Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Sempre penso em viagens mais como uma etnografia do que turismo. Troco qualquer hotel cinco estrelas para morar provisoriamente com um padre no Chile, uma madrinha da comunidade de Ayhaska, xamãs em uma tribo no Peru, dividir a barraca com quase-hippies na Alemanha ou com um abastado cidadão viciado em cassinos clandestinos em Estocolmo. E para mim, conhecer e aprender com cada uma dessas pessoas foi mais incrível que conhecer qualquer museu ou ponto turístico.
Olhos atentos e disposição para mudar de planos sempre ajudam a reconhecer oportunidades para entranhar um pouco mais na cultura onde você está.
Alter do Chão, a 40 minutos de Santarém no Pará, é um lugar calmo, lindo, mas bem turístico.
E foi lá que tivemos o prazer de conhecer um guia tagarela e excelente. O Gilmar. Pito para os íntimos. Pito conhecia tudo da floresta, e nos levou para uma excursão de barco, dessas que todo mundo faz. Mas papo vem, papo vai, mudamos todos os planos para fazer uma ‘excursão diferente’: visitar e dormir na comunidade indígena que ele morava.
Lu, companheira de aeroportos e eu, logo trocamos o hotel por uma mochila e rede.
Conhecemos toda comunidade, que estavam mais envergonhados com a gente do que a gente com eles. Até passar umas horinhas…
A floresta amazônica é impressionante. Pito conhecia o nome de cada item da fauna e flora.
Resquícios de origem indígena se misturam com outras tradições.
Tudo vem da floresta. Remédio, comida, casa, acessório. Algumas roupas, óleo, arroz, feijão, açúcar e cachaça é o que se compra fora. O dinheiro para comprar a cesta fora vem do bolsa-família, o resto, da roça.
As camas são redes, e no quarto, todos dormem juntos. Por que dormir sozinho.Aliás, por que dormir no coberto, se pode pendurar a rede em qualquer lugar? Impressionantemente, minhas costas acordaram muito melhor do que esperado.
Farinha de mandioca é a principal fonte de energia. Toda a Amazônia é forrada de casas de farinha familiares.
Carne é difícil manter. Mata-se galinha em eventos especiais – como na visita das paulistas.
Todos da família trabalham juntos na casa de farinha.
O Boto é responsável não só por emprenhar as moças, mas por qualquer estripulia: tomar o limãozinho (mistura de cachaça com limão e açúcar). As mulheres mais velhas mal conseguem escutar o nome do bicho. Os mais novos dão uma risadinha, descrentes.
A comunidade é bem católica, e a única estrutura de cimento por lá.
Para as escolas das comunidades com origens indígenas, tentam resgatar a língua e artes nativas. Os professores fazem rodízio entre as matérias: a cada 2 meses, mudam o tópico que aprendem.
Do rio, vem a vida. O peixe, o banho, a água.
As crianças nasceram dentro do mar, e pescam com uma garrafa pet e um pedaço de pão. Nós, nem com varinha.
Pescamos e resgatamos um bicho preguiça do meio do mar rio.
Peixe que é bom, nenhuma das paulistas pescaram. Mas em compensação… preguiça…
Da floresta vem todos os itens de primeira necessidade. Aprendemos a fazer cuia, e panelero.
O artesanato faz parte do dia a dia das comunidades… e parte da fonte de renda.
E dá ainda para ficar de pé em uma vitória régia. Se você for uma criança local, claro.
Mas acho que eles gostaram dos forasteiros passeando por lá. Tanto que ele pediu pra divulgar, quem for para Alter do Chão e quiser ir lá, dá um toque para ele: (93) 811907564/ (93) 92127567. Pode dizer que a Vanessa e Luciana de São Paulo indicou.
Se pudesse teria ficado semanas, só por esse pôr do sol.
Fotos: Luciana Guilliod e Vanessa Mathias
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsOi Vanessa, adorei a dica do para! Sabe me dizer se estão atualizados os tels caso não sabe me dizer o end?
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.