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Legado das Águas: um presente de Mata Atlântica

Quem escreveu

Jo Machado

Data

06 de November, 2018

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Falar do meio ambiente nesses últimos dias – além de toda tensão das eleições em, sim, algumas decisões tomadas e, felizmente, repensadas pelo nosso novo presidente (ronc!) – deixam o assunto um pouco tenso. Como se não bastassem todos os números de aquecimento global e desmatamento que estão por todos os lados nas manchetes mundo afora.

Todavia, existem movimentos que vão contrários a essa degradação da natureza e trazem um alento para a Mãe Terra e para o coraçãozinho de quem preserva e zela por um meio ambiente saudável. E é sobre um movimento desses que eu gostaria de contar nesse post: o Legado da Águas.

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A convidativa natureza do Legado – Foto: Luciano Candisani

Para quem não conhece, o Legado das Águas é uma reserva natural da Votorantin situado na região do Vale do Ribeira, ao sul do Estado de São Paulo, entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí. Com aproximadamente 31 mil hectares de área preservada, é a maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com o tamanho do município de Curitiba, e abriga 1,5% dos 9% da faixa de Mata Atlântica restantes em São Paulo.

Com uma fauna e flora exuberantes, mais de 50 parceiros realizam projetos e pesquisas que visam o conhecimento público do bioma. Um desses projeto é o Floresta Digital, que visa criar o maior banco de dados digital de espécies de Mata Atlântica. Dentro da reserva, mais de 765 espécies de animais e plantas já foram identificadas, o que indica um alto grau de conservação. É o caso do macaco-muriqui, o maior macaco das Américas, a onça-parda, o cachorro-vinagre e a raríssima (e linda de viver!) anta albina, única encontrada em seu ambiente natural no mundo. No mun-do.

Gasparzinho é o apelido carinhoso para a anta albina do Legado – Foto: Luciano Candisani

Além do parte ecológica, o Legado também se dedica à educação e desenvolvimento socioeconômico dos moradores da região. Os trabalhadores do Legado, em sua maioria, vêm de agrupamentos dentro da reserva e são capacitados para transformar a preservação do meio ambiente em progresso para as suas vidas e para as comunidades onde vivem. Além disso, é perceptível na forma com que esses trabalhadores se conectam com a floresta, a importância desse desenvolvimento. Durante a visita que fiz há alguns dias, fomos guiados pelo Zeca, monitor ambiental que nasceu e cresceu na região. Segundo ele, as ações de conexão dos locais com a floresta fomentados pelo Legado não vão só garantir a preservação da floresta, mas o crescimento, o desenvolvimento e a longevidade das tradições das pessoas que vivem por lá. É lindo de ouvir o quão orgulhosas dessa conexão essas pessoas são.

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Cachoeira Dezembro – Foto: Jo Machado
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Detalhes da Trilha Dezembro – Foto: Jo Machado

Até pouco tempo, a renda da reserva se dava exclusivamente pela reprodução e venda de espécies para fins de paisagismo. Mas com a capacitação dos moradores, o ecoturismo vem gradativamente tomando força, e passeios e trilhas já fazem parte da rotina do Legado. Dentro da reserva, quatro atividades fazem a alegria dos amantes de turismo ecológico: caiaque, trilhas a pé ou de bike e observação de aves.

De caiaque, o passeio percorre aproximadamente 7,5km das águas calmas da Represa do Porto Raso, com direito a parada na Cachoeira dos 10m, lanche e almoço na Comunidade Ribeirão da Anta.

Para os mais radicais, a bike é uma ótima alternativa. Com seis opções de percurso, o ciclista pode percorrer distâncias que vão até 36km, com níveis de dificuldade intermediários.

Quem curte uma boa caminhada em meio à mata, as trilhas do Legado são uma experiência a parte. A travessia Dezembro-Cantagalo une duas trilhas: a volta menor, de 12 km e de nível intermediário, que leva em média 8 horas para ser concluída; e a volta maior, um desafio de 23 km com inclinação de 1.312 metros em terreno irregular. Essa é de nível alto, e leva em média 2 dias para ser finalizada. Nessa opção, é necessário pernoitar na mata. Uhul!

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Travessia Dezembro-Canta Galo – Foto: Jesus Tadeu Lopes

Já a Trilha Cambucí é de baixa dificuldade e leva menos de 2 horas para concluir seus 3 km de ida e volta. Perfeito para quem quer começar a introdução à trilhas.

Se você curte algo mais “calminho”, tem alguma dificuldade de mobilidade ou locomoção, a observação de pássaros, o Jardim Sensorial e a trilha suspensa Figueira Gigante podem ser ótimas pedidas. Um adendo: no legado já foram catalogadas mais de 280 espécies de aves!

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Foto: Luciano Candisani

Ou ainda é possível visitar o viveiro de mudas nativas, de onde desde 2016, em parceria com a Escola de Agricultura da USP, são produzidas cerca de 110 espécies de plantas. Plantas essas que, como citei anteriormente, seguem para reflorestamento ou para venda. Vale ressaltar o cuidado dos profissionais com o manuseio e o armazenamento das mudas, que recebem um QR Code único, possibilitando seu rastreio e acesso às suas características biológicas. Por lá, procure o Antônio Godoy e conheça uma das histórias de vida mais encantadoras que você já ouviu.

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Viveiro de Mudas – Foto: Divulgação

Diversão em meio à natureza não faltam no Legado!

Poderia ficar horas e horas escrevendo sobre a experiência que é passar um dia nesse paraíso. Mas além da gratidão de poder ter vivido um dia assim e de sonhar com o próximo encontro, só posso dizer mais uma coisa: vá e comprove!

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Paulina Chamorro e eu, felizes da vida, no início da Trilha Dezembro – Foto: Jo Machado

Ah! O Legado só recebe público para essas atividades com agendamento prévio. Portanto, se tiver – e deve estar – interessado em visitar sozinho ou em grupo, basta entrar em contato pelo e-mail: [email protected] ou verificar no site os passeios disponíveis.

E não esqueça de usar tênis confortáveis e impermeáveis, protetor solar, repelente, boné/chapéu, capa de chuva e levar roupa de banho. As cachoeiras pedem!

Pra finalizar, meus sinceros agradecimentos ao pessoal do Legado das Águas pelo convite. Voltarei em breve!

Legado da Águas
Passeios com datas flutuantes. Confira agenda!

Via BR-116 Rodovia Regis Bitencourt (130 km/ 2h40 min) – O ponto de encontro dos passeios é no Graal Japonês (km 348)
Os valores dos passeios variam conforme o tipo de passeio e lotação. Verifique previamente.

Quem escreveu

Jo Machado

Data

06 de November, 2018

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Jo Machado

O Jo é do tipo que separa pelo menos 30% do tempo das viagens para fazer o turista japonês, com câmera no pescoço e monumentos lotados. Fascinado pelas diferenças culturais, fotografa tudo que vê pela frente, e leva quem estiver junto nas suas experiências. Suas maiores memórias dos lugares são através da culinária, em especial a comidinha despretensiosa de rua. Seu lema de viagem? Leve bons sapatos, para agüentar longas caminhadas e faça uma boa mixtape para ouvir enquanto desbrava novos lugares. Nada é melhor do que associar lindas memórias à boas canções.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.