clima super relaxado. As saladas e sanduíches são ótimos. Também são recomendados o Cocina Sunae (restaurante asiático de portas fechadas), Buena Birra Social Club e o Astor, um bistrô argentino moderno que está dando o que falar. Quando bater aquela vontade de comer doces, o Les Croquants é a pedida. Os macarons são deliciosos.

Chacarita

Esse bairro tem um apelido engraçadinho entre os porteños: Palermo Dead. É porque o maior cemitério da cidade, o da Chacarita, fica na área. Juan Domingos Perón e Carlos Gardel estão enterrados lá, o que garante um bom programa se você curtir um turismo post mortem.  O bairro tem uma vibe bem parecida com o de Colegiales, com ruas de paralelepípedos, casas bonitinhas (porém mais detonadas que as de Colegiales) e uma calma enorme no ar. Uma dica: a parte bacana da Chacarita fica entre a Avenida Corrientes e a Avenida Córdoba. Abaixo do cemitério, a área é um pouco estranha e perigosa.

O maior mercado orgânico da cidade também fica na Chacarita, o Mercado Organico El Galpón. Só que aqui, a pegada não é nada hipster-fashion-saudável. O galpão é bem roots, os produtores locais colocam seus produtos à venda nas barraquinhas e o clima é o mais “agricultura true” possível. Para chegar ao galpão, você tem que passar ao lado de trens abandonados. Mas não se assuste, é bem tranquilo. Eu mesma fazia minhas compras no galpão, já que a Chacarita era o meu bairro quando morava em Buenos Aires.

Para comer, Chacarita tem opções bem interessantes. A Casa Felix é um dos restaurantes mais especiais da cidade. De portas fechadas, em uma casa cheia de charme e uma pequena horta, o ambiente é super acolhedor e a comida, com influências sul-americanas, é surpreendente. Só fica aberto durante a primavera e verão. Quando esfria, a Casa Felix se muda para Nova York.

Uma pizza bem famosa em Buenos Aires é o Imperio de la Pizza, também em Chacarita. Não morro de amores, pois acho a La Mezzetta, no mesmo bairro, bem melhor. A fugazzetta é bem caprichada no queijo e o ambiente é o mais original possível. Para um brunch ou comprar um ótimo pão, o Le Blé é recomendadíssimo e fica numa esquina linda no bairro. Para os vegetarianos, um dos meus restaurantes preferidos dessa categoria fica nessa área. O Arevalito (ok, fica em Palermo Hollywood, mas atravessando a rua, já é Chacarita) serve comida caseira, gostosa e bem barata. Ainda na pegada fofa e caseira que toma conta de Buenos Aires, o Masamadre serve comida saudável e vegetariana.

Villa Crespo

Tentaram mudar o nome da Villa Crespo para Palermo Queens para valorizar o bairro, mas que bom que não colou. Villa Crespo continua sendo um bairro com personalidade. Colado em Palermo, e por isso de fácil acesso, a área ficou famosa pelos outlets de marcas famosas (como Cacharel, Lacoste, Puma) e claro, muito conhecido pelos brasileiros que visitam Buenos Aires. Só que a maioria, depois das compras, já vai direto para Palermo para passear e comer. O que só algumas pessoas sabem é que a Villa Crespo é uma das melhores áreas para comer na cidade, além de ter diversos murais de street art super bacanas.

Minha parrilla predileta de Buenos Aires está lá, a simples Parrilla al Carbón. A carne é maravilhosa, mas não prove nada além disso. Outros restaurantes que deixaram saudades da época que morei na cidade: Sarkis (quem diria que na terra da carne, existiria um restaurante árabe tão maravilhoso?), Salgado Alimentos (massas caseiras e deliciosas em um boteco bacana), Café Crespín (não perca o brunch), Cantina Los Amigos (bar e restaurante argentino super tradicional e para quem é apaixonado por futebol), La Crespo (comida judaica caseira e deliciosa), Malvón (café com cara de antiguinho em uma casa linda). Já deu para ver que o bairro é um caldeirão cultural.

Para a noite, o Ocho7ocho e o Club Silencio (sim, inspirado no filme do David Lynch) são famosos pelos bons drinks e pelo ambiente de speakeasy, dark e misterioso.

E você?  Tem alguma dica de uma área bacana e pouco turística em Buenos Aires?