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Chiang Mai: a rosa do norte da Tailândia

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

05 de February, 2015

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Chegamos na Tailândia uma semana antes do Natal com uma aula de culinária agendada para o dia 25.12 em Chiang Mai, o que pode soar estranho para quem sempre se acostumou a ter o dia de Natal como um dia sagrado para estar com a família numa comilança sem fim. A comilança de fato se manteve,  a família estava longe. No dia 24, dia em que chegamos em Chiang Mai, fizemos um esforço tremendo para nos levantarmos da cama pós-cochilo para jantarmos e celebrarmos a noite, em que no Brasil teríamos a tradicional ceia. Um ponto importante: os restaurantes além da fronteira de Bangkok fecham cedo, geralmente as cozinhas se encerram às 20h30. Por falta de pesquisa, seguimos a recomendação do hotel e fomos parar no último lugar que provavelmente queríamos ter nosso Natal sonolento: um restaurante balada com banda cover ao vivo.

No dia seguinte acordamos cedo para seguir com nossa professora chef Yui, uma simpática e risonha tailandesa, dona da escola Lot of Thai. Eu que não tenho qualquer desenvoltura na cozinha, me saí super bem ao preparar (e comer) um pad thai, um curry e uma tom yum. Assumo, sem qualquer modéstia, que meu pad thai foi o melhor que eu comi na viagem. A Yui trabalha apenas com ingredientes de primeira, é super paciente, tem uma cozinha super equipada para 10 pessoas. E a escola é uma das mais disputadas da cidade, por isso recomenda-se agendar a aula logo que decidir a viagem. O restaurante Obá trouxe a Yui duas vezes a São Paulo para criar cardápios especiais em comemoração ao ano novo tailandês. Ela é o máximo e logo mais aterrissa no Brasil novamente. Fiquem de olho!

A nossa incrível professora Yui, do Lot of Thai, passeando com a gente no mercado - foto Ola Persson
A nossa incrível professora Yui, da escola de culinária A lot of Thai, passeando com a gente no mercado – foto Ola Persson

Chiang Mai fica a 700km ao norte de Bangkok. Voando pra lá gasta-se 1 hora no máximo. É a segunda maior cidade da Tailândia, com uma população total na região de mais de 1,65 milhão, sendo 1 milhão vivendo na área metropolitana. Chiang Mai é chamada de “the rose of the north” e de fato é. Chiang Mai significa “Nova Cidade” tendo sido fundada em 1296. Em 2014 entrou para a lista dos 25 lugares para conhecer no mundo, do Trip Advisor.

Na 12ª lua cheia do ano no calendário tailandês acontecem simultaneamente 2 festivais que, provavelmente, são os mais lindos do mundo: o Festival das Lanternas e o Festival das Luzes. O primeiro é o Yee Peng, festival feito em homenagem ao Buda, em que as pessoas soltam lanternas para voarem o céu. Vimos rapidamente um ritual de luzes sendo lançadas no céu enquanto estávamos em Chiang Mai e já foi inacreditavelmente lindo. O festival Yee Peng tem duas versões: a oficial com os locais, que acontece junto com o Loi Krathong (Festival das Luzes), e uma outra edição uma semana depois para turistas, que custa USD100. O segundo festival, o Loi Krathong, é uma oferenda aos espíritos da água, por isso as luzes são lançadas no rio, criando um cenário incrível.

Khasathan festival - Chiang Mai - foto: 501room - shutterstock.com
Chiang Mai – foto: 501room – shutterstock.com –
Loi Krathong - foto Philip Hayward - flickr.com
Loi Krathong – foto Philip Hayward – flickr.com

Aqui tem um mapa para conferir os melhores lugares para assistir o festival Yee Peng em Chiang Mai:

Aliás, novembro é uma boa época para visitar a cidade, pois além desses 2 festivais, tem também outro festival de lanternas (menor), que acontece no Night Bazar; festival das cerejeiras e uma versão do Mardi Gras.

