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5 vinhos brasileiros que você não pode perder

Quem escreveu

Paulo Salerno

Data

25 de July, 2015

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O vinho brasileiro mudou muito nos últimos 10 anos. Nada de produtores de vinho barato, sem qualidade, sem expressão, e sem vinhos de guarda. Hoje você já pode encontrar vinhos que não ficam a dever em nada aos bons rótulos do mundo. Ainda nos falta trabalho para podermos ter opções de longa guarda (20 – 30 anos), mas já é possível abrir bons rótulos nacionais e não fazer feio. Então vamos às minhas escolhas para fazer bonito.

Porém não vou escolher vinhos comerciais, que você pode encontrar na maior parte dos mercados ou em empórios. Vou indicar alguns que provei, que bebo regularmente e que venho garimpando nas minhas viagens pelo país. Espero que todo mundo tenha a chance de provar.

O Sangiovese de Lizete Vicari

O primeiro é um vinho feito na garagem da dona, que dá nome ao rótulo, em Imbituba (SC), um dos lugares mais improváveis para você poder pensar em alguém fazendo qualquer tipo de bebida. As uvas saem da Serra Gaúcha à noite, depois de colhidas no fim do dia, chegando no meio da madrugada para que o vinho seja feito. Você precisa vinificar as uvas o mais cedo possível, pois assim você garante a qualidade. O Sangiovese dela tem uvas que vem de Uribuci, na Serra do Panelão. Os vinhedos não são próprios, mas ela toma conta de como são cuidadas as vinhas e as uvas. Os cachos chegam refrigerados, são desengaçados, passam por 15 dias de maceração, e com apenas duas trafegas o vinho está limpo. É engarrafado no final do ano e pronto.

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É um Sangiovese fresco, que lembra um pinot noir francês, de tão suave. Já provei vários vinhos dela, alguns você precisa ter (muita) sorte para poder beber pois, por serem vinhos de pequena produção, às vezes são feitas no máximo 50 garrafas. A primeira vez que provei? Na própria garagem da Lizete na Praia do Rosa. São feitas entre 1.000 e 2.000 garrafas anualmente, dependendo da colheita da uva e do que é possível comprar.

O Moscato Giallo do Eduardo Zenker

Outro vinho que é feito na garagem em Carlos Barbosa (colado em Garibaldi, RS), pelo Eduardo Zenker da Vinhas da Loucura. Quando me falaram sobre ele, disseram “vai lá e prova o espumante”. Eu fui e provei o espumante, que eu gostei mas não achei nada demais. Em compensação, ele tinha uns vinhos brancos vinificados em laranja que eram de beber ajoelhado no milho. Lembrou muito um produtor italiano chamado Gravner que também produz um Moscato Giallo em laranja que eu tinha provado recentemente.

Moscato Giallo é o primeiro à esquerda
Moscato Giallo é o primeiro à esquerda

Os vinhedos são todos orgânicos e biodinâmicos, onde ele planta chardonnay e pinot noir. Ele também compra uvas de produtores locais, cujo tratamento das vinhas e das uvas ele acompanha. O Moscato Giallo é da linha Sui Generis Brasilis, que são vinhos brancos vinificados em laranja (processo em que a bebida é fermentada com a presença das cascas da fruta adicionando cor ao vinho branco) e aqui ele fica 8 dias em contato com as cascas. Um vinho muito aromático que me fez compará-lo com os melhores vinhos laranjas que eu já provei. Ele produz apenas 240 garrafas por ano.

O Chardonnay da Marina Santos

A Vinha Unna fica em Pinto Bandeira, em plena Serra Gaúcha. A Marina é mais uma vinhateira de garagem que faz seus vinhos com todo o cuidado. Ela faz umas 1.000 garrafas  por ano. Os vinhedos são próprios, orgânicos e biodinâmico. O chardonnay é vinificado com laranja, aqui em contato com as cascas por 28 dias. Toda a fermentação é espontânea, com as leveduras selvagens passando por duas trafegas e por fim passando por um estágio de 3 meses em barrica de carvalho. Quando eu experimentei, era ainda uma prova de barrica, então ainda estava turvo, não tendo recebido os toques da madeira, mas já mostrava bem ao que veio.

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De lá você também pode encontrar um pinot noir, um merlot, um cabernet franc, e um cabernet sauvignon de uvas passificadas e algumas coisas bem misteriosas que ela faz em pequena quantidade – perto de 50 garrafas ano – que são bem difíceis de conseguir.

O Pinot Noir do Mauricio Ribeiro

Mauricio é o dono e enólogo do Vinhedo Serena em Nova Pádua, a 750 metros de altitude, no Rio Grande do Sul. Ele faz um vinho, e apenas um vinho, o Serena Pinot Noir. O meu primeiro pensamento foi: ‘ousado, fazer Pinot Noir no Brasil! E só esse vinho!?’ A maior parte dos vinhateiros faz vários vinhos diferentes em pequena quantidade. Mas ele se concentra nesse rótulo, já que os vinhedos são próprios . Mas vamos ao que interessa: é um vinho biodinâmico, ainda feito a pisa, que vai fermentar por uns 10 dias, decantado por gravidade e curiosamente vai passar um longo tempo em barricas de carvalho (novas e usada de acordo com cada safra), de 11 a 18 meses.

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O resultado é um vinho que você jura que é francês, que não é brasileiro, que não veio de onde veio. O dia em que provei existiam 2 safras diferentes e é impressionante como cada uma delas tem sua tipicidade. E agora? Agora eu sigo voltando e bebendo sempre que consigo. Mas cuidado: apenas 1.800 garrafas são feitas anualmente.

O Cabernet Franc XVIII da Valmarino

Nossa, mas você falou de quatro vinhateiros de garagem com produção pequena e de repente você vem com um vinho de uma grande vinícola? Sim, claro que sim! Afinal são os vinhos que você não pode perder e esse vinho é imperdível. A Valmarino é uma vinícola brasileira de Pinto Bandeira (RS), com 16 hectares de vinhedos de várias uvas. Esse é um 100% cabernet franc. Conheci esse rótulo com o Valmarino X, sendo depois substituído pelo XIII e agora o XVIII. Ou seja, não é um vinho que é feito todo ano, só nos bons anos e sempre com 100% de cabernet franc. Em degustações às cegas chega a ser comparado com um Amarone italiano.

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O vinho é fermentado por 40 dias, sofre duas trafegas, depois passa mais 18 meses em barricas de carvalho francês com aproximadamente 30% do vinho não passando nas barricas. São feitas perto de 5.400 garrafas a cada safra.

*Foto do destaque: Shutterstock – Markus Mainka

Quem escreveu

Paulo Salerno

Data

25 de July, 2015

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Paulo Salerno

Paulo é carioca, está na turma dos "enta" e manda muito bem na fotografia a maioria inusitada. Funciona a toda velocidade, tem duas empresas, mulher, filho, amigos, mãe, pai, celerados e gente de todo tipo a sua volta o tempo todo, entre os quais divide a sua atenção do jeito que dá. Adora quadrinhos, mangás, livros, música alta e tudo mais que lhe prenda a atenção e ajude a compor seu universo imaginário. É chegado em moda, vinhos, culinária, cachaças, champagnes e filmes, filmes e mais filmes.

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