Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O delicado contexto social por vezes exige lugar de fala – não uma jaula, mas, sim, uma perspectiva aguçada por uma vivência. As artes, todas elas se bem realizadas, têm a capacidade difundir pontos de vistas historicamente negligenciados, embora nem sempre sejam tão bem distribuídas por aí. A mostra “Periferia da Imagem” é uma chance de contato com 40 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, com presença expressiva de realizadores periféricos, negras e negros de 14 estados do Brasil. Rodas de conversas e debates também fazem parte do projeto.
“Periferia da Imagem”. Em cartaz até dia 29.04, com sessões todos os dias (exceto segunda) em vários horários: programação pode ser consultada no site do evento. Gratuito.
Caixa Cultural. Av. Alm. Barroso, 25 – Centro.
Após a viagem frustrante que foi a série “O mecanismo”, José Padilha chega aos cinemas com “7 dias em Entebbe”, sua nova empreitada internacional. O filme foi exibido fora de competição durante o Festival Berlim deste ano – o diretor, aliás, tem o Urso de Ouro, prêmio máximo do evento, pelo primeiro “Tropa de elite” (2007). A crítica recebeu sem entusiasmo o longa, inspirado num fato real ocorrido em julho de 1976: o sequestro do avião da Air France, cuja rota ia de Tel-Aviv à Paris, obrigado a pousar em Entebbe, na Uganda. No elenco, Rosamund Pike e Daniel Brühl. E você, vai ao cinema ou esperar o streaming?
“7 dias em Entebbe”: confira salas e horários aqui.
Obra-prima lírica e dolorosa dirigida por Lars Von Trier, o musical “Dançando no Escuro” ganha adaptação homônima para os palcos. A história é protagonizada por Selma, uma operária que está perdendo a visão, resultado de uma doença degenerativa e hereditária, e faz de tudo para o filho não ter o mesmo destino. No cinema, o drama foi defendido – corpo, voz e alma – por Bjork, numa interpretação que lhe valeu a Palma de Ouro em Cannes em 2000 (o filme também foi escolhido o melhor do festival naquele ano). Agora, no teatro, o papel é de Juliane Bodini.
“Dançando no Escuro”. De quinta-feira à sábado, às 19h. Domingo, às 18h. Em cartaz até 20.05. Ingressos (R$ 20, com lista amiga) aqui.
Em “Cão sem Plumas”, o vigor estético da coreógrafa Deborah Colker encontra o rigor poético do escritor João Cabral de Melo Neto. Experiente, Colker envereda pela primeira vez num terreno assumidamente brasileiro: sua dança evoca a força e o gesto do sertão e do agreste retratados pelo nobre pernambucano, morto em 1999. A transposição da poesia também é feita com o auxílio do cinema. Coube ao diretor Cláudio Assis (de “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”) captar as imagens projetadas durante o espetáculo. Como bem disse Melo Neto, “um galo sozinho não tece uma manhã”.
“Cão sem plumas”. Quinta e sexta-feira, às 20h30. Sábado e domingo, às 18h. Em cartaz até 22.04. Ingressos a partir de R$ 80, aqui.
Teatro Oi Casa Grande: Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon.
O documentário “Ex-Pajé”, escrito e dirigido por Luiz Bolognesi, é um dos destaques do Festival É Tudo Verdade. Premiado no Festival de Berlim, o filme mostra o drama contemporâneo dos povos indígenas a partir da história de Perpera, um índio Paiter Suruí que viveu até os 20 anos num grupo isolado na floresta onde se tornou pajé.
“Ex-Pajé” no É Tudo Verdade. O filme vai ser exibido sexta-feira (20.04), às 16h, no Instituto Moreira Salles. A programação completa do evento pode ser consultada aqui.
Instituto Moreira Salles. Rua Marquês de São Vicente, 476 – Gávea.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.