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A Turquia está na bucket list de muita gente: entre os vôos de balão da Capadócia e os temperos de Istambul, existe todo um país para ser explorado e não fica difícil entender o fetichismo. Se você já tem passagem comprada para aquele lado do mapa – ou mesmo se começou o seu planejamento agorinha -, já prepare tempo, energia e bons sapatos para fazer uma baita varredura pelas ruas de Istambul. A maior cidade da Turquia é a única planeta que se divide entre dois continentes e, não só por isso, ela merece pelo menos alguns dias para ser explorada.
Antes de mais nada, é importante saber que Istambul é a uma das cidades mais populosas do planeta, além de estar entre as mais visitadas. Em outras palavras: tem gente a rodo aqui. Juntando isso a um planejamento urbano questionável, a cidade se transforma em um labirinto com trânsito intenso e muitas, mas muitas buzinas, então escolher com sabedoria a sua hospedagem fica especialmente importante e pode ser a diferença definitiva entre conhecer a Turquia com o pé na calçada ou olhando pela janela do ônibus.
A cidade também tem um tamanho monstruoso e muitas boas opções para passar o tempo – e elas podem ficar bem diferentes de um bairro para outro. É como escolher se hospedar em Santa Teresa ou Copacabana, em Pinheiros ou na Mooca: cada canto pode te levar para um mundo completamente diferente. Por isso, preparamos um guia rápido pra te dar uma mão. We got you covered, então já pode começar a caçar a passagem. A gente se vê na Turquia.
Você vai perguntar para os seus amigos viajantes e eles vão ter falar que você precisa se hospedar em Beyoğlu. Você vai pesquisar no Google e ele vai ter falar que Beyoğlu é o lugar mais descolado de Istambul. Você vai encontrar hotéis, hostels e Airbnbs bem interessantes em Beyoğlu e tudo o que você pesquisou vai parecer ser verdade. E depois de te dizer tudo isso vai ficar especialmente difícil acreditar em mim, mas eu prometo que se hospedar em Beyoğlu pode virar uma enrascada sem precedentes. Isso porque o termo ‘Beyoğlu’ engloba uma parte BEM grande da cidade que, por não fazer parte da península histórica, é considerada mais cool. Ou seja: ao mesmo tempo em que você pode se hospedar em uma rua com galerias de arte e bares muito legais, também dá pra cair em uma rua super barulhenta com as baladas mais deprês do país. Quando procurar por hospedagem em Beyoğlu, busque por bairros e regiões específicas, como algumas das que a gente lista abaixo.
Pra não perder: Salt Beyoğlu, uma galeria de arte que, de brinde, tem a livraria mais legal da cidade. Cuidado pra não estourar o orçamento. Ali por perto fica o bar recém-aberto Dose, dividido em duas partes: na esquerda, uma cafeteria com muitas variedades de grãos e uma seleção incrível de livros para vender; na direita, um bar massa com preços bons e uma carta de drinks cheia de novidade. O atendimento nunca falha.
O que evitar: a Avenida Istikal, um trecho de quase dois quilômetros fechado só para pedrestes que, salvas exceções, é um prato cheio de armadilhas de turistas. A região em torno da Taksim Square vem no mesmo pacote, a não ser que você goste de baladas com toda aquela turistaiada American Pie.
Com cafés bonitinhos, bares legais e muita música boa, Karaköy fica bem na fronteira entre Beyoğlu e o Canal de Bósforo, que divide a Europa e a Ásia. As ruas são estreitas e arborizadas, o que faz com que Karaköy fique com uma cara bem diferente do resto da cidade (com um ar de Vila Madalena, é verdade). Os lugares legais são principalmente entre as ruas Mumhane e Necatibey – por ali, você consegue explorar tudo em uns 15 minutos. Depois, é só escolher um bar para tomar a primeira cerveja ou estender um pouco o passeio até o Istanbul Modern, que tem um acervo de arte contemporânea bem impressionante. De brinde, Karaköy tem o seu próprio porto, onde você consegue pegar uma balsa para chegar no lado asiático de Istambul (em só vinte minutos!), e fica pertinho do centro turístico para quando você quiser ver os prédios históricos magníficos da cidade.
Pra não perder: Dandin Bakery, onde você encontra os melhores doces do bairro.
O que evitar: entrar em algum lugar sem ver o cardápio antes, caso esteja procurando por cerveja ou drinks. O problema não são os preços, mas a falta de bebidas alcoólicas em vários lugares que você podia jurar de pé junto que eram bares. Cortesia de um governo islâmico-conservador.
Kadiköy e Moda são praticamente uma versão de Karaköy, mas no lado asiático – o que é muito, muito legal. Aqui a vida é um pouco mais tranquila que na Istambul européia, com ruas mais calmas e menos motoristas insanos, mas ainda assim não faltam opções legais de bares, cafés e restaurantes. O porto também fica pertinho, a uns dez minutos de caminhada, e é fácil chegar em todos os outros cantos da cidade, independente do continente – e de noite, quando os balsas já não circulam mais, dá pra encontrar táxis compartilhados baratinhos perto do porto. Pra experiência por ali ficar mais legal ainda, vale baixar o aplicativo “Street Art Istanbul” e criar seu próprio roteiro turístico.
Pra não perder: Walter’s Coffee Rostery, um café inspirado em Breaking Bad, e o clima delícia no gramadão de frente pro mar do Moda Parki.
