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Valle Nevado: como foi nossa primeira experiência esquiando por lá

Quem escreveu

Renato Salles

Data

18 de June, 2019

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Apresentado por

Em 2014 fizemos nossa primeira incursão ao Valle Nevado para uma temporada de esqui em grupo. Como já falamos algumas vezes, essa estação de esqui há pouco mais de 40 quilômetros de Santiago, no Chile, é um desses lugares maravilhosos que te tira o fôlego. Já na estrada, tortuosa e íngrime, a paisagem é incrível. Mas a subida de mais de 2500 metros em pouco mais de uma hora dá um revertério nos mais fracos (eu por exemplo) e só um pisco sour pode ajudar a curar o tal ‘mal da montanha’ – melhor se aclimatar antes de se jogar nas pistas. Os hotéis ficam a quase 3mil metros de altitude, mas o pico mais alto esquiável chega a 3680 metros. É alto para burro!

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Chegamos em uma sexta ensolarada, mas com pouca neve. Por sorte, no dia seguinte uma bela nevasca trouxe mais de 50cm de neve em um único dia. Somado aos 10cm do domingo, a semana foi uma das melhores da temporada com muita neve fresca e fofa. Isso atraiu muita gente no final de semana, já que os chilenos sobem para passar o dia lá. No resto da semana, as montanhas são mais vazias, quase só com os hóspedes dos hotéis. E nem só de pistas e montanhas foi a semana. O Resort tem uma programação cheia para quem não quer se arriscar, com piscina aquecida a céu aberto, várias opções de restaurantes e bares, lojas, spa, e toda uma programação noturna. Logo vamos montar um guia completo para quem se animar de conhecer.

Mas nosso objetivo era mesmo o esqui. O Ola, que nasceu com eles no pé, não tinha muito que aprender. Ele marcou, então, aulas de randonée, uma modalidade que une as descidas com longas caminhadas para o alto das montanhas, com os esquis no pé, para treinar para a expedição nos Alpes Suíços, a Haute Route. Eu, que já sabia alguma coisa, mas ainda era meio torpe, resolvi pegar um professor bem bom, para ver se superava meus traumas de uma vez por todas. De quebra, a Vanessa também resolveu passar o final de semana conosco, e aprender tudo do zero – a última vez que ela viu neve foi fazendo esqui-bunda quando era adolescente. Por isso vamos contar, cada um, como foi a experiência:

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Vanessa, a caloura (nível beginner)

‘Sempre fui a gordinha da turma. Não necessariamente em peso, mas aquela que corre lá atrás da sala inteira, é a última para ser escolhida no handball, e sempre fingiu uma cólica na aula de Educação Física para não ter que passar vergonha.  Antes de encarar a temporada de esqui no Valle Nevado, eu comecei a levantar um pesinho na academia e me enveredar nos esportes outdoor.

Apesar das minhas experiências com montanhas nevadas no Chile não terem sido as mais bem sucedidas (relato da vez que rolei um vulcão em Pucón aqui), aproveitei a viagem para vencer o trauma. Sem nem saber qual o vestuário apropriado, com uma meia emprestada de um e blusa de outro, comprei apropriadamente minha primeira aula para evitar a prática do esqui-bunda.

Qual não é minha surpresa quando descobri que não é tão difícil assim? Mais ainda, o professor comenta que peguei rapidinho a coisa toda. Logo eu, a última da sala. Queria pegar um boletim e levar lá para o Professor Valdir, do colégio Beatíssima Virgem Maria, para mostrar para ele. E fui lá, nas pistas verdes, uma grande borracha preta deslizando pela montanha. Pra lá, pra cá. A sensação é incrível. Dá medo, é difícil, cansa. Rolei muito. Fui enterrada pela neve movediça até o peito. Mas já viciei, e já fiz reserva para próxima temporada. Dessa vez, sete dias.”

Depois dessa temporada, a Vanessa se aventurou por outras estações e hoje, cinco anos depois, não é tão iniciante assim. Provavelmente já encara uma pista preta sem tremer na base.

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Renato, o sabichão (nível acha que sabe até se quebrar todo)

‘Depois de um pé quebrado, você ganha um pé atrás. Eu já conseguia descer pistas não muito difíceis, mas na base do instinto de sobrevivência, sem muita técnica. Pedi para fazer aula com o melhor professor da área, e me indicaram o Patan. Além de ser um cara super divertido, ele tem formação em ensino de esqui e participa de um monte de seminários pelo mundo (sim, isso existe). Valeu a pena. De cara, ele já sacou que a minha maior dificuldade era a insegurança. Até porque tenho medo de altura, e quero brincar a 3 mil metros de altitude (bem esperto!). Cada pista que descemos ele incluía uma técnica nova, e me fazia exercitar. Da pista verde para a azul, e logo para a vermelha, foi rapidinho. As analogias que ele usava eram bestas – tipo olhar para a câmera da Globo que estava ‘filmando’ lá embaixo – mas funcionam. Era meio que um cursinho da neve. São macetes que você não esquece mais e vai repetindo sem pensar. ‘Câmeras, molas, facas, elos…’ Minha emoção foi descer umas pistonas pretas nos últimos dias. Não vou falar que não suava frio, mas pelo menos desci sempre com segurança. Só caí e me machuquei um pouco quando voltei para a pista azul!’

