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Grécia: quando rola uma paixão

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

04 de August, 2015

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Prepare-se: esse é um post longo. Texto que no medium aparecia com bons minutos de leitura. Exagerei, mas foi difícil conter a minha paixonite pela Grécia, por isso me empolguei. E essa é só a primeira parte. No próximo conto mais sobre as 2 outras ilhas que conheci e meu encontro furtivo com Atenas, a qual eu não resisti em voltar para os braços.

A Grécia ocupou por muitos anos o meu imaginário. Na época eu era apaixonada por História e achei que seguiria a área, mas os ventos me levaram para outros caminhos. Aos poucos fui deixando a Grécia de lado e deixei de colocá-la nos meus planos pelo simples fato que todas as minhas viagens eram guiadas por cidades que refletissem um pouco a que vivo, São Paulo. Praia estava distante da minha lista por motivos óbvios e para mim, Grécia se resumia a isso.

Confesso que não tinha muitas expectativas além de praias lindas e paradisíacas, pôr do sol inesquecível e ficar sem nada para fazer. Durante as pesquisas de quais lugares visitar, eu vi que estava totalmente enganada. A Grécia tem sim muitas praias lindas e paradisíacas, pôr do sol de babar e te dá todo o tempo do mundo para ficar de pernas para o ar, mas vai muito além disso. A surpresa foi um soco na cara, mesmo acompanhando as viagens dos amigos para lá, lendo relatos, pesquisando a respeito. A natureza é toda esplendorosa, o mar é transparente como poucos, o calor (no verão) e o vento constantes, a simpatia dos gregos é deliciosa e a antiga cultura está enraizada onde quer que você pise. É uma eterna aula de história.

A primeira parada foi Atenas, que inicialmente não estava no plano. A ideia era nem passar por lá, de tanto que me falaram que não valia a pena, mas acabou sendo mais prático e barato por conta dos voos partindo de Milão, onde eu estava. A surpresa já começou no metrô ao sair do aeroporto. Estações modernas, trens ventilados e rápidos. Atenas me surpreendeu completamente. Apesar da crise, cheguei num domingo movimentado, restaurantes e bares lotados, ruas cheias. Descendo do metrô em direção ao hotel Tony (que eu super recomendo), onde ficamos, a surpresa já veio bonita: caímos na Rua Drakou, um calçadão cheio de restaurantes, bistrôs e bares, todos com decoração moderna, minimalista e aconchegante. Foi nela que comi um dos melhores hambúrgueres dessa viagem (e na lista consta o NYP, de Paris, considerado um dos melhores hambúrgueres da cidade). Nas ruas, oliveiras espalhadas por vasos e mais vasos, com “azeitonas” caindo de seus galhos.

Eu musando no Parthenon. Foto: Renato Salles
Eu musando no Parthenon. Foto: Renato Salles

Não há como ir para Atenas e não visitar a Acrópole. É parada obrigatória por mais óbvia que seja e por mais que a gente queira fugir de lugares turísticos. O lugar é de tirar o fôlego, tanto com as suas construções quanto pela subida íngreme debaixo de um temperaturas acima dos 30ºC. O parque merece toda a caminhada que você estiver disposto a fazer. É inacreditável ver tudo de perto. Construções imponentes, a maioria passando por restaurações (há mais de décadas e sem prazo pra acabar). O Partenon, construído no século V a.C. (!!!), arranca uma lágrima cheia de emoção. É assim, tudo lindo e emocionante o tempo todo. Aquele momento em que você pensa um pouco em nossa História e acredita que a Terra, outrora, foi habitada por extra terrestres, pois não há como não questionar: “Mas como levantaram essas colunas no ano 447 a.C.? Como fizeram isso? E aquilo?”. Tudo que um dia você já questionou, só que agora cara-a-cara.

Acrópole. Foto: milosk50. Cortesia: shutterstock.com
Acrópole. Foto: milosk50. Cortesia: shutterstock.com

O alto da Acrópole também oferece uma vista incrível da cidade cheia de altos e baixos, construções brancas espalhadas por todos so cantos, prédios e mais um monte de História, já que a cada ponto que você mira, você vê algum resquício arqueológico. De lá se tem também uma bela vista do anfiteatro Odeon de Herodes Ático, inaugurado em 165 D.C., e do Museu da Acrópole, com sua arquitetura moderna contrastando com todo o restante.

