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48 horas em Oaxaca, México

Quem escreveu

Gaía Passarelli

Data

04 de September, 2018

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Oaxaca, capital do estado mexicano de mesmo nome, é uma cidade eclética onde as tradições das diferentes regiões do estado, que concentra a maior parte das etnias indígenas mexicanas, se encontram e misturam.

É também uma cidade elétrica, onde as comedorias tradicionais das ruas e mercados convivem com restaurantes novidadeiros de jovens chefe locais, a sabedoria ancestral da produção de mezcal é apreciada em mezcalerias de tons moderninhos e uma nova geração de expatriados empreendedores tornam galerias de arte e cafés parte da paisagem. Oaxaca é uma cidade com tradição de festas de rua, ideal para visitar durante Carnaval, Semana Santa ou no Dia dos Mortos. As festividades acontecem sempre nas ruas ao redor das duas praças principais da cidade, Santo Domingo, onde está a igreja-símbolo da cidade, e o Zócalo, coração da cidade, onde acontecem de apresentações de danças escolares a protestos políticos.

Na real Oaxaca é uma boa o ano todo: tem bons museus, um centro histórico tombado como Patrimônio Mundial da Unesco, igrejas centenárias construídas sobre templos pré-hispânicos e todo tipo de artesanato original e colorido mexicano. E é uma cidade para comer, comer muito, o céu para foodies latinos, vegetarianos ou carnívoros, que vêm de todo canto para provar a rica, colorida e saborosa comida oaxaqueña que, dizem, é a melhor do país.

O ideal é encontrar uma posada no Centro histórico e fazer tudo a pé, inclusive para viajantes solo (leia o post no meu blog com um guia para conhecer Oaxaca sozinho/a).

DIA 01

08h – Comece cedo tomando café da manhã na Casa Oaxaca Café. Fica dentro do hotel de mesmo nome, que também abriga outros dois restaurantes sob comando do chef Alejandro Ruíz, sinônimo da renovação da comida oaxaqueña. As tortillas de milho são estrelas do cardápio, mas não deixe de provar o delicioso chocolate quente, que no México é feito com água, especiarias e farinha de amêndoas, e os ovos rancheros com o delicioso queijo fresco local que é branco, salgado e leve.

Casa Oaxaca – Calle Jazmines, 518

10h – Ali pertinho fica um dos lugares mais bonitos da cidade, o Jardín Etnobotánico de Oaxaca, que exibe exemplos da flora local, com destaque para os cactos. As visitas são somente guiadas (custa $55 e leva uma hora). Há visitas em espanhol todos os dias, menos segundas, às 10h, 12h e 17h. Também há horários e dias especiais para visitas guiadas em inglês, francês e alemão, consulte o site.

oaxaca, méxico
Jardín Etnobotánico – foto: Gaía Passarelli

Jardín Etnobotánico de Oaxaca – Calle Reforma, s/n

11h – Após a visita ao jardim, estique por ali mesmo e aproveite a hora de sol mais forte para conhecer o Museo Regional de Oaxaca que, junto com o jardim e a igreja, é parte do complexo arquitetônico do Templo de Santo Domingo de Guzmán. Construído sobre ruínas zapotecas, o antigo convento da Ordem Dominicana hoje abriga tanto a igreja, que recebe fiéis católicos e turistas que vão ver o enorme altar folheado a ouro, quanto um extenso museu com peças pré-hispânicas, inclusive relíquias tiradas das ruínas de Monte Álban, antiga capital da região.

Museo Regional de Oaxaca – Macedonio Alcalá, s/n

14h – Vá matar a fome no “corredor da fumaça” do Mercado 20 de Noviembre, onde carnes assadas na lenha são servidas em mesas simples para locais e turistas. Encare as muitas salsas, que podem ser apimentadas ou não, e acompanhamentos como tortillas, milhos, batatas e pães. Vegetarianos (ou quem quiser algo mais leve) encontram ali no corredor vizinho mesmo as tlayulas, versão oaxaqueña dos tacos, maiores e abertas, que parece uma pizza e pode levar todo tipo de recheio como cogumelos, queijos ou flores de abobrinha. Para beber: água de jamaica (refresco de hibisco), refrescos de frutas e horchata, a bebida local feita de farinha de amêndoas e especiarias, normalmente servida em cabaças. O mercado bom para fazer compras, onde você vai encontrar de instrumentos musicais a panelas, de mantas a remédios naturais, é o Benito Juaréz e fica na mesma rua, a uma quadra de distância.

