Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Precisamos falar sobre Joaquin Phoenix. Poucos no cinema norte-americano têm abraçado personagens tão diversos e densos quanto o ator de 43 anos. Claro, abraçar não é tudo, é preciso propor uma dança com o espectador. Afinal, dela nasce o envolvimento com a ficção. Phoenix tem feito isso em trabalhos elogiados, como “Vício inerente”(2014), “Ela” (2013) e “O mestre” (2012). Em todos, fugiu da superinterpretação, caminho mais fácil para encarar tipos complexos. Os bons ventos que circulam desde o Festival de Cannes de 2017 dizem que ele volta a fazê-lo em “Você nunca esteve realmente aqui”. Pelo papel de veterano de guerra que ganha a vida resgatando jovens desaparecidas, o ator levou a Palma de Ouro. Chique, não? Há quem aposte numa quarta indicação ao Oscar. É cedo. No mais, a direção é de Lynne Ramsay, cujo último longa foi o excelente “Precisamos falar sobre Kevin” (2011). Já não é novidade, mas vale o aviso: Phoenix vai interpretar o Coringa em filme com previsão de lançamento para 2019. Ou seja, vamos continuar falando dele.
“Você nunca esteve realmente aqui”. Veja a programação com salas e horários aqui.
A curiosidade de ver Bárbara Paz em cena nos levou ao espetáculo. A personagem intensa e carente – com ares de uma Clementine Kruczynski, de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” – ganha razão de ser na atriz, embora ela pareça trabalhar num território já explorado no cinema e na TV. Ainda assim, existe o palco. A proximidade da plateia do Poeira com a cena traz a chance de, mais que ver melhor, dividir a respiração, e isso faz a diferença aqui. A peça mostra o encontro afetivo entre uma mulher de 40 e um homem de 70, vivido por Everaldo Pontes. A despeito da desconfiança dele, nasce um companheirismo, uma amizade-amor, com sexo envolvido. Em dado momento, Bárbara engatinha rumo ao par. O gesto banal feito com o braço, a maneira como ela repousa a mão no banco que faz as vezes de cama, um desenho bonito de acompanhar, mostra que ela não desperdiça nada. Por mais que a dramaturgia seja esvaziada por uma reviravolta sem força, a peça encontra potência em momentos mínimos como esse.
Heisenberg – A Teoria da Incerteza. Quinta-feira a sábado, às 21h. Domingo, às 19h. Ingressos a R$ 70, aqui. Em cartaz até 26 de agosto.
Teatro Poeira. Rua São João Batista, 104 – Botafogo.
A tragédia se repete diariamente. Pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela: mulheres violentadas, mulheres caladas, mulheres mortas. A peça “Por Elas” é sobre elas. Quem é ela? Quem é ela? Sua vizinha, sua irmã, sua mãe, sua chefe, sua desconhecida mais próxima, talvez você. Empurre o dedo pra lá e pra cá no celular e, mais uma janela aberta, as notícias virão. No palco, sete personagens femininas carregam histórias de outras tantas mulheres brasileiras e relatam um universo doloroso, tensionado entre o amor e a submissão. Feminicídio, essa palavra.
Por Elas. De quarta-feira a sábado, às 19h. Em cartaz até 1º de setembro. Gratuito, com distribuição de senhas às 18h30.
Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário (CCMJ).
Os sonhos e os pesadelos da República Democrática Alemã são revelados na seleção de 25 filmes que compõem a mostra, em cartaz na Caixa Cultural. Com produções das décadas de 1940 a 1980, o panorama aborda temas variados, das perspectivas da juventude em relação ao futuro às discussões sobre a emancipação feminina. Os trabalhos da DEFA, produtora de cinema estatal da extinta Alemanha Oriental, são os destaques. Obras como “Os arquitetos”, “O coelho sou eu” e “Karla” podem ser vistas neste fim de semana.
Imagens para o futuro – Cinema da Alemanha Oriental. Ingressos a R$ 4. Confira a programação aqui.
Caixa Cultural. Av. Alm. Barroso, 25 – Centro.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.