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Quando somos contaminados pelo vírus da viagem

Quem escreveu

Renato Salles

Data

29 de December, 2014

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Quando somos adolescentes, viajar é a nossa primeira fuga dos pais, da responsabilidade. Longe das regras paternas, podemos controlar as nossas vidas e decisões, mesmo que vigiados remotamente. O adolescente quer se juntar com os amigos e se aventurar. Não importa se é na praia, no meio do mato, ou em outro país. A viagem é em bando e é ele que importa. Um por todos e todos por um único objetivo: se divertir, não importa onde.

Chegando aos 20, somos já jovens adultos, e agora sim independentes. É nessa hora que já não precisamos dar satisfação de nada para ninguém. Quer dizer… talvez para o dinheiro. A grana ainda é curta para bancar todas as nossas vontades. Por isso é a fase do mochilão. A vontade de desbravar fronteiras tem que encaixar em um orçamento enxuto. Corta-se o luxo, o conforto, o minimamente supérfluo. Mas não se cortam as distâncias. É nessa viagem que tentamos abraçar o mundo.

Depois dos 30, a responsabilidade pesa. Um pouco pelo menos. Roubamos um dia de férias aqui, um feriado lá, e vamos encaixando cada dia livre em mais um plano de viagem. O dinheiro agora não é problema, o tempo é. Mesmo assim não desistimos. Agora com um pouco de investimento, nos damos algumas pequenas indulgências, exigimos um pouco mais de bem estar. Conhecer aquele restaurante super recomendado, pegar pelo menos uma noite em um hotel excelente, fazer um upgrade de classe. Nessa fase a gente realmente começa a conhecer o mundo, a experimentar as diferentes culturas.

Os 40 chegam e junto vem a família. Nessa hora não podemos mais nos programar sozinhos. Agora temos que pensar na cara-metade, nos filhos, pais, mães e sogras. Todos vão gostar do destino? Todo mundo vai ter o que fazer? Acabamos voltando para lugares que já fomos. Sabemos o que esperar e o risco fica mais calculado. E também é a nossa chance de mostrar para nossos descendentes o que já vimos e provamos. E ah, que delícia ver a felicidade da descoberta nos olhos dos que amamos.

Os cinquentões são os que gozam de verdadeira liberdade. O peso da responsabilidade já aliviou, a família já se mantém com os próprios pés, e nada pode intervir. Com o mundo nas mãos, nada melhor que explorar o inusitado, o exótico. Civilizações milenares, culturas distantes e lugares pitorescos, tudo à disposição da nossa própria vontade. Dá para ver tudo que sempre quisemos, mas nunca estiveram entre as prioridades.

E é bom aproveitar, porque depois dos 60 a gente já viu tanta coisa, que queremos mesmo é voltar para todos aqueles destinos que amamos e que deixaram um gosto de pouco na boca. Não tem jeito, existem lugares que podemos voltar a vida inteira e eles sempre nos inspirarão. Nessa hora, ficamos super repetitivos e queremos mesmo é saborear os prazeres que já conhecemos.

Foto: Aysezgicmeli - shutterstock.com
Foto: Aysezgicmeli – shutterstock.com

Mas viajar é uma arte, e isso quer dizer que cada um faz de um jeito próprio, único e exclusivo. O que todos nós viajantes temos em comum é que uma vez que levamos a picada do tal mosquito e contraímos o vírus, temos febre sempre que não temos pelo menos uma passagenzinha comprada. Viajar é um vício difícil de curar. Só basta fazer a primeira, que você estará infectado. Se você ainda não passou por pelo menos uma dessas fases, é melhor passar a mão no passaporte e colocar o pé na estrada. Não tem como se arrepender.

*Foto destaque 06photo – shutterstock.com

Quem escreveu

Renato Salles

Data

29 de December, 2014

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.