Chiang Mai é um arrego após a frenética Bangkok. Finalmente você se sente de férias, fazendo as coisas com calma e começa a relaxar, permitindo-se até a acordar mais tarde. O centro é extremamente turístico com hotéis, spas, restaurantes, bares e templos e turistas se acotovelando e disputando tuk tuk ou um espaço nos templos. Ainda assim é calma e com muita coisa para fazer sem pressa. Os templos são belíssimos e há um em cada esquina, somando mais de 200 na região. Um dos mais antigo deles, o Wat Chedi Luang, construído no século XIV, abriga um belo jardim em que os jovens monges ficam à disposição para um bom papo e boas risadas. Encontramos com certeza o monge mais risonho da nossa viagem, que nos contou sobre seu dia-a-dia, as saudades da família que mora longe e seus planos para o futuro. Foi uma ótima surpresa.

Ruínas do templo Chad Luang - foto: Sanmongkhol - shutterstock.com
Ruínas do templo Chad Luang – foto: Sanmongkhol – shutterstock.com

Os principais estão dentro da “cidade murada”, ou cidade velha. Ou seja, dá para visita-los a pé. Os que valem a visita (na minha opinião) são: Wat Chedi Luang, Wat Phra Singh Woramahaviharn, Wat Inthakhin (não é o mais visitado, é minúsculo, mas vale conferi-lo), Wat PA Pao, Wat Lok Molee, Wat Phrathat Doi Suthep, Wat Suan Dok e o meu favorito Wat Umong, que fica a caminho do Doi Suthep.

Chiang Mai não pára de crescer, grandes shoppings, como o modernoso Maya que tem apenas um ano de vida, e novos prédios não param de subir. Há uma área super moderna fora do burburinho turístico, que são os arredores da avenida Nimman, onde eu teria me hospedado caso tivesse a dica. A avenida é cercada de lojas de design, galeria de arte, cafés, bares e restaurantes modernos e charmosos. Todos nós nos derretemos por Chiang Mai e lamentamos ter apenas 5 dias na cidade, que também tem ótimos mercados para comprar todos os badulaques, que valem a visita: o Night Bazaar, o Saturday Market e o Sunday Market, o maior dos três, percorrendo 2km de rua.

Sunday Market - Chiang Mai - foto: 501room - shutterstock.com
Sunday Market – Chiang Mai – foto: 501room – shutterstock.com

A cidade também oferece bons restaurantes, além das várias barracas espalhadas pela rua, muitas oferecendo comida saborosa e bem-feita com preços justos. Nosso favorito foi o Peppermint, que fica escondido numa ruela muito simpática no Centro, é bem simples e tranquilo. A dona é uma simpatia sem fim e o menu é bem democrático, atendendo a todos os paladares, inclusive quem quiser mesmo comer uma boa pizza.

E não deixe de se render às massagens, há boas opções como a Khunkha, que fica na parte velha da cidade. Os mais aventureiros podem alugar uma motoca ou bike para ir até o Doi Suthep, que fica a 1.686m do nível do mar. São 16km separando o topo da montanha do centro da cidade, mas prepare-se caso queira encarar tal passeio, pois é subida (de carro leva-se cerca de 40 minutos, mesmo sendo tão perto). Não são poucos os que encaram. A gente arregou e acabou pegando um tuk tuk para levar e trazer a gente. Nesse passeio acabamos aproveitando para conhecer a galeria de arte Wattana, que fica no meio da floresta, ainda no pé da cidade. O nosso motorista não tinha ideia do que se tratava, o que já nos surpreendeu, pois a galeria aparece como a 3ª atração de Chiang Mai no Trip Advisor, deixando todos os templos para trás. Ao chegar no local, nos deparamos com ele fechado. Uma moça abriu a galeria para nós e logo fomos recebidas pelo dono e artista Wattana Wattanapun. A galeria fica num espaço bem moderno dividida em 2 andares e as exposições são todas de trabalho do próprio artista. Vale a visita, mas recomendo ligar antes avisando, pois ele pareceu um pouco aborrecido (apesar de ter sido super simpático) porque aparecemos de “surpresa”.

Wattana Art Gallery - foto Ojo Agi - http://www.ojoagi.com/blog1/2014/10/28/wattana-art-gallery
Wattana Art Gallery – foto Ojo Agi – http://www.ojoagi.com/blog1/2014/10/28/wattana-art-gallery

Outra atração no caminho a Doi Suthep que vale muito a pena a parada é o Wat Umong, construído há 700 anos, é cheio de histórias espalhadas pelo parque que o abriga. O lugar é de uma paz incrível, tem menos turistas e dá para ir fazer um picnic por lá. Além disso, o templo conta também com um centro de meditação, onde é possível fazer cursos de meditação de curta duração e trabalhos voluntários.

