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Museus Incríveis: Museum Insel Hoimbroich, o Inhotim da Alemanha

Quem escreveu

Renato Salles

Data

29 de November, 2017

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Uma propriedade privada de mais de 250 mil metros quadrados nas redondezas de uma grande cidade. Um bosque bem cuidado divide espaço com vários pavilhões de arquitetura elegante. Uma coleção de arte valiosíssima espalhada de forma despojada, para que os visitantes descubram ao longo de seu passeio pelo verde. Pela descrição, dá para pensar que estamos falando de Inhotim, o maior museu a céu aberto de arte contemporânea da América Latina, que fica aqui em Minas Gerais. Mas nesse caso, a descrição é da Museum Insel Hoimbroich, que fica em Neuss, perto de Düsseldorf, na Alemanha.

Museum Insel Hoimbroich, Düsseldorf, Alemanha
Museum Insel Hoimbroich, Düsseldorf, Alemanha

Insel, em alemão, significa ilha. E apesar da pouca água na região, é possível entender de onde veio essa alcunha. Em um subúrbio calmo e provinciano, daquele onde vacas pastando parece ser o maior movimento, é impossível imaginar que exista um polo cultural tão importante. Concebida em 1982, a fundação que abriga tanto a coleção de arte, os prédios e todo o parque em volta é obra do corretor de imóveis e colecionador Karl-Heinrich Müller (1936-2007). O ponto de partida do Museum Insel Hoimbroich foi a Rosa Haus, uma villa de um industrial construída em 1816, tomada há muitos anos pela vegetação. O plano era montar um espaço de fomento para artistas locais. Mas o que foi conquistado vai muito além disso.

Museum Insel Hoimbroich, Düsseldorf, Alemanha
Não parece um jardim de Monet?

Até 1994, o escultor Erwin Heerich criou onze pavilhões espalhados pela propriedade. As construções tem volumes complexos de vidro e tijolo aparente por fora, e espaços absolutamente minimalistas por dentro. Também foi chamado o paisagista Bernhard Korte para revitalizar o bosque, que ganhou ares impressionistas dignos de um jardim de Monet em Giverny. O passeio a partir do prédio da entrada segue um circuito fechado que perpassa todas as edificações, e ainda os jardins de esculturas, as pontes e o rio que corta o parque, que os visitantes podem explorar à sua vontade. Diferente de Inhotim, no Museum Insel Hoimbroich não tem uma vegetação tropical exuberante. A mata é bucólica e delicada, intercalando campos de flores com ciprestes, carvalhos e faias centenários. E o clima temperado ainda faz com a natureza se transforme ao longo do ano, criando experiências diversas de acordo com a estação.

Museum Insel Hoimbroich, Düsseldorf, Alemanha
As esculturas estão espalhadas também no meio dos bosques

O acervo de arte do Museum Insel Hoimbroich é um espetáculo à parte. Entre as milhares de peças expostas estão desde objetos arqueológicos, utensílios e artefatos de civilizações milenares da China, Camboja, Peru e México, até obras de artistas modernistas e contemporâneos renomados. Lá você vai cruzar com nomes como Cézanne, Giacometti, Rembrandt, Calder, Yves Klein, Klimt, Hans Arp, Matisse, Picabia, e Rietveld. Alguns pavilhões tem amontoados de telas e gravuras, sem qualquer legenda. Outro são inteiros dedicados a algumas poucas obras, como as gigantescas e deslumbrantes telas do pintor alemão Norbert Tadeusz. Em muitos deles você pode se encontrar completamente sozinho, sem nem sequer um segurança para te intimidar. É uma experiência de museu sem qualquer cerimônia, um convite a um mergulho sinestésico na arte.

Museum Insel Hoimbroich, Düsseldorf, Alemanha
A galeria com os trabalhos do Norbert Tadeusz

Dentro da ilha, ainda existem ateliês de artistas que viveram e trabalharam lá – como o próprio Heerich, o escultor Anatol Herzfeld e o pintor Gotthard Graubner – e uma simpática e iluminada cafeteria. Depois de um passeio que pode tomar boa parte do teu dia, o único lugar que se tem para comer é lá. E não pense que você vai encontrar máquinas com refrigerante e salgados. O lanche ali está incluso no preço do ingresso, você pode se servir à vontade, mas é simples como todo o museu. O bufê serve fatias de pão caseiro, batatas cozidas, manteiga, algumas frutas, água e café. Sem glamour nenhum, bem alemão, frugal na medida certa.

Museum Insel Hoimbroich, Düsseldorf, Alemanha
Pausa para um lanche na cafeteria

O Museum Insel Hoimbroich inclui ainda o Kerkeby Feld e a Raketenstation. O primeiro é um terreno próximo com mais algumas esculturas-prédio de vários artistas, seguindo a linha prismática de tijolos de Heerich. O segundo, mais afastado, é uma base desativada de lançamento de mísseis da OTAN. Os prédios da base foram reformados com a ajuda de importantes arquitetos – Tadao Ando, Katsuhito Nishikawa, Álvaro Siza e outros – e hoje abrigam artistas, escritores, compositores e estudantes de vários países que lá fazem residência.

Museum Insel Hoimbroich
Minkel 2 – Neuss, Alemanha
De abril a setembro, todos os dias, das 10h às 19h
De outubro a março, todos os dias, das 10h às 17h

Ingresso:
Dias de semana, 15€ (inteira) e 7,50€ (meia). 35€ entrada familiar (dois adultos e até 3 crianças)
Fins de semana, 20€ (inteira) e 10€ (meia). 45€ entrada familiar (dois adultos e até 3 crianças) 

Como chegar a partir de Düsseldorf:
De carro – siga pela estrada A57, pegue a saída para Neuss-Reuschenberg, siga as placas marrons até a entrada do museu
De trem – pegue o Erft-Bahn RB38 ou o Regionalbahn RB 11809 na Hauptbahnhof para Neuss-Holzheim. A pé a partir de lá (25 minutos)
Ou – pegue os Regionalbahnen RB 11809 ou RB 11813 até Kapellen-Wevelinghoven, e a partir de lá pegue o ônibus.
De bonde – pegue o bonde STR 709 para Landestheater Neuss, e a partir de lá pegue o ônibus.

*Todas as fotos – Renato Salles

Quem escreveu

Renato Salles

Data

29 de November, 2017

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.