Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Está num livro da Adélia Prado: “Antigamente, em maio, eu virava anjo. A mãe me punha o vestido, as asas. Me encalcava a coroa na cabeça e encomendava: ‘Canta alto, espevita as palavras bem’. Eu levantava voo acima”.
Esse antigamente em maio, se já existiu além da poesia, só deve ser possível em Minas Gerais, terra da escritora. Não há anjos no Rio. Aqui é ou não é Hell de Janeiro? E nem está tão quente para ficar assim assado, uma das belezas de maio. Aos pobres mortais sem asas e auréolas resta o pacto com o cão para se esbaldar e, quiçá, descer até o chão-chão-chão. O primeiro fim de semana do mês lambe nossas genitálias com muitas opções de festinhas e shows. O chão do cão é logo ali, mas atente: só fica de quatro quem quer.
Marina Lima e Skank nos lembram que as décadas de 1980 e 1990 estão vivas nesse tempo presente. Agora, cabe ao público desembrulhar, cantar junto e – por que não? – misturar tudo: “Meu mundo você é quem faz. Essa menina tá dizendo don’t worry. Cause everything is gonna be alright”. Para dar certo mesmo, com tudo ereto, o guia traz mais de dez noitadas regadas a carrapetas ferventes e alguns faróis acesos. Enquanto a guerra infinita de “Os Vingadores” domina o mundo, listamos alternativas ao blockbuster no cinema, no teatro e na rua.
No próximo guia, cantaremos: “Maio já está no final. O que somos nós, afinal. Se já não nos vemos mais. Estamos longe demais. Longe demais”.
Mas tem tempo! Nem no meio maio está.
E, olha, o fim de semana taí, dando condição para a gente.
Foto destaque: Marina Lima / divulgação
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.