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Já pensou em fazer um safari pertinho do Polo Norte?

Quem escreveu

Ola Persson

Data

12 de August, 2015

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Num mundo cada vez mais globalizado, é muito difícil ainda descobrir algum lugar de que você nunca ouviu falar. Spitsbergen, ou Svalbard (em norueguês), era um desses lugares pra mim. Tido como o lugar mais ao norte do planeta, Spitsbergen é um arquipélago povoado por noruegueses e russos, que compartilham a ocupação, e é um dos únicos territórios verdadeiramente internacionais do mundo. “Povoado” é um pouco exagero, pois são apenas 2 mil habitantes, todos trabalhando em minas de carvão, maior atividade econômica além de turismo. Completamente escuro nos meses de inverno, é exatamente o oposto no verão. O sol é da meia noite, uma e duas da manhã. Não se põe nunca de abril a agosto! O arquipélago é grande, são 600 km de norte a sul, e o meio de transporte mais utilizado são as snow scooters. É com elas que viajamos pelas “estradas” de neve que ligam uma vila a outra, e também cruzando os vales em off roads fantásticos!

Foto: Andre Lucchesi
Foto: Andre Lucchesi

A trip

Uma semana é o tempo ideal para visitar Spitsbergen. Pode-se dizer que é uma viagem exótica para aventureiros, mas também com bastante charme e conforto ao final de cada dia. Visitamos um local diferente todos os dias. A capital se chama Longyearbyen, é lá também o aeroporto. Tem voos diretos de Oslo todos os dias na alta temporada. A primeira parada é lá, no aconchegante Base Camp, hotel rústico e muito confortável, todo de madeira, bem estilo montanha – o que não é, de fato, pois estamos a nível do mar. Por incrível que pareça, o centro é movimentado, com bares, restaurantes, um supermercado e quatro hotéis.

A aventura começou no dia seguinte, quando alugamos as scooters. A primeira parada seria em Pyramiden, uma vila de mineração de carvão antigamente ocupada por russos, mas já desativada e abandonada desde 1998, o que é recente. Virou uma cidade fantasma, é realmente incrível passear por lá. Até chegar em Pyramiden rodamos uns 150 km, por estradas e vales com visuais espetaculares, as fotos dão uma ideia! O final do dia foi em um cabin do Base Camp, onde um chef mora lá durante a temporada, cuidando da casa, caçando, servindo e cozinhando para os hóspedes. Uma carne de caça e um bacalhau fresco foram servidos, acompanhado de muito vinho, perfeito para fechar o dia!

A média que percorríamos todos os dias para outras vilas e os pontos que visitamos ao longo da semana era mais ou menos o que andamos no primeiro dia, uns 150 km. Parece bastante, mas passa de maneira extremamente agradável com as paisagens fantásticas. No segundo dia atravessamos um vale e chegamos no lado leste da ilha, completamente remoto, de frente ao mar aberto, e ponto caseiro dos ursos polares. Realmente tivemos sorte, e cruzamos com 1 fêmea e 3 filhotes, experiência única com certeza – e tranquila também, pois o guia vai com espingarda, mas é muito raro precisar dela. Nós não precisamos!! Nessa “noite” acampamos por lá, não sem antes comer um belo peixe preparado pelo guia, que também é chefe!

Foto: Andre Lucchesi
Foto: Andre Lucchesi

O terceiro dia estava reservado para uma das experiências que eu mais estava esperando. Nosso destino era o Noorderlicht, um veleiro holandês que navega pelo Mar Ártico nos meses de verão, e depois se encaixa em uma baía até o mar congelar e ele ficar fixo, servindo de restaurante e hotel – fantástico! O casal que nos recebeu fica lá durante a temporada. E sim, claro que também tinha um outro chef e a recepção ficou perfeita. A última parada, no próximo dia, foi em Isfjord, uma antiga estação de rádio, hoje desativada, que virou hotel. O caminho até lá foi sem dúvidas o mais bonito da viagem, passando por vales, geleiras, montanhas, e chegando na estação que é a beira mar.

Foto: Andre Lucchesi
Foto: Andre Lucchesi

No caminho de volta a Longyearbyen, no último dia, paramos em Barentsburg, outra vila de mineração de carvão ocupada por russos, mas essa está ativa. Aproveitamos para tomar uma cerveja na cervejaria mais ao norte do mundo. Chegamos de volta no Base Camp cansados e em paz. A quantidade de paisagens espetaculares vistas nessa semana foi algo fora do comum. É possível apreciar essas paisagens e momentos de paz durante os percursos de snow mobile. Nosso guia se chama Odd Harald, ele é meu amigo e sócio, mora em Oslo e vai a Spitsbergen uma vez por ano há mais de vinte anos!! Conhece todos os cantos, todas as pessoas, e é a pessoa perfeita para liderar a trupe. A época boa de ir é sempre em abril ou maio, e é possível combinar com alguma outra parada na Escandinávia para quem tiver mais tempo.

Eu classificaria a minha semana em Spitsbergen não como uma viagem, mas com certeza como uma experiência de vida. Algo fantástico que me fez pensar em compartilhar isso com os amigos e com quem tiver interesse em fugir do lugar comum, e fazer algo realmente diferente, misturando conforto e alta gastronomia com muita aventura!

Airport 2

Texto e fotos: Andre Lucchesi

 

Quem escreveu

Ola Persson

Data

12 de August, 2015

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Ola Persson

Viaja sempre com uma mochila com camera, laptop e kindle e uma mala pequena de roupas. Nela leva mais uma mala vazia que vai enchendo ao longo da viagem. Não é fã de pontos turísticos, não gosta de muvuca e foge de filas, mesmo que seja para ver algo considerado imperdível. Por isso nunca subiu na Torre Eiffel, mesmo tendo ido várias vezes à Paris. Acredita que uma boa viagem é sentir a cidade como morador. Tanto que foi pra São Paulo em 2008 e ainda está por lá.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.