Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Orçamento: 17 milhões de dólares. Bilheteria mundial até agora: 235 milhões de dólares. Os números não mentem, e “Um lugar silencioso” é mesmo um notável fenômeno que o terror costuma nos apresentar de tempos em tempos. Quando a realidade ao redor desanda, neuroses e medos são redimensionados e ressignificados a partir do horror. É isso que o filme dirigido e estrelado por John Krasinski nos entrega. A narrativa é enxuta e, sem rodeios, nos apresenta uma família que luta para sobreviver num mundo destruído por criaturas que se guiam pelo som. Uma vida silenciosa se impõe, mas o drama familiar – a dificuldade de relação entre pais e filhos – resiste em gritos (quase sempre) surdos pelo corpo. Certamente uma alternativa menos barulhenta à febre “Os Vingadores”. Conselho: procure uma boa sala de cinema e torça por companheiros-espectadores educados. Sentamos atrás de um casal que não parava de falar. Ou seja: se vivêssemos a ficção, a dupla seria morta rapidinho…
Um lugar silencioso. Ver salas e horários aqui.
A mostra abre uma nova janela para o mundo através do cinema, dessa vez tendo como guia a produção de países como Dinamarca, Suécia, Noruega, Islândia, Groenlândia e Finlândia. A maioria dos filmes selecionados já foi prestigiada nos festivais nórdicos e agora chega aos trópicos. Como se dá aqui, muitos filmes de lá abraçam a diversidade como tema, com narrativas abrindo espaço para discussões sobre gênero, cultura e etnia. Alinhados ao evento, debates na quinta e na sexta, às 19h, completam a programação. Vamos aproveitar a Caixa Cultural enquanto ela existe, não é mesmo?
Festival Ponte Nórdica. Em cartaz até 13.05 (domingo). Consultar programação, com filmes e horários, aqui. Ingressos a R$ 4.
Caixa Cultural. Avenida Alm. Barroso, 25 – Centro.
Desde a memorável atuação em “Piaf – Um hino ao amor”, que lhe rendeu o Oscar de atriz em 2008, Marion Cotillard se tornou um critério à parte para ver filmes. Dúvida sobre o que assistir? Vá no que tem a Marion. Se for uma merda, o consolo é a própria presença da atriz, luminosa até mesmo em obras duvidosas. “Os fantasmas de Ismael”, escolhido para abrir o último Festival de Cannes, traz também os onipresentes (e franceses) Mathieu Amalric e Louis Garrel. Para quem decide o filme pela história, um resumo: prestes a iniciar a filmagem de seu novo longa, um diretor é abalado pela volta de sua esposa, desaparecida há mais de 20 anos. Adivinha quem faz a esposa? Marion, essa sumida!
Os fantasmas de Ismael. Ver salas e horários aqui.
Primeira série original produzida pela Netflix aqui no Brasil, “3%” está em sua segunda temporada, disponível desde o dia 27 de abril. Embora tenha dividido a crítica quando lançada, em novembro de 2016, a distopia nacional é considerada um êxito entre o público estrangeiro. Segundo a empresa divulgou em março de 2017, “3%” foi a série de língua não-inglesa mais assistida nos EUA. Para quem não ligou lé com cré, a história se passa num futuro onde os jovens de 20 anos passam por um processo seletivo para viver em Maralto, uma comunidade paradisíaca, bem diferente da realidade desigual do Continente. A segunda temporada acompanha uma nova seleção e mostra a criação do projeto: a coisa só engrena mesmo a partir do quinto episódio – agora é torcer para não gangrenar. Quem foi enrolado por “La casa de papel” não pode reclamar, tá?
Estranhas transformações acontecem quando uma cidade é invadida por um rinoceronte. Elogiado espetáculo do Coletivo Errante, “Rinocerontes” é baseada na obra do dramaturgo absurdista Eugène Ionesco e composta por jogos que invertem a lógica cotidiana da cena.
“Rinocerontes”. Estreia 03.05 (quinta-feira). Em cartaz de quarta a domingo, às 19h, até 03.06. Ingressos a R$ 20.
Teatro Dulcina. Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.