No início deste ano, o Renato retornou a Trysil, onde iniciou sua carreira de esquiador. Estava um pouco tenso, mas na primeira descida, ele relaxou. O resultado foi que passou uma semana descendo pistas vermelhas e pretas com um sorrisão no rosto. Mal pode esperar pela nova temporada no Valle Nevado, estação pela qual ele se apaixonou (e voltou depois).

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Ola, o profissa (nível a pista preta mais difícil não tem graça)

“Uma vantagem do Valle Nevado é ele estar bem no alto. O hotel fica 3 mil metros acima do mar, possui várias opções de picos mais altos em volta, principalmente para quem estiver a fim de fazer um pouco de força e subir andando com os esquis nos pés, o randonnée que agora entrou na programação oficial da estação. Também é possível pagar um helicóptero para te levar para cima dos picos mais altos. A área esquiável fora das pistas, mas dentro da estação, é grande e dá para se divertir um bom tempo na neve virgem só pegando os teleféricos.

Uma das minhas metas da viagem era fazer amizade com meu novo equipamento. Como é muito mais leve, fica menos estável do que o normal. Mas depois de uma semana experimentando quase todas as variações de neve, me acostumei com a diferença e estou achando que a parte de esquiar mesmo em condições complicadas na haute route vai ser tranqüila. Só vou precisar reforçar os quadríceps que acabam sofrendo mais.”

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A outra meta era descobrir o que quer dizer a recomendação de forma física para a haute route, 300 metros de desnível vertical por hora. É difícil saber a exigência física sem botar um esqui no pé e tentar. Fui três vezes com uma das professoras, que também cuida das saídas de randonnée. Com a (professora) Patricia, que tem muita experiência nessa modalidade, fui andar para cima 3 vezes. A conclusão é que pelo menos quando não tem neve em pó muito profunda no caminho, 300 metros verticais em 50 minutos é realmente agradável. Melhorar o condicionamento físico até a travessia é bem vindo, mas não preciso de uma mudança radical de treino como imaginei.

Com as metas feitas, parti para esquiar bastante dentro da estação, já que não tinha com quem sair fora dela. Saí muito satisfeito com a semana e com vontade de voltar para experimentar o heli-ski e explorar mais o terreno em volta. Costuma ter muito mais neve do que dentro da estação, vi várias descidas que normalmente seriam possíveis, mas não foi dessa vez.”

Após a incursão em 2014, o Ola foi o que mais esquiou entre a gente. A última temporada foram duas semanas nos Alpes Suíços, de onde saiu de Chamonix, na França, numa expedição até Zermatt, na Suíça. Foram 5 dias subindo e descendo montanhas com os esquis nos pés. Mal pode esperar também pela nova temporada.

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O que deu para ver é que o Valle Nevado tem lugar para todos os gostos e níveis. O legal para quem nunca se aventurou na neve é que os professores são muito bem preparados para ensinar desde o zero, tanto esqui quanto snowboard. Afinal, mais de 60% dos visitantes do Valle hoje são brasileiros. Tanto que praticamente toda a equipe dos hotéis, restaurantes e pistas fala português decentemente. Com tanta opção de atividade, não tem como não se divertir. E aposto que na primeira vez que você descer uma pista de cima a baixo, com o vento gelado na cara, sem parar, vai se apaixonar pelo esporte.

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Nessa nova empreitada, o Jô e a Lalai se juntam ao trio. O Jô esquiou duas vezes, sendo a última também no Valle Nevado. Tem ótimas lembranças, se vira razoavelmente bem. Ele não sofreu muito na iniciação ao esqui como a Lalai, que tem persistido há umas 8 temporadas e, somente na última, é que finalmente descobriu prazer nos esquis. Ela nunca esteve no Valle Nevado e está ansiosa para saber se aprendeu mesmo a esquiar.

Acompanhe nossa aventura entre os dias 29 de junho e 2 de agosto. Mal podemos esperar e faremos um monte de stories no nosso Instagram.

Quem escreveu

Renato Salles

Data

18 de June, 2019

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Apresentado por

Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.