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A Turquia nunca esteve oficialmente nos meus planos. Comprei um pacote em 1997 para lá apenas porque era barato, mas a agência de viagem quebrou e a viagem caiu. Desde então não voltei a incluir o país na minha lista de “lugares que preciso conhecer”.
Casei-me esse ano e a lua-de-mel seria na Islândia. Devido à complicações na rota, acabamos optando por Istambul. E foi assim que fui parar na Turquia, quase num acaso e, novamente, devido a bons preços de passagem aérea pela Turkish Airlines.
Aos poucos fui me empolgando, já que antes disso eu mal sabia o que acontecia na Turquia além dos lindos vôos de balão na Capadócia, que virou meu objetivo principal, por isso tratei de espremer os meus dias em Istambul e fazer uma fuga de 3 dias até lá. Decisão mais que acertada.
O Ola sequer tinha ouvido falar sobre a Capadócia mas se animou com a viagem, em especial com o vôo de balão. Descobri que a Capadócia não é um lugar tão popular entre os europeus do norte. Depois de 3 dias no meio do caos em Istambul e já sem pernas para bater, embarcamos com a Atlas Jet para Kayseri, um dos principais aeroportos da região da Capadócia, que foi a redenção em meio à correria em que nos encontrávamos. Para quem curte história e arqueologia, o lugar é parada obrigatória.
Confesso que com os preparativos para o casamento, eu mal tive tempo de pesquisar muito, tanto que minha ignorância não permitiu que eu entendesse que Capadócia era uma região situada na Anatólia Central, formada pelas cidades Nevşehir, a principal da região; Ürgüp, a maior e bem no coração da Capadócia; Göreme, onde fiquei (e a que recomendo), é cheia de casas em cavernas, tem um centro super charmoso e boas opções de programação; Uçhisar, o ponto mais alto da região e ainda tem um imponente castelo de pedra no seu topo; Avanos, a cidade da cerâmica; Mustafapaşa, uma antiga vila grega em que a arquitetura foge completamente do restante da região. A única coisa que eu sabia até chegar lá é que o lugar é cheio de cavernas, algumas com pessoas ainda vivendo nelas e, que o balonismo é um dos principais fatores que levam turistas à região, que acabam se surpreendendo com o que a Capadócia oferece além de voar.
Compramos nosso vôo de balão com a Butterfly Balloons, recomendada e reservada pelo hotel onde ficamos, o Sultan Cave Suites, uma das escolhas mais acertadas que fizemos.
Era uma das experiências mais esperadas dessa minha viagem. Para voar é necessário sair do hotel às 4h30 da matina, o que não foi um drama, tamanho era a minha ansiedade. Göreme, a cidade onde ficamos, ainda estava escura. Um van nos pegou no hotel e nos deixou no escritório da Butterfly Balloons, onde um café da manhã e muita gente nos esperavam, por isso recomendo: reserve seu vôo antes mesmo da sua viagem, pois vale a pena.
Pelas dicas no foursquare, descobri que voaríamos com o piloto favorito dos turistas, o Gunal. Entramos na van e seguimos para o meio do nada, onde dezenas de balões “decolavam”. A essas alturas o sol já começava a despontar e uma luz incrível começava a tomar conta do cenário lunar que é a Capadócia.
O frio na barriga permanece até o momento em que você ganha altura e sente a estabilidade que é estar voando num balão. A sensação é indescritível e posso dizer que foi uma das mais incríveis que senti na vida. Primeiro porque você está “voando”, mas diferente de um avião (ou mesmo um helicóptero), você sente o vento bater no rosto e o calor do fogo que mantém o balão no ar, além de conseguir ver bem tudo que está à sua volta. Segundo porque é um espetáculo ver o sol nascer na Capadócia, que é um dos lugares mais inóspitos em que já estive. Terceiro porque é um show ver tantos balões sobrevoando a área, muitas vezes passando baixinho entre os canyons, formando um cenário de conto de fadas.
É 1 hora de puro deleite visual em que não sabemos exatamente para onde olhar. Eu não sabia se contemplava o sol e o céu ou os vales que passavam por baixo de mim. Essa hora passa mais rápido do que se possa imaginar. É a viagem perfeita pra desligar da nossa vida bandida e se conectar ao mundo. Meu sorriso deve ter ficado estampado no meu rosto por todo esse tempo.
Voar na Capadócia é o tipo de experiência que faz você se sentir um grão no nosso universo e fazer com que tudo pareça mágico. Voar na Capadócia te coloca num estado de espírito que poucas vezes você terá chances de sentir. Voar na Capadócia mostra o quanto a vida é incrível. É assim, bem cafona.
Quando vi o carro nos cercando, voltei ao mundo e me dei conta de que estávamos chegando ao fim. Poderíamos voar o dia inteiro, ir para mais longe, ver mais coisas, sentir melhor o mundo. Mas acaba…
A descida é suave, quase sem trancos, trazendo você de volta à realidade de maneira sutil até o momento em que você começa a correr e a pular em cima do balão para que ele possa ser carregado. A felicidade daquele momento é visível em todos que estão presente. As pessoas sorriem com os olhos e não querem falar. É aquele momento que você quer guardar numa caixinha e prolongar a sensação que ele te causou. De repente ouve-se o estouro da champanha e os agradecimentos do piloto por mais um dia cumprido. Você pega sua taça, brinda por aquele momento tão único que acabou de viver.
É assim, bem cafona.
Todos disputam o piloto, tiram fotos, pegam mais champanha, bolo, puxam papo. Entramos na van e retornamos para o nosso hotel, onde um agradável café da manhã nos espera. Ainda são 8 horas. Tomamos nosso café tranquilamente, falamos sobre o nosso vôo, rimos e bocejamos. O sono finalmente bate. Voltamos ao nosso quarto e nos damos todo o direito do mundo de dormir até o meio-dia. Foi o jeito de guardar aquele momento. Você se desliga dele e sonha com ele.
Aguardem, que logo mais o guia Capadócia sai do forno. Não pense duas vezes em ir pra lá caso sua próxima parada seja Istambul. A experiência é única em um dos lugares mais deslumbrantes em que já estive.
Foto de abertura: flickr/exnovo
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
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Você acha que 3 dias lá é o tempo ideal? Além do vôo de balão, o que vocês fizeram?
Sim, 3 dias é o suficiente. Além de passear de balão, a gente caminhou bastante pelas cavernas e fizemos um tour pela região, que valeu bastante a pena. Tem vários tipos de tours, pegamos um de um dia inteiro e foi bem bacana.
Uma das melhores aventuras que fiz. Valeu a pena ter acordado as 4 da manhã. Fui recebido com um belo café da manhã antes de voar. Com um piloto muito doido e gente boa fizemos nossa aventura.
É demais, né? Agora repeti a dose voando por Bagan, foi indescritível.
Adorei! Me conta de Istambul!? Vale a pena também? Bjins.
Super, me apaixonei pela cidade e estou fazendo o guia. Istambul foi um dos lugares mais incríveis que já conheci, só é intensa demais, grande demais, por isso vale um pré-planejamento. No meu foursquare tem uma lista, mas logo mais publico o guia aqui
Ai, eu tenho muita vontade de ir para lá e depois de ler deu mais vontade ainda. Essas sensações cafonas são as mais gostosas de sentir =)
vai mesmo, vale muito a pena…. :)
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.