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Lugares proibidos sempre habitam nosso imaginário. Coréia do Norte está com certeza no topo dessa lista, já que é uma odisséia inimaginável conseguir visitar o país.
Li dois relatos completamente distintos de pessoas que visitaram a Coréia do Norte. A primeira foi a Juliana Cunha, que diferentemente da maioria, conseguiu viajar por lá sem um guia a tiracolo. Ela viajou com um amigo diplomata, não precisou ficar hospedada em um hotel, pode visitar “mais ou menos” os lugares que quis e até email conseguiu enviar, que como ela mesma disse “é o luxo do luxo”.
O segundo foi o pessoal do “Não conta lá em casa”, que detalharam como funciona uma visita “normal”. Tiveram o visto aprovado e do início ao fim da viagem tinham dois guias a tiracolo desde o momento em que saíam do quarto do hotel. Eles tinham cada passo dado controlado, além de também receber informações sobre o país totalmente controladas, que sempre mostravam um país perfeito, o qual sabemos que está longe de ser.
Na época em que li ambos os relatos, minha curiosidade saltou ainda mais sobre esse país. Não está ainda no meu top 5 lugares para ir, pois algo que gosto muito nas minhas viagens é justamente a liberdade de ir e vir. Porém, ando cada vez mais curiosa com culturas mais fechadas, que trazem outros tipos de reflexões para as nossas vidas. Mas para isso, eu preciso começar a me exercitar, pois é a viagem é completamente outra.
Por isso esse vídeo “Enter Pyongyang” me impressionou tanto. Primeiro porque ele dá uma visão mais clara de como é Pyongyang, capital e a maior cidade da Coréia do Norte. O vídeo é um belo time-lapse produzido em conjunto com a Koryo Tours com o inglês Rob Withworth. Apesar de parecer uma propaganda do governo, a Koryo Tours é uma empresa chinesa especializada em turismo na Coréia do Norte e não ligada diretamente ao governo coreano.
As informações sobre quantos turistas visitam o país não são abertas, mas estimam-se que entre 4.000 e 6.000 pessoas por ano. O maior número de visitantes vem justamente da China. O diretor do filme garante que não teve qualquer ajuda do governo local, não filmou em lugares proibidos, não foi pago para fazer o filme e não teve qualquer intervenção na edição final.
Diferentemente das imagens que costumamos ver da Coréia do Norte, nesse filme ele mostra as pessoas circulando, a cidade em movimento e até um ou outro coreano sorrindo. Ele me trouxe um pouco mais perto da impressão que a Juliana comenta no seu post sobre Pyongyang:
“Pyongyang não se parece em nada com o que eu imaginava. É melhor. Dezenas de vezes melhor. A pessoa tem que ir e ver o que é porque não dá para explicar. Eu sei que se pode dizer isso de qualquer lugar, mas raramente é verdade. Você não precisa ir a Nova York para saber o que é. Durante toda a sua vida metade dos filmes que assistiu te falavam sobre como Nova York era, de cada ponto de vista, de cada esquina possível. Tudo que o ocidente vê sobre Pyongyang são paradas militares. Como se a cidade inteira vivesse um eterno Sete de Setembro. De certo modo ela vive — um quarto da população trabalha para o Exército — por outro lado, não é bem assim.”
Enter Pyongyang from JT Singh on Vimeo.
Para quem ainda não tem noção do quanto a Coréia do Norte é fechada (vai que alguém aí esteve em órbita), basta se inteirar sobre a trollagem feita pelo Cid, do Não Salvo, na Copa do Mundo. O fato do país ser totalmente controlado, pareceu factível, apesar de absurdo, que os noticiários mostravam cenas da Copa informando que a Coréia do Norte estava na final. Foi tão pertinente que os principais jornais do mundo deram total atenção à notícia, publicando-a como se fosse verdade.
*Foto destaque por Anton_Ivanov – shutterstock.com
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsAchei interessante o metrô de Pyongyang ser praticamente idêntico aos de Moscou: desde as catracas às lindas e decoradas estações. Tenho muita curiosidade em conhecer, mas não sei quanto tempo aguentaria no país…
Gui, passa o contato desse cara, quem sabe ele não rende uma boa entrevista para nós! A Juliana Cunha é outra, uma jornalista que escreve muito bem, vc tem que ler as coisas dela! http://julianacunha.com/blog/
Imaginei que não fosse ela mesmo. Pode deixar que quando eu chegar no começo de setembro falamos sobre isso e te pontoem contato com ele. Abs!
Um cara que trabalha comigo só faz essas viagens estranhas. Nesse exato instante ele está no Irã e depois ia para o Azerbaijão… Ele já fez um tour de 15 (!) dias pela Coréia do Norte e as histórias são realmente fora do comum. Um povo muito sofrido na mão de uma linhagem de déspotas. Agora fiquei curioso em saber se essa Juliana Cunha é a que eu conheço… o link não abre.
Gui, quero muuitoooconhecer esse cara. Como faz pra gente falar com ele?
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.