Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O pior da temporada de prêmios é reduzir certos filmes a meros veículos para atores e diretores conquistarem os tais troféus. A despeito dos elogios desde as suas primeiras apresentações, “A esposa” vem sendo tratado como o passe dourado de Glenn Close. Após seis indicações ao Oscar, a veterana está na linha de frente para conquistar a sétima nomeação e, pela primeira vez, uma vitória. O discurso emocionado e decorado com aplausos efusivos dos convidados do Globo de Ouro – quando bateu Lady Gaga (por “Nasce uma estrela”), sua principal concorrente – mostram que os bambambãs da indústria não se esqueceram da protagonista de filmes como “Atração fatal” e “Ligações perigosas”. Como poderiam? No drama, Close interpreta Joan, uma esposa devotada que repensa sua vida ao lado do marido, um escritor premiado com o Nobel.
“A esposa”. Confira a programação, com salas e horários, aqui.
Ao lado do mexicano “Roma”, do sul-coreano “Em chamas” e do libanês “Cafarnaum“, o japonês “Assunto de família” domina o campo dos chamados filmes estrangeiros – todos estão na disputa por uma indicação ao Oscar na categoria. Premiado com a Palma de Ouro em Cannes do ano passado, o longa acompanha a construção de uma família unida por laços incertos, embora aparentemente resistentes. Para sobreviver, eles roubam e mentem, mas o diretor Hirokazu Koreeda as apresenta numa encenação que flerta com a comédia. Aos poucos, o espectador enxerga as cisões e as notas amargas camufladas ali. A ternura dos primeiros minutos dá lugar à tensão, um sentimento que se instala na tela gradativamente, numa desconstrução complexa. É bom de ver e rever.
“Assunto de família”. Confira a programação, com salas e horários, aqui.
A mostra está rolando desde o começo de janeiro e segue até o fim do mês, com mais de 30 filmes na programação. Para quem ainda não foi apresentado ao cara, vale o registro: nome essencial da Nova Hollywood, Martin Scorsese é considerado um dos mais importantes diretores da história, com uma filmografia que desponta na paisagem cinematográfica e que se mantém viva apesar do tempo. Clássicos como “Taxi driver” e “Touro Indomável” (foto) estão na seleção, que também traz os menos conhecidos “Sexy e marginal”, “Caminhos perigosos” e “Depois de horas”. Há ainda a chance de fazer um curso gratuito (a partir do dia 16) para se aprofundar na obra do diretor.
Scorsese – Mostra no CCBB. Vários dias e horários: a programação está disponível no site. Há muitas sessões gratuitas e outras com ingressos a R$ 10.
CCBB. Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.
Títulos compridos não inspiram muita confiança, mas os nomes de Debora Bloch, Guilherme Weber e Felipe Hirsch dissipam qualquer temor. Ou fazem qualquer temor valer a pena, sei lá. O espetáculo está na nossa lista de Para Assistir nos palcos neste começo de ano. Hirsh (o diretor) convocou dez autores que tiveram liberdade de forma e tema para escrever. Brasileiros, chilenos e argentinos fazem parte do time que construíram a escrita-reflexão sobre esse continente. Estamos curiosos. A peça tem 150 minutos. Jefferson Schroeder e Renata Gaspar também estão no elenco.
“Antes que a definitiva noite se espalhe em Latino América”. De quinta-feira a domingo, às 20h. Ingressos a R$ 30. Em cartaz até 24 de fevereiro.
Oi Futuro Flamengo. Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo.
Seguem outras duas pedidas. Afinal, ninguém solta o palco de ninguém.
– “O cego e o louco”: comédia dramática sobre dois irmãos que dividem o apartamento e a mesma solitária rotina. Numa noite, eles convidam uma vizinha para visitá-los. Enquanto esperam, eles conversam, se ofendem e compartilham impressões (verdades e mentiras) um sobre o outro. É a nova empreitada da Lunática Companhia de Teatro. Em cartaz no Sesc Copacabana, de sexta a domingo, às 18h. Ingressos a R$ 30.
– “Rio 2065”: A comédia vê o futuro repetir o passado e mistura carnaval, replicantes e conquista da cidade por vários países. Como será o Rio de Janeiro no ano de 2065? A resposta está no CCBB, onde o espetáculo está em cartaz, com sessões de quarta-feira a domingo, às 19h. Ingressos a R$ 30. A temporada comemora as duas décadas de atividades de Os Dezequilibrados.
Agora, mais cinema.
Durante o verão, o Estacão NET Rio vai exibir filmes inéditos, surpresas e clássicos numa sessão aos sábados, sempre à meia-noite. Serão cinco filmes, um em cada sala. Neste sábado (12.01), a seleção traz “O peso do passado”, “O manicômio”, “Dragon Ball Super Broly – O filme”, “A filosofia na alcova” e “Bohemian Rhapsody” (ganhador do Globo de Ouro de melhor filme – drama).
Cinco sessões à meia-noite. Sábado (12.01), à – adivinha? – meia-noite. Ingressos a R$ 36 (R$ 18, a meia).
Estação NET Rio. Rua Voluntários da Pátria, 35, Botafogo.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.