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A vida possível dos animais (longe do homem)

Quem escreveu

Renato Salles

Data

12 de June, 2019

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Minha vida mudou quando conheci a Nina.

Eu nunca fui muito uma pessoa de bicho. Nunca tive gato ou cachorro. Eu andava a cavalo, tirava leite da vaca, essas coisas que crianças fazem nas férias. Não tinha medo nem nada, mas também nunca me aproximei muito. Eu nunca tinha amado os animais. Até que chegou a Nina, minha cachorra.

Quem tem animal de estimação sabe do que eu estou falando. Quando você convive com o mesmo animal todos os dias, vê seus hábitos, seus humores, sua comunicação não-verbal, sua percepção de que somos os únicos seres cientes do planeta vai para o espaço. E do Totó para os elefantes, baleias, jacarés e tatus é um pulo. Quando você ama os bichos, você passa a respeitá-los.

Eu ando meio monotemático no assunto dos animais (já até falamos disso no nosso podcast) porque é um dos temas mais urgentes que temos que enfrentar. Estamos tão preocupados com a nossa sobrevivência nesse mundo em decomposição, que nem prestamos atenção para a 6ª extinção em massa que está acontecendo. Desde 1970, já matamos mais de 60% da vida animal selvagem do mundo.

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Capa da edição de junho da revista National Geographic

E ao invés de nos revoltarmos contra isso, assistimos inertes ao descalabro correndo solto ao redor do mundo. O Japão voltou a caçar baleias. Botsuana acabou de derrubar a proibição da caça esportiva de elefantes. O Brasil desengavetou um projeto de lei para liberar a caça de animais silvestres, e ainda pôs um caçador à frente do Serviço Florestal Brasileiro. Como sempre fala a página Quebrando o Tabu: se os animais tivessem religião, o homem seria o diabo.

A revista National Geographic, uma das mais respeitadas do mundo, dedicou a edição de junho inteira para falar do horror por trás do turismo que envolve animais. E não estão falando só de animais acorrentados, fazendo truques artificiais debaixo de chibatas. O impacto negativo dos humanos na vida animal está também nos golfinhos nadando livres ao redor de barcos, nos elefantes fofos tomando banho em supostos santuários. É uma reportagem longa e muito indigesta, mas é primordial que a gente leia. (Em português só tem parte da matéria no site, mas tem ela completa em inglês.)

Se você segue minimamente as redes sociais, é bem provável que esteja acompanhando a série do momento, que trata do acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986 (se não está, vá atrás!). Pois depois de 33 anos, a expectativa que se tinha da Zona de Exclusão é oposta ao que pesquisadores de 7 países europeus revelaram em março: a vida selvagem na área é abundante, diversa e saudável, mesmo convivendo com altos níveis de radiação. Ursos pardos, linces, lobos, alces, bisões, sapos, peixes, minhocas, e mais de 200 espécies de pássaros vivem hoje em harmonia, no que deve ser atualmente um dos maiores santuários do mundo.

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A ONG SPCA International está levando cães deixados em Chenobyl para serem adotados nos EUA e Canadá – foto: Divulgação

É tão bom saber que os animais conseguem sobreviver mesmo sob condições tão extremas que nós os colocamos. Mas também é triste (e evidente!) constatar que a única forma que eles encontram para viver em equilíbrio é não ter contato nenhum com humanos. Talvez seja esse o custo que nós, pessoas preocupadas com o bem-estar dos bichos, tenhamos que pagar.

Vamos ver quanto tempo mais eles vão conseguir viver tranquilos na Zona de Exclusão. Pripyat, a cidade-fantasma ao lado da usina, recebeu cerca de 80 mil visitantes em 2018. E a se considerar o sucesso da série, algo me diz que Chernobyl vai ser o destino do momento nos próximos anos.

*Foto do destaque: Raposa encontrada na Zona de Exclusão – Vic Harkness | Creative Commons


Esse texto foi tirado da newsletter Chicken Wings. Assine a nossa newsletter e receba o conteúdo exclusivo semanalmente no seu email.

Quem escreveu

Renato Salles

Data

12 de June, 2019

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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