Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Premiado em Cannes e indicado ao Oscar de filme estrangeiro, o libanês “Carfanaum” está em cartaz em poucas salas no Rio. Vimos há alguns dias numa sessão lotada no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo, onde ele segue sendo apresentado. Corre para chorar também. O longa dirigido por Nadine Labaki conta a história de Zain, um menino pobre que deseja processar os pais por terem lhe dado a vida. A idade dele, 12 anos, é apenas estimada, porque ele sequer foi registrado. A partir desse gancho, o espectador acompanha o que levou o garoto a estar diante de um juiz. O filme consegue a proeza de equilibrar as ondas emocionais inerentes à trajetória errante de Zain e se firma como um drama contundente, embora jamais apelativo. O trabalho do garoto Zain Al Rafeea (ator e personagem têm o mesmo nome) é impressionante.
“Carfanaum”. Confira salas e horários aqui.
Um dos melhores espetáculos do ano passado, “Elza” faz curta temporada no Imperator. É uma exaltação à cantora Elza Soares, a mulher do fim do mundo, celebrada por sete atrizes-cantoras, todas excelentes em cena. A vida da mulher preta brasileira, cercada de percalços por todos os lados, é transformada em potência no palco. A voz de uma se torna a voz de uma multidão. Haja voz, haja luz, haja lata d’água, haja água. Elza se descola dela própria para ser signo de resiliência e vivacidade. As versões de “Dindi”, “Hoje é dia de festa”, “Malandro” e “O meu guri” tocam o coração de qualquer alma – afinada ou não.
“Elza”. Quinta-feira a sábado, às 20h. Domingo, às 19h. Estreia dia 31.01. Em cartaz até 24.02. Ingressos a partir de R$ 70, aqui.
Imperator. Rua Dias da Cruz, 170 – Méier.
E por falar em voz… Elis Regina já havia sentenciado: “Se Deus cantasse, ele cantaria com a voz de Milton Nascimento”. Embora tenhamos dúvidas sobre a existência de Deus, a beleza instalada em Milton segue como fonte de transcendência, por mais que o cantor – hoje, com 76 anos – não alcance as mesmas notas cristalinas do passado. O espetáculo “Bituca – Milton Nascimento para crianças” se inspira na obra e na história do cantor e compositor para falar sobre os desafios e ternuras do processo de adoção (Milton foi adotado) e as dificuldades de inserção de uma criança negra em um ambiente majoritariamente branco. Serão apenas duas apresentações na Cidade das Artes.
“Bituca – Milton Nascimento para crianças”. Sábado (02.02) e domingo (03.02), às 17h. Ingressos a R$ 40.
Cidade das Artes. Av. das Américas, 5.300 – Barra da Tijuca.
“Reza” acompanha a saga urbana de três diferentes mulheres negras chamadas Pérolas, moradoras da periferia carioca, para sobreviver, criar e proteger seus filhos. Livre adaptação do conto “Reza de Mãe”, do escritor paulistano Allan da Rosa, a peça coloca em cena três músicos e sete jovens artistas, especializados em canto, teatro e música, autodeclarados negros e com identidades sexuais diversas, oriundos de diferentes classes sociais e territórios brasileiros. O elenco é formado pela Orquestra de Pretos Novos.
“Reza”. Estreia dia 31.01. Quinta-feira a domingo, às 19h. Em cartaz até 24.02. Ingressos a R$ 30.
Sesc Copacabana (Arena). Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana.
“Roma” está na Netflix, sim-sim está, mas vê-lo numa boa telona é diferente, não é mesmo? Após realizar uma sessão na semana passada, o Cine Arte UFF traz outra sábado (02.02). Vale a ida à cidade vizinha! Dirigido por Alfonso Cuarón, o filme mexicano concorre em dez categorias no Oscar.
Sessão extra de “Roma”. Sábado (02.02), às 20h30. Ingresso a R$ 12.
Cine Arte UFF. Rua Miguel de Frias, 9 – Niterói.
Montagem do texto vencedor da última edição do concurso Seleção Brasil em Cena, “Solo” conta a vida de um homem moldado pela morte.
“Solo”. Quarta-feira a domingo, às 19h30. Ingressos a 30.
CCBB (Teatro 3). Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.