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Smart City Expo Barcelona: o que falta para cidades serem realmente inteligentes

Quem escreveu

Tácito Viero

Data

21 de November, 2018

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Um dos tópicos mais quentes da década entre os governos das cidades ao redor do globo é cidades inteligentes. Todas as cidades mais importantes do mundo querem estar escaladas nesse time de estrelas – é o que vimos no Smart City Expo World Congress, em Barcelona. Cidades inteligentes – smart cities para os íntimos – é um guarda chuva para a aplicação de várias tecnologias, estratégias e capital humano para perceber (e com muita sorte, resolver) problemas urbanos.

Palco Principal. Foto: © SCEWC Barcelona 2017
Palco Principal. Foto: © SCEWC Barcelona 2017

Quem passa pela feira vê aquela sopa de palavras mágicas que mexem com o coração de quem vive e respira tecnologia e inovação: inteligência artificial, visão computacional, machine learning, blockchain. Mas para que tudo isso? Que problemas eles resolvem nas cidades?

Cidades inteligentes: é para todos?

O tema da feira neste ano foi ‘Como alcançar cidades que sejam melhores de se viver’, ou seja, como tornar as cidades lugares mais habitáveis para as pessoas. Dentre os mais de 400 especialistas convidados a realizar apresentações de áreas desde tecnologia e governança inteligente a economia compartilhada e mobilidade, os keynotes  deste ano contaram com falas de especialistas como Muhammad Yunus, Nobel da paz em 2006 conhecido como o “banqueiro de Bangladesh”.  Yunus falou sobre o futuro e como atingi-lo através da nova economia, focando em três zeros: zero pobreza, zero desemprego e zero carbono.  Ele propõe o empreendimento social como forma de redefinir as diversas faces do mundo moderno. Como criador do Banco Grameen e pioneiro do conceito de microcrédito, Yunus ajudou pessoas de baixa renda em todo mundo a se fortalecerem por meio do empreendedorismo local.

Outro palestrante de destaque foi o Andrew Keen, reconhecido analista contemporâneo de negócios digitais, cultura e revolução digital. Replicando o conceito de seu livro “How to fix the Future“, Andrew alerta para o lado distópico do futuro das smart cities: vigilância perpétua, monopólios corporativos e gentrificação digital.  A fala de Keen abordou de forma nua e crua como o futuro não está chegando para todos, dando o exemplo de uma das cidades mais conectadas do mundo – São Francisco. Ao mesmo tempo que a cidade tem a mais alta tecnologia do mundo, expulsa seus moradores com aluguéis inflacionados e outros tantos passam fome. Para lutar contra isso, ele sugere uma estratégia baseada em regulação, inovação competitiva, escolha dos consumidores, responsabilidade cívica e educação – o que colaborará para um futuro digital descentralizado.

Andrew Keen no Palco Principal. Foto: © SCEWC Barcelona 2017
Andrew Keen no Palco Principal. Foto: © SCEWC Barcelona 2017

Já Rufus Pollock, economista fundador da Open Knowledge International, uma fundação que empodera pessoas e organizações através de acesso a ferramentas e técnicas, manteve-se consistentemente na mesma linha de pensamento, e abordou como a revolução robótica está chegando para o famigerado 1% da população mais privilegiada do planeta.

Humanizando as cidades: como chegar lá?

Para resolver esses problemas, a tecnologia vem como ferramenta de auxílio, e não como a solução em si mesma. Mais importa é a perspectiva do compartilhamento e acesso democrático – é o que trataram alguns dos sub-eventos como o iWater, com discussões relevantes sobre o futuro da água, o Mobility Congress, focado nos problemas e soluções do futuro da mobilidade urbana, o Circular Economy European Summit, com foco nos projetos de economia circular e o Sharing Cities Summit, trazendo discussões sobre como conectar administração pública, pesquisa, negócios e a sociedade civil.

Foto: © SCEWC Barcelona 2017
Foto: © SCEWC Barcelona 2017

Algumas das soluções tecnológicas para isso se apresentaram na feira. Imagine que um veículo possa ser completamente modular e eficiente (meio que um transformer para limpeza urbana)? É o que apresenta a FCC Medioambiente com a primeira plataforma de mobilidade urbana elétrica super eficiente, modular e integrada, permitindo assim a construção dos mais variados tipos de veículos para composição de frotas inteligentes e hiper conectadas. Já a HopOn, startup que oferece uma plataforma capaz de capturar e reunir informações sobre os hábitos de passageiros de maneira automática, pode revolucionar a indústria de transporte público; e com a proposta de diminuir a solidão nas cidades, a startup LightApp integra municipalidades e voluntários aos cidadãos idosos, por meio de um serviço gratuito.

O exemplo da Catalunha

Foto: © SCEWC Barcelona 2017
Foto: © SCEWC Barcelona 2017

Se você se interessa pelo tópico, Barcelona  é uma cidade que merece a visita com este olhar.  Ela é um exemplo de boa administração e projetos que perduram mesmo com a troca de prefeitos e equipe – onde outros países teriam muito a aprender. Muito disso se deve a visão do ex prefeito Joan Clos e ao seu braço direito, Josep Miguel Piqué, que até hoje atua prestando consultoria em como as cidades podem atingir esse tipo de sinergia. Lugares importantes e que valem a visita são o Pier 01 Barcelona Tech City, um estaleiro antigo reformado que hoje abriga 200 empresas e emprega mais de 1000 pessoas, e 22@, uma aceleradora pública de fomento à inovação focada na cidade e na região, que realiza projetos equiparáveis aos do Sebrae no Brasil.

*Foto destaque: Eixample / Barcelona – Alamy

Quem escreveu

Tácito Viero

Data

21 de November, 2018

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Tácito Viero

Empreendedor desde criança. Já vendeu trabalho pro coleguinha e já foi pego colando. Nas horas vagas cria ferramentas pra resolver seus próprios problemas, que em geral envolvem decisões de onde ir, o que fazer e qual o jeito mais rápido de chegar. Curioso sobre a vida, o universo e tudo mais.

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Comentários

  • Excelente artigo!! Parabéns por retratar tão bem esse evento mundial. Entrarei em contato.

    - Douglas
  • Excelente artigo!! Parabéns por retratar tão bem esse evento mundial. Entrarei em contato.

    - Douglas

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