Wat Umong - foto: Angelo Giampiccolo - shutterstock.com
Wat Umong – foto: Angelo Giampiccolo – shutterstock.com

Tiramos um dia para visitar o imponente e impressionante  templo branco, o Wat Rong Khun, em Chiang Rai, propriedade particular de um milionário que o levantou com seu próprio dinheiro. O templo, que na verdade não chega a ser um templo, é permeado por referências de cultura pop, o que o torna ainda mais interessante. A visitação é gratuita, mas a viagem a partir de Chiang Mai leva cerca de 2:30 em 184km, por uma estrada sinuosa pelo interior da Tailândia. Se te oferecerem para conhecer o Triângulo Dourado, fuja! Fomos parar no Rio Mekong, que separa a Tailândia de Laos e Myanmar. Não deixa de ser interessante avistar os 3 países ao mesmo tempo, mas só vale a viagem se tiver bastante tempo sobrando (mas muito tempo sobrando), pois ela é cansativa e não há muito para ver.

Eu no White Temple - Chiang Rai - foto: Ola Persson
Eu no White Temple – Chiang Rai – foto: Ola Persson

As agências de turismo da cidade oferecem tudo que você possa ou não imaginar, porém pesquise bastante antes de fechar algo, pois tem muita roubada. Um passeio muito comum oferecido pelas agências de turismo são visitas à tribos das “mulheres girafas”, que lá são conhecidas como “long neck”. Acabamos optando em não fazer esse passeio, pois achamos um pouco incômodo pagar para ver “pessoas”. Esse turismo é bem controverso, especialmente porque o valor pago à agência de turismo (entre 8 e 16 dólares) não tem parte revertida para a tribo, que ganha apenas com a venda de artesanato que produz. Vale ler esse post que conta um pouco a história delas antes de decidir a visita à tribo. Caso decida fazer a visita, busque por agências que se comprometam socialmente com esse tipo de turismo.


Silent Hopes! from Zin Video on Vimeo.

Quer passar seu tempo com os elefantes de forma responsável? Em Chiang Mai há uma região que é habitat natural dos elefantes e de seus Mahouts, os responsáveis pelos animais. A maioria dos mahouts é hindu, tanto que os comandos para guiar um elefante é uma mistura de hindu e sânscrito. O elefante respeita o seu mahout e o segue desde muito cedo. Fuja de passeios em que os elefantes sentam, pintam, etc., pois são maltratados para isso. Há um santuário ao norte de Chiang Mai, o Baanchang, onde toda a verba arrecadada é revertida para compra de elefantes “domesticados” para que voltem ao seu habitat natural. É possível fazer trabalho voluntário de 1 ou mais dias para ajudar a tratá-los. Toso os voluntários usam roupa azul similar para que os elefantes não percebam a grande rotatividade de pessoas. Nesse trabalho você aprende a alimenta-los, além de também aprender comandos na língua dos mahouts. Esses elefantes não usam celas e nem cestos, é tudo o mais natural possível sempre com um respeito muito grande a eles. Aguarde por um animal brincalhão e inteligente. Chegará ao final do dia todo enlameado, descalço e sujo até o último fio de cabelo. O dia geralmente termina com um banho no rio junto com o seu elefante. O chuveiro? A tromba dele. Não deixe de comprar muito repelente para essa atividade. E reserve com muita antecedência caso esteja indo em alta temporada. Nós acabamos ficando sem essa experiência indicada pelo nosso amigo Samuca, que nos indicou o Baanchang.

foto: nattanan726 - shutterstock.com
foto: nattanan726 – shutterstock.com

Caso tenha chegado até aqui, a minha dica é: visite Chiang Mai. A cidade traz uma outra faceta tailandesa, diferente da vista em Bangkok ou em suas ilhas paradisíacas. Fiz um mapa com os meus lugares favoritos na cidade, para você aproveitar ainda mais quando for pra lá:

*Foto destaque – PHASAKORN – shutterstock.com

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

05 de February, 2015

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.