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Para quem não sabe o que é um falafel, ou nunca comeu, explico aqui rapidinho antes de partir para a eleição… Além de ser uma opção vegetariana deliciosa, essa fórmula que consiste em bolinhas (tipo almôndegas) de grão de bico fritas, dentro de um pão redondo ou wrap fininho, acompanhando salada e bastante molho, pode variar muito de país para país ou de restaurante para restaurante. A receita é de origem egípcia e bem popular nos países do norte da Europa (mas também na França) e foi introduzida pelos imigrantes árabes.
O falafel perfeito na minha opinião é servido no pão pitta de massa não muito grossa e aquecida, a fritura tem que ser crocantes por fora e macia por dentro sem gosto de cru e o molho tem que ter bastante sabor. Apesar de ter comido muitos faláfeis Europa a dentro, foi em Bilbao na lanchonete marroquina que fica ao lado do Guggenheim, que eu descobri o que eu considerava ser um falafel “perfeito”. Afinal, como você pergunta no supermercado se tem “queijo” sem saber que “queijo” existe? A resposta é ser pesquisador e sempre experimentar, o que também responde uma outra pergunta que é tão presente na nossa existência “onde conseguir o melhor de tudo”. Ah! Claro, o conceito de “melhor” é bastante relativo.
Uma das cidades que visitei com mais opções e variações no que diz respeito ao falafel foi Paris. A cidade é um paraíso para quem é apreciador dessa especialidade e sempre que vou por lá tento provar uma receita nova de falafel. Ao longo dos anos testei oito lanchonetes e uma délicatesse e escrevo a seguir a minha conclusão sobre onde comer o melhor falafel da cidade.
No Marais, o bairro hype de Paris está a Rua de Rosiers e é onde a batalha pelo título de melhor falafel da cidade é travada. Muito se fala do L’As Du Fallafel “o preferido do Lenny Kravitz” em Paris que é citado em todos os blogs e guias…
Pessoalmente, acho que o falafel do L’As é apenas ok. O pão pitta deles é branco (não oferecem versão integral) e servido frio, o molho é um tanto básico relativamente ao sabor, a pimenta (harissa) também é fraquinha e de bom mesmo só as almôndegas que são crocantes e macias (mas possuem mais condimentos que ervas) e é servido com beringela e batata frita. Parece bastante com os faláfeis servidos aqui em Amsterdã: bons mas sem nada de extraordinário.
Bem na frente do L’As está o Mi-Va-Mi, também muito conhecido e com longas filas na porta. Apesar do atendimento ser rápido, eu sou um ser que odeia filas e com tantas opções de tudo no mundo, lugares com filas já me tiram o apetite. O falafel do Mi-Va-Mi, apesar de muito bem apresentado e bonito, também é servido em pão frio e a harissa nem sequer tem gosto de pimenta. A parte boa é que os vegetais são de boa qualidade e isso influencia bastante no sabor. As bolinhas são inferiores em sabor se comparadas com as do L’As.
À esquerda, fica o King du Falafel, sem muita diferença dos dois primeiros e com apresentação parecida. Já que não há filas na porta poderiam servir o pão quentinho, mas não servem. O que gostei na receita deles é que o molho é realmente saboroso e abundante. A harissa também é ótima, apesar das almôndegas serem um pouco mais secas que os dois primeiros que acabei de citar. Mas já faz um tempinho que experimentei o falafel deles, por isso a receita pode ter mudado e melhorado.
À direita, em direção ao fim da rua, fica o Chez Hanna, que – se você pedir – aquece o pão (êeeeee!) e apesar de não ser tão “bem servido” e cheio de vegetais é bem gostoso. A mistura das bolinhas é mais leguminosa que condimentada. É um diferente bom. Sim, poderia levar um pouco mais molho e a harissa poderia ser mais puxadinha, mas isso é uma questão de gosto pessoal.
Conclusão: minha opinião é que o melhor falafel da Rue de Rosier é o do Mi-Va-Mi, servido como refeição ou Chez Hanna em forma de pitta.
Somente quando coloquei de lado as dicas (até já saturadas) e resolvi experimentar algo novo e guiada pelo “faro”, foi que descobri que existia um “melhor falafel de Paris”. Fora da rota turística, mas bastante popular entre os locais está a Rue Mouffetard (meio feira, meio rua), um lugar bem mais agradável e tranquilo que a Rue de Rosiers, com lojas maravilhosas e claro, uma banquinha de falafel que cobra apenas Eur-1,00 se você quiser comer sentado (detalhe: todas na Rue de Rosiers cobram pelo menos Eur-2,50 extra).
Dei a oportunidade de um lugar, indicado por um local, sem nenhum hype me surpreender com simplesmente o melhor falafel da vida. Esse falafel da Zamane (Rue Mouffetard) é servido em uma massa finíssima envolvendo as bolinhas, relativamente grandes mas fritas na medida certa e com sabor perfeitamente balanceado entre condimentos e ervas, hummus e molhos na medida certa, saladas e vegetais fresquinhos. Tudo isso servido em um wrap quentinho e crocante com harissa de verdade e a possibilidade de acompanhamento – buffet de vegetais ou batatas fritas.
Lenny Kravitz se você estiver lendo esse artigo, é o seguinte: fica um pouco fora da rota, mas vale mesmo a pena! Se joga que você não vai se arrepender. (Metro Censier-Daubeton)
Imagem destacada – Shutterstock.com (Copyright: funkyfrogstock)
A Priscilla escolheu como mantra a frase de Amyr Klink: "Pior que não terminar uma viagem é nunca partir". Adora mapas e detesta malas. Não perde uma promoção ou um código de desconto e coleciona cartões de fidelidade. Nas horas vagas é diretora de arte, produtora de festas, dj e coletora de lixo nas ruas de Amsterdã. Escreve aqui e no www.almostlocals.com
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.