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Por dentro do Mercado 20 de Noviembre – foto: Flickr – Eddy Milfort

Mercado 20 de Noviembre – Calle 20 de Noviembre, 512

16h – Tome um café digestivo no Café Brújula. A marca que só trabalha com cafés premium do estado de Oaxaca e tem três lojas na cidade – essa, perto do Zócalo, fica dentro de uma galeria, é ideal para sentar e descomprimir a cabeça após a intensidade de cheiros e sons dos mercados. Atenção para as camisetas, postais e postes bem humorados misturando café e política.

Café Brújula – Calle Macedonio Alcalá, 104

17h – Ande rapidamente até o pequeno e belo Museo Textil de Oaxaca que oferece uma visão sobre a arte têxtil indígena, antiga e contemporânea. A entrada é gratuita. Prepare-se para ficar besta com a riqueza de tecidos e bordados e para querer gastar os tubos com a excelente seleção da loja na saída.

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Instalação dentro do Museo Textil – foto: Gaía Passarelli

Museo Textil de Oaxaca – Miguel Hidalgo 917

18h – Um bom lugar para ceder aos impulsos consumistas e garantir que seu suado dinheirinho – vá para quem produz – é a loja-cooperativa Mujeres Artesanas de las Regiones de Oaxaca, também perto do Zócalo. A cooperativa trabalha com 400 artesãs e busca oferecer variedade abrangente das artes oaxaqueñas: cerâmicas, pequenas estátuas religiosas, máscaras, joalherias e principalmente mantas, xales, blusas e os belos vestidos bordados mexicanos. Por isso mesmo é um bom lugar para fazer uma parada única de compras. Os preços são mais baratos do que nas lojas para turistas e um pouco mais caros do que nos vilarejos. Não raro a peça traz o nome de quem a fez. Pechinchar não é hábito no México, mas dá para pedir um desconto numa compra grande.

M.A.R.O – Calle Cinco de Mayo, 204

20h – Encerre o dia esticando as pernas em um dos muitos bares perto do Templo de Santo Domingo, que ficam cheios de grupos de ativistas políticos locais, artistas, universitários e afins. Minha recomendação é o La Popular, que serve sucos, cervejas, caldos, tlayulas e tostadas num antigo casarão de esquina de frente para a praça na Calle Macedonio Alcalá, a principal rua de pedestres do centro histórico de Oaxaca. Uma das melhores coisas de Oaxaca é a cultura de festas de rua da cidade e não tem como não entrar nessa: em algum momento você será cercado por uma celebração, que pode ser de batizado de criança a casamento, de data religiosa a apresentação de dança típica.

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La Popular – foto: Gaía Passarelli

La Popular – Calle de Manuel García Vigil 519

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Haciendo amigas – foto: Gaía Passarelli

Dia 02

08h30 – Tome um café da manhã rápido, em pé mesmo, no pequeno balcão da Boulenc, padaria e confeitaria fundada por expatriados suecos que faz o melhor pão da cidade. Há sucos frescos com frutas da época e kombuchas caseiras. O ótimo café espresso é feito com grãos locais e há ótimas tostadas e sanduíches com ingredientes orgânicos, inclusive opções veganas.

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Xícara do Boulenc – foto: Gaía Passarelli

Café Boulenc – 207, Porfirio Diaz

09h – Reserve a manhã para ver Monte Álban. As ruínas da antiga capital zapoteca, com campo de “futebol” e pirâmides que dão vista para a cidade atual, são obrigatórias e ficam bem pertinho, apenas dez quilômetros de Oaxaca. Há vários tours de agências de viagem, mas ir sozinho é muito fácil. Basta procurar os ônibus que saem de hora em hora (entre 08h30 e 15h30) para Monte Álban na rodoviária do centro da cidade ($55) ou pegar um táxi no Zócalo, negociando preço de ida e volta com o condutor. Não deixe de ver o bom museu na entrada para entender a história da cidade, que no auge abrigou mais de 40.000 pessoas. Para saber mais, contrate um guia na porta – vai acrescentar muito à sua visita por cerca de $100. Sapatos confortáveis, protetor solar e muito espaço livre na máquina fotográfica são essenciais. Dá para ver tudo em cerca de três horas.