A essa altura do texto já deve ser tarde demais pra parecer imparcial, então dá licença: EU AMO BURGUZADA. Primeiro porque ela é uma ilha e ilhas estão entre as coisas mais legais que existem, segundo porque, mesmo pertinho do centro da cidade, ela te leva para um outro universo. Burguzada é uma das Prince Islands, um arquipélago de outras nove ilhas que, no Império Bizantino, serviam de exílio para príncipes e princesas. Enquanto Buyukada, ali pertinho, se destaca como a ilha mais popular da região, é em Burguzada que você encontra o melhor conjunto para a felicidade: praias vazias, comida barata e paz. Boa parte das good vibes de lá vem da proibição de carros – os moradores precisam circular em bicicletas ou charretes (sim, CHARRETES!) para fazer as atividades do dia a dia. A maior dica aqui é: evite os fins de semana pra garantir a brisa.
Pra não perder: o restaurante Kalpazankaya, em uma rua sem saída, tem comida barata, muito espaço a céu aberto e passarinhos pra todo lado (eles tentam roubar a sua comida, as vezes, mas é mais fofo do que frustrante). Venha se o tempo estiver bom.
Dá pra se perder por horas nas ruas labirínticas de Balat e Fener, a parte mais roots de Fatih, longe dos pontos turísticos principais. O passeio é essencial principalmente se essa é a sua primeira vez em um país muçulmano, já que aqui, onde famílias mais antigas vivem, a religião é levada mais a sério. Prepare para ver casas interessantíssimas, mesquitas, feiras de rua e muitos hijabs. Nos fins de semana, você pode se juntar aos locais no Balat Parki, onde famílias se reúnem para churrascos e as crianças passam horas mergulhando no Golden Horn. De quebra, a vista para o outro lado da cidade é entre boa e ótima.
Pra não perder: a Mesquita de Yavuz Selim, definitivamente o ponto mais impressionante da região, e o café vegano Naftalin K., onde os gatos passeiam livremente.
Mais ao norte da cidade ficam Ortaköy e Beşiktaş, dois bairros que confesso não ter explorado muito. Enquanto dá pra dizer que Ortaköy é relativamente afastado do centrão da cidade, Beşiktaş está na ~boca do gol~, a uma caminhada de Taksim. Os dois parecem ter as suas próprias jóias escondidas, mas fiquei devendo o aprofundamento. Se sua agenda permitir, vá, explore, porque os dois parecem valer a pena.
Pra não perder: a galeria de arte contemporânea Ilayda Sanat, em Beşiktaş, e o café Grandma (esse aí da foto), em Ortaköy, onde você encontra uns doces que só por Deus Alá.
O Museu de Hagia Sofia, o Palácio de Topkapi, a Mesquita Azul, o Grand Bazar e a Cisterna da Basílica, alguns dos principais pontos turísticos de Istambul, ficam em Sultanahmet, a península histórica da cidade. Aqui, as ruas estão sempre cheias e os cheiros de temperos (que saudade!) estão em todas as esquinas. Vale visitar pelos monumentos, que precisam ser vistos de qualquer jeito, mas se hospedar por aqui me parece uma ideia terrível: os preços são altos, os restaurantes pouco autênticos e a idade média dos visitantes está em torno dos 55 anos. Venha passar um dia no bairro – ou alguns dias, se você tiver o pique -, mas procure refúgio em outro lugar.
Pra não perder: todos os pontos turísticos. Sério, todos. Pra mim, as mesquitas muçulmanas são mais bonitas e impressionantes que qualquer igreja (foi mal, Notre Dame!) e a arquitetura otomana é de arregalar os olhos. Vá fundo.
Pra evitar: a comida, as lojas – qualquer estabelecimento comercial, na verdade. Os preços são super inflacionados, por conta da demanda dos turistas, e a qualidade costuma ser bastante duvidosa.
Perto da Taksim Square, um lugar barulhento e cheio de gente, dá pra encontrar Cihangir: um bairro pequeno, mas com alguns dos bares mais legais da cidade. Com galerias de arte, cafés descolados, lojinhas legais e um parque delícia pra ver o pôr-do-sol, Cihangir tem tudo pra deixar sua viagem mais legal. Dizem que a boemia daqui encabeçou os protestos do Gezi Park em 2013, aqueles que começaram um baita fuzuê no mundo tudo (inclusive aqui, no Brasil, com as manifestações do Passe Livre e de outros movimentos). Caminhando pelo bairro, você pode dar a sorte de esbarrar em uma escadaria com uma vista linda do Bósforo ou encontrar uma galera legal bebendo na rua. Junte-se a eles.
Pra não perder: Susam Café, um bar-restaurante-café com boa comida, bons drinks, boa decoração, bom atendimento e bons preços. O Susam divide a minha preferência com o Cafe Lumiere, pertinho dali, que além de oferecer comida, bebida e azaração (brincadeira), tem um pátio bem bonitinho. Pra quem curte café, também vale visitar o Kronotrop.
O que evitar: as subidas e descidas do bairro, que são quase inevitáveis. Escolha seu percurso com sabedoria e não confie na rota do Google Maps: ele pode te levar pra subida mais íngreme da história.
As três coisas favoritas do Alex são música, comida e gin tônica. Obviamente, ele também gosta muito de viajar (mas quem não gosta?) e é um fotógrafo amador (mas quem não é?). Quando a inspiração aparece, ele relata suas experiências caóticas pelo mundo - desde uma dor de barriga em uma geleira islandesa até ficar sem-teto em Praga - no Dormi no Aeroporto - https://medium.com/dormi-no-aeroporto.
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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.