Foto: Renato Salles
Odeon de Herodes Ático. Foto: Renato Salles

Secadas as lágrimas, é hora de percorrer as ruelas charmosas e floridas abaixo da Acrópole. Extremamente turística? Sim senhor mas e daí? Eu estou em Atenas. Percorremos as ruelas, sentamos para uma cerveja bem gelada (a marca Mythos virou minha favorita) e andamos sem destino entrando e saindo de lojinhas, cafés, mercadinhos. No meio do burburinho da região de Plaka, não deixe de parar num charmoso mercadinho com curadoria de produtos feita com muito bom gosto e um atendimento super gentil, o Pantopolion, perfeito para uma cerveja artesanal e degustação dos melhores azeites gregos. Tem um “hipsterismo” solto em Atenas. Cafés e cervejarias artesanais modernosos surpreendem ao lado de restaurantes extremamente clássicos. Finalmente saímos do burburinho turístico e caímos num bairro frequentado pelos locais (por mero acaso). Eles estão sem dinheiro, mas estão na rua, bebendo, rindo e falando alto. Sentamos no meio deles num bar chamado six d.o.g.s., que passa totalmente despercebido, pois é uma portinhola escura que acaba virando um portal que te joga num belo jardim. E todos os jovens se viram bem no inglês, mais do que por aqui em São Paulo. Os velhinhos nem sempre, aí você apela pros sinais e Google Translator e dá tudo certo.

Nosso mercadinho favorito em Atenas, o Pantopolion. Foto: Renato Salles
Nosso mercadinho favorito em Atenas, o Pantopolion. Foto: Renato Salles
Eu no portal do six dogs. Foto: Renato Salles
Eu no portal do six dogs. Foto: Renato Salles

Os preços? Tudo justo, nada exorbitante. Cerveja a 4 euros, quando no restante da Europa você não paga menos de 6. Muito vinho local, a maioria razoável, mas nada dos deuses como o resto das experiências no país. Bebemos, jantamos, conversamos e sonhamos em ficar mais um pouquinho na cidade, mas às 5h30 da manhã o taxista nos pegaria no hotel para seguirmos para o nosso barco rumo a Santorini.

Santorini

O serviço de barco grego pode ser uma maravilha, mas pode ser ruim também. A nossa primeira viagem com a Sea Jets foi um tiro no pé por azar. Compramos “primeira classe” em barco rápido, que economiza 3 horas em relação ao normal. Ninguém nos avisou, sentamos numa primeira classe que não condizia com o vendido e sem lugar marcado, e viajamos num barco em “slow motion”. Fuja!

A primeira ilha escolhida foi Santorini. A próxima a gente não tinha ainda ideia de qual seria. Queríamos que a maré nos levasse e esse é um bom conselho para quem visita o país. Por lá pegamos um hotel baratinho, o Vila Anto, com vista para o mar, perto de do centro de Fyra, a cidade principal. O mar a gente via mesmo, pois o hotel ficava num bairro novo da ilha, porém a uns quilômetros à nossa frente com várias construções obstruindo a visão. Ainda assim super recomendo o hotel para quem quiser economizar na hospedagem. Os quartos são limpos, a cama confortável, a internet funciona que é uma beleza, o café da manhã é um pequeno banquete servido na varanda do quarto e o serviço é impecável.

Minha primeira vista em Santorini, em Fira. Foto: Lalai Persson
Minha primeira vista em Santorini, em Fira. Foto: Lalai Persson
Minha primeira vista de Santorini, em Fira. Foto: Lalai Persson
Minha primeira vista de Santorini, em Fira. Foto: Lalai Persson