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Monte Álban por dentro – foto: Flickr – Angélica Portales

foto zócalo
Oaxaca

Informações sobre Monte Álban
Rodoviária Turística de Oxaca – 501, Francisco Javier Mina

12h – Uma das refeições obrigatórias de Oaxaca é o mole, um molho cremoso que normalmente leva alguma fruta, pimenta e temperos como cominho, canela e pimenta do reino. Cada pessoa tem seu lugarzinho do coração para comer mole, mas um dos mais famosos em Oaxaca é o La Casa de La Abuella, no segundo andar de uma casa com vista para o Zócalo. A señora assando tortillas na pedra logo na entrada é prova de que esse é um restaurante de pegada mais tradicional, frequentado por famílias e locais. Procure uma mesa perto da janela e peça um dos quatro moles: almendrado, colorado, amarillo ou mole negro (com chocolate). Depois de comer, desça até o Zócalo e faça a digestão debaixo das árvores, perto do coreto onde às vezes as crianças da cidade fazem apresentações musicais. Se quiser adoçar a vida um pouco, invista nos sorvetes ou refrescos vendidos nas barracas da praça.

La Casa de La Abuela – Avenida Miguel Hidalgo 616

Oaxaca, México
Zócalo – foto: Flickr – Ronald Woan

15h – Suba a rua de volta até os arredores de Santo Domingo para visitar uma das lojas mais bacanas de Oaxaca: a livraria Amate. Aqui é o lugar para comprar (ou apenas ver: visitantes são bem-vindos para sentar numa poltrona ou perto da janela e folhear as edições) livros com a história de Oaxaca, em inglês ou espanhol, sobre assuntos como tradições têxteis, gastronomia, arqueologia e botânica. Algumas quadras acima, de frente para a praça, você encontra o Espacio Zapata, uma das muitas galerias/oficinas de grafite e outras modalidades de street art, que na última década tem se tornado uma das principais formas de expressão oaxaqueña.

Amate – Macedonio Alcala 307-2

Espacio Zapata – Porfirio Diaz 509

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Taller Gráfica Oaxaca – foto: Gaía Passarelli

17h – Com o perdão do clichê: uma visita a Oaxaca não está completa sem mezcal. A bebida nasceu aqui e é a estrela maior do estado, exportada para todo o México e mundo. Há diversas mezcalerias que servem o destilado de agave como se deve: puro e em pequenas doses. a In Situ afirma ter a maior coleção de mezcal da cidade, dividida por região. Sente no balcão e puxe assunto, assim como nossa cachaça, o mezcal é uma tradição fascinante e deliciosa. O site Mezcalistas é uma boa fonte de informação sobre os eventos, degustações, lojas e tours de mezcal em Oaxaca.

In Situ – Morelos 511

19h – Para evitar a ressaca do mezcal, termine a noite com boa comida oaxaqueña. O Zandunga, pertinho de Santo Domingo, é um restaurante dedicado aos sabores do ístmo oaxaqueño, região mais ao sul do estado, lar de muitas etnias indígenas, entre os oceanos Pacífico e Atlântico. É uma oportunidade de experimentar sabores particulares da região como variedades de moles, tamales e antojitos (pequenos tacos recheados). A estrela da casa é o “cochito horneado con piña” – carne com abacaxi.

Zandunga Sabor Istmeño – García Vigil, 117

*Foto do destaque: Juan Porter – Creative Commons

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Quem escreveu

Gaía Passarelli

Data

04 de September, 2018

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Gaía Passarelli

Gaía Passarelli é paulistana de nascença, autora do livro "Mas Voce Vai Sozinha?"(Globo, 2016) e do blog How to Travel Light. Encontre-a em gaiapassarelli.com

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Comentários

  • Amo Oaxaca! Já fui varias vezes e gostei das tuas dicas. Só corrigindo que a bebida tradicional citada se chama tejate e não horchata (que é feita de arroz e é de origem africana, muito difundida na Espanha).

    - João Wisniewski

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