Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Quem iria ao teatro ouvir as experiências sexuais de Álamo Facó? Bem, nós fomos. Antes de continuar com as palavras seguintes, um esclarecimento sobre as palavras passadas: a pergunta de início esconde o jogo: “Trajetória Sexual” se propõe ser mais do que um relato sobre transas e experiências afetivas, embora elas sejam as articulações que fazem a dramaturgia se mover. E o fato de existir uma dramaturgia faz toda a diferença aqui. A peça está sintonizada com esse tempo presente, não só pelo tema, mas também pela idealização do projeto – um monólogo, escrito pelo próprio intérprete, com detalhes que sugerem uma pequena autobiografia, com licenças poéticas de ficção. Além disso, coloca em evidência o corpo, esse pedaço de carne (com sonhos, medos e desejos) tão combatido, ainda mais se traz as vergonhas de fora. Talvez o impacto fosse reduzido se o ator bancasse o homem hétero padrão a desfilar conquistas amorosas, mas os buracos são mais embaixo, frente e verso. A despeito do autoelogio possível ao falar de si, o monólogo parte de um eu, mas não se reduz a ele. Amar e viver ao mesmo tempo nem sempre é fácil. Ainda bem que existe a arte.
Trajetória Sexual. Quinta-feira a sábado, às 19h. Domingo, às 18h. Em cartaz até 30.09. Ingressos a R$ 30. Quem levar 1kg de alimento paga R$ 15.
Sesc Copacabana (Sala Multiuso). Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana.
Um dos nomes mais influentes da história do cinema, Bergman tem parte de sua extensa filmografia revista na mostra. Comemorado oficialmente em julho, o centenário é uma desculpa para se embrenhar em obras que dissecaram o vasto interior de homens e mulheres às voltas em contradições de ser, estar e sentir no mundo. A programação traz dez clássicos do diretor sueco, como “Sonata de Outono”, “Gritos e Sussuros” (na foto), “Morangos Silvestres” e “O sétimo selo”, além de duas produções inéditas no Brasil: “Procurando por Ingmar Bergman”, de Margarethe Von Trotta, e “Gunnel Lindblom – Quebrando o Silêncio”, de Henrik Von Sidow.
Centenário Ingmar Bergman. Os ingressos para cada sessão custam R$ 30. Consulte programação e horários aqui.
Espaço Itaú de Cinema. Praia de Botafogo, 316 – Botafogo.
A vida íntima desfiada no cinema. Composta por 21 filmes de diretores de diferentes nacionalidades, entre longas, médias e curtas, a mostra apresenta documentários carregados pela experiência de seus criadores, personagens importantes da narrativa que ajudam a contar. O autorretrato, por assim dizer, é uma opção presente em alguns dos trabalhos mais interessantes da nossa cinematografia, com destaque para os docs de autoria feminina, caso de “Elena” (2012, na foto), de Petra Costa, e “Passaporte húngaro” (2001), de Sandra Kogut, ambos na programação. Os elogiados “Santiago” (2007), de João Moreira Salles, e “E agora? Lembra-me” (2014), do português Joaquim Pinto, são outros que merecem atenção.
Como parte da mostra, estão programados também dois encontros gratuitos: uma conversa sobre o tema “A dor do eu – Os percalços e os caminhos para se autobiografar” está marcada para sábado (22.09); na terça-feira (25.09), o diretor Silvio Da-Rin faz uma palestra sobre a primeira pessoa no cinema.
Autorretratos. De terça-feira a domingo, em vários horários. Confira a programação completa aqui. Ingressos a R$ 6. Em cartaz até 30.09.
Caixa Cultural. Av. Almirante Barroso, 25 – Centro.
Cultuado escritor norte-americano, Paul Auster é a inspiração para “Viagem a Nova York”. O espetáculo se baseia nas histórias detetivescas da Trilogia de Nova York, lançado na década de 1980, cuja trama de mistério traz a pegada de um thriller cinematográfico. A literatura se embola com a própria história pessoal do diretor e autor da peça, Marcio Freitas. Criada a partir de documentos reais e registros pessoais que ele colecionou durante uma viagem de nove meses à metrópole – áudios, e-mails, fotos, mapas, entrevistas -, a peça conta a história semi-ficcional de um homem que desapareceu no exterior.
Viagem a Nova York. De sexta a segunda-feira, às 20h30. Em cartaz até 08.10. Ingressos a R$ 30.
Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. Rua Humaitá, 163 – Humaitá.
Essa é para salvar mesmo! Começa quarta-feira (26.09) a maior retrospectiva feita sobre Buster Keaton no Brasil. Extensa e caprichada, a programação traz 70 filmes – longas, curtas e médias -, sendo 17 deles apresentados em película. Astro do cinema mudo, contemporâneo de Charles Chaplin, Keaton revolucionou a arte, especialmente as comédias, com uma gama de interpretações e gags que são referência para muitos atores e diretores até hoje. Serão exibidos todos os filmes do período áureo de seu cinema, em que ele não só atuava, como tinha controle artístico de cada projeto. Além disso, a mostra também terá curso, debate e, no dia 12.10, uma sessão especial do clássico “A general”, com a participação da orquestra Soundpainting Rio.
Mostra Buster Keaton – O mundo é um circo. De quarta a segunda-feira, em vários horários. Em cartaz até 14.10. Ingressos a R$ 10.
CCBB. Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.