A segunda descoberta foi que um quadriciclo (ou uma motoca) é indispensável nas ilhas gregas. Demorou até alcançarmos o primeiro restaurante, o Zafora, para finalmente eu ver a Santorini dos postais. Fiquei naquele estado catatônico “OH! OH! OH!”. Impossível não ficar chocado com tamanha beleza. A cidade fica no topo da ilha, mais ou menos 300m acima do nível do mar, com as casinhas brancas de portas e janelas azuis penduradas desordenadamente na montanha (ou seria penhasco?) e o mar azul, mas tão azul que dói os olhos, sumindo no horizonte. Alguns cruzeiros e barcos deixam a cena ainda mais bonita. Vou falar que eu mal consegui comer nesse primeiro almoço de tanto que meu queixo caiu. E eu não tinha visto nada ainda. O choque veio mesmo depois de encarar um busão lotado na corrida pelo pôr do sol perfeito (e concorridíssimo) em Oia. Nem em Ipanema ele é tão concorrido.

Eu no nosso quadriciclo. Foto: Renato Salles
Eu no nosso quadriciclo. Foto: Renato Salles

Funciona assim: o pôr do sol rola por volta das 20h30 no auge do verão, mas se você não reservou uma mesa num dos restaurantes ou bares que servem como camarote para assistir o sol descer no horizonte, você vai ter que chegar cedo pra achar um lugar numa mureta e não se cansar de esperar. Foi o que aconteceu com a gente. Achamos uma mureta ao sol, quase de frente para um mercadinho que tinha cervejas artesanais incríveis com preços decentes. Cervejinha, papo furado e horas e horas ali esperando. A dica é: almoce tarde como fizemos e reserve uma mesa para um jantar com pôr do sol pelo amor dos deuses gregos.

Repare na quantidade de pessoas penduradas para ver o por-do-sol. Foto: Renato Salles
Repare na quantidade de pessoas penduradas para ver o por-do-sol. Foto: Renato Salles

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O evento é uma comoção, só não rolaram aplausos. Mas uma maldita nuvem estragou tudo e o sol sumiu antes mesmo de se por. Primeiro pôr do sol em Oia: não rolou mesmo com a longa espera na muretinha.

Espertos que somos corremos atrás de um restaurante que tivesse mesa disponível para o dia seguinte e reservamos lugar no Ochre, um wine bar escondido, mas com uma vista espetacular. Vale cada centavinho de euro. Peça uma garrafa de vinho branco ou rosé ou champagne, frutos do mar ou um peixe assado e tenha seu fim de tarde de rei. Foi ali que finalmente fomos agraciados com tal espetáculo.

Nesse dia entendemos tudo sobre o famoso pôr do sol em Oia. Eu até chorei. É lindo demais. Ver o sol se pondo no mar já é lindo, imagina quando ele reflete o dourado nas casinhas brancas? Vê-lo em Oia está na lista: 100 coisas pra ver/fazer antes de morrer. Caso queira ter um momento ainda mais mágico, gaste uns euros a mais e se aventure para assistí-lo de um barco. Se ainda tiver mais euros pra gastar, não economize na hospedagem num hotel em Oia com piscina de borda infinita e vista para o mar.

Santorini é mais “ver” do que “fazer”. Não tem muita coisa além de casais em lua-de-mel, grupos de terceira idade e noivas coreanas correndo pelas ruelas em seus vestidos bufantes brancos. É tudo lindo e vale a pena, mas a vida mesmo por ali está no mar. Então contrate um tour de barco, vá mergulhar e se aventure na região, que tem ZILHÕES de ilhotas, incluindo uma vulcânica de areia preta, ou pegue sua motoca, marque as praias no mapa (você vai precisar dele) e passe um dia num beach hopping, que foi o que fizemos. Dividimos o dia em duas praias, Kamari e Red Beach, e dirigimos nas curvas muito loucas de Santorini (todas em U) com aquele cartão postal à sua frente o tempo inteiro.

Kamari Beach. Foto: Lalai Persson
Kamari Beach. Foto: Lalai Persson
Red Beach. Santorini. Foto: Lalai Persson
Red Beach. Santorini. Foto: Lalai Persson

Santorini foi bem mágica, já que foi a minha primeira ilha grega. As outras foram mais divertidas, mas Santorini ganhou 5 estrelhinhas no meu coração. Por isso insisto: viaje para a Grécia. #visiteagrecia

VISITE

*Foto destaque: Lalai Persson

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

04 de August, 2015

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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