Berlim 24 horas

O dia-a-dia de quem mora em Berlim com dicas culturais, gastronômicas e de passeios para todos os gostos e bolsos.

Decoding

Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.

Festivais de música

Os melhores festivais de música do Brasil e do mundo num só lugar.

Fit Happens

Aventura, esporte, alimentação e saúde para quem quer explorar o mundo.

Quinoa or Tofu

Restaurantes, compras, receitas, lugares, curiosidades e cursos. Tudo vegano ou vegetariano.

Rio24hrs

Feito com ❤ no Rio, para o Rio, só com o que há de melhor rolando na cidade.

SP24hrs

Gastronomia, cultura, arte, música, diversão, compras e inspiração na Selva de Pedra. Porque para amar São Paulo, não é preciso firulas. Só é preciso vivê-la.

SXSW

Cobertura pré e pós do SXSW 2022 com as melhores dicas: quais são as palestras, ativações, shows e festas imperdíveis no festival.

Gringo Trails: o preço do turismo

Quem escreveu

Gaía Passarelli

Data

19 de November, 2014

Share

Na virada de 2000 para 2001 eu estava em Caraíva, sul da Bahia, quando chegou a notícia de que uma rave de ano novo estaria acontecendo por perto. Era só descer o rio de canoa: a festa era numa praia de rio, em meio a mata. Como nossa festa era em casa mesmo, não fomos. Mas passei pelo local durante um passeio de canoa, com um guia local, uns dois dias depois.

O cenário era desolador. Garrafas, canudos, copos, bitucas de cigarro, restos de decoração. O canoeiro, entre desolado e bravo, contou que era sempre assim e que o pessoal da vila estava se reunindo para proibir festas nos próximos anos. Segundo ele, esse tipo de turista acaba com a água, deixa tudo sujo e vai embora para gastar dinheiro nas pousadas de Arraial D’ajuda ou Trancoso. E mesmo que ficassem, não é o tipo de turista que a vila de Caraíva, que na época estava começando a crescer como destino cool em contraste com a super lotação de outras vilas mais famosas do sul da Bahia, queria atrair.

Lembrei disso vendo o trailer do Gringo Trails, documentário sobre o impacto do turismo de massa em regiões de todo o mundo. Ficou dez anos em produção e usa como exemplos a destruição deixada após cada Full Moon Party tailandesa e o impacto nem sempre positivo causado pela presença dos turistas nos desertos de sal da Bolívia. A diretora, a antropóloga norte-americana Pegi Vail, parte da experiência pessoal de escritores, editores, fotógrafos e profissionais da indústria do turismo. Longe de apresentar soluções, mostra de forma clara o problema e suas causas, deixando que cada um pense em como se tornar um viajante melhor e mais consciente.


Gringo Trails Official Trailer from Pegi Vail on Vimeo.

A National Geographic considerou o documentário “uma necessária discussão sobre o significado de ser um viajante” e o Village Voice foi além, decretando que o filme mostra “como backpackers não são assim tão diferentes dos turistas comuns”. Quem lê em inglês encontra no site da CNN essa ótima entrevista com a diretora, que comenta que gringo não significa apenas brancos norte-americanos ou europeus e que as pessoas não tem a dimensão exata do poder da indústria do turismo no mundo.

Gringo Trails está sendo exibido em festivais de cinema e eventos de viagem em todo o mundo e ainda não há data de lançamento de uma versão física ou online.

Pós rave na Tailândia: deprê.
Pós rave na Tailândia: deprê.

Saiba mais

https://www.facebook.com/Gringo-Trails
https://twitter.com/GringoTrails

Quem escreveu

Gaía Passarelli

Data

19 de November, 2014

Share

Gaía Passarelli

Gaía Passarelli é paulistana de nascença, autora do livro "Mas Voce Vai Sozinha?"(Globo, 2016) e do blog How to Travel Light. Encontre-a em gaiapassarelli.com

Ver todos os posts

Comentários

  • Na Espanha isso é gritante e em Barcelona só tem piorado. Esse verão foi pesado, muitos moradores fazendo protesto nas ruas contra o turismo, muitos grupos de turistas fazendo baderna dia ou noite. Mas o que me deixou mais chocada foi pegar um vôo Londres-Ibiza no verão e depois dormir no aeroporto de Ibiza. Era como estar em um programa sobre animais soltos na floresta.

    - Sarah G

Adicionar comentário

Assine nossa newsletter

Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.