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Museus Incríveis: MASP

Quem escreveu

Renato Salles

Data

27 de September, 2017

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Sim, existem museus absurdamente incríveis no mundo todo. Alguns com uma arquitetura espetaculosa, outros com um acervo maravilhoso… mas a verdade é que a nossa tão difundida síndrome de vira-lata não nos permite olhar para nosso próprio gramado e ver o verde esmeralda da relva. Aqui no Brasil, em São Paulo, fica um dos museus mais incríveis do mundo, tanto pela arquitetura quanto pelo acervo. Em contrassenso, é um museu com poucos visitantes, tanto que ele vem passando por uma crise já longa, que não condiz em nada com a gema preciosa das artes que é. O Museu de Arte de São Paulo, carinhosamente conhecido como MASP, completa 70 anos nesse mês de outubro, e prepara uma comemoração cheia de atividades gratuitas. Então, que tal aproveitar o ensejo para celebrá-lo?

O MASP visto da Avenida Paulista – foto: Flickr – Francisco Anzola

O MASP foi inaugurado em 2 de outubro 1947 pelo magnata Assis Chateaubriand e pelo jornalista e colecionador italiano Pietro Maria Bardi. Aproveitando a queda absurda no preço de coleções de arte inteiras do pós-guerra europeu, a dupla começou a montar um acervo com o intuito de criar no Brasil um museu de nível internacional. Bardi, que estava no país de passagem, acabou vivendo até a sua morte em 1999 aqui, dedicando 45 anos à diretoria do MASP.

A primeira sede ficava no Edifício Guilherme Guinle, na Rua Sete de Abril no Centro. Com apenas mil metros quadrados, era o primeiro centro cultural brasileiro reunindo, além da pinacoteca, uma sala dedicada à história da arte, dois espaços para exposições temporárias, e um auditório para 100 pessoas. Nas duas próximas décadas, o acervo cresceu exponencialmente, junto com as atividades didáticas desenvolvidas pela instituição. O museu foi abraçando mais e mais andares do prédio, até ficar numa situação insustentável e ter que se mudar.

Lina Bo Bardi posa ao lado do quadro ‘O Escolar’, de Van Gogh, durante a construção do prédio.

Assim o MASP chegou à Avenida Paulista. O projeto da nova sede, assinado por Lina Bo Bardi (mulher do Pietro), viria a se tornar um dos maiores marcos da cidade de São Paulo. Mas o impressionando vão livre de 70m de largura e 8m de altura não foram pura excentricidade projetual da arquiteta. O terreno que ocupa hoje era antes ocupado pelo Belvedere Trianon, projetado por Ramos de Azevedo, e doado à prefeitura por Joaquim Eugênio de Lima. A condição imposta por ele para a doação era que a vista do centro da cidade fosse mantida a qualquer custo. Não restou outra saída a Lina que suspender todo o museu, deixando a área do terreno completamente livre.

A Feira de Antiguidades acontece todos os domingos no vão livre do MASP há mais de 25 anos - foto: Renato Salles
A Feira de Antiguidades acontece todos os domingos no vão livre do MASP há mais de 25 anos – foto: Renato Salles

As quatro famosas colunas vermelhas são, na verdade, 2 gigantescos pórticos, que sustentam toda a cobertura do museu e duas monstruosas vigas que sustentam as duas lajes principais. O prédio do MASP virou o símbolo máximo da arquitetura brutalista paulista, com seu concreto aparente, seu piso de borracha preta, sua falta de requinte. Lina queria trazer para o museu uma experiência de arte totalmente inclusiva, despida de recursos que a pudessem elitizar. O espaço museológico do MASP, com seus cavaletes de vidro espalhados no salão sem critério, é único. Visitá-lo é como passear por um jardim formado por obras-primas.

MASP subsolo
O subsolo recebe exposições temporárias, além de ter o restaurante e o auditório – foto: Renato Salles

Hoje o acervo do MASP é considerado o mais importante da América Latina e do Hemisfério Sul em arte ocidental. A coleção abrange desde a arte clássica – como Rembrandt, Rafael, Botticelli, Velázquez e Goya – até trabalhos dos grandes mestres do modernismo, como Renoir, Picasso, Van Gogh, Modigliani, entre tantos outros. Tem também uma seção grande de arte brasileira, e peças de arte africana, asiática e de arqueologia. Lá dentro ainda fica uma das maiores bibliotecas especializadas em arte do Brasil. E como se isso não fosse suficiente, o MASP ainda abrigou algumas das mais importantes exposições temporárias do país, como Rodin, Chagall, Vik Muniz, e recentemente Toulouse-Lautrec.

O acervo permanente do MASP está todo exposto nos cavaletes de vidro do 2º andar - foto: Renato Salles
O acervo permanente do MASP está todo exposto nos cavaletes de vidro do 2º andar – foto: Renato Salles

A comemoração dos 70 anos do MASP não poderia ser simples. A largada será dada no domingo, dia 1º, aproveitando a Paulista aberta com shows de Juçara Marçal, Paulinho Tó e Teto Preto no vão livre. Ainda vão rolar oficinas, jogos, brincadeiras, teatro e muita música, tudo gratuito. No dia 2, o aniversário oficial, o MASP vai funcionar em horário estendido, das 10h às 22h, com entrada gratuita. As persianas do 2º andar serão abertas, permitindo quem passa na rua ver os visitantes flanando entre as obras. Ao longo do mês de outubro, ainda vão ter palestras, seminários, programas para as crianças, concertos da OSESP, e o encerramento será com a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com exibições de filmes no vão livre a partir das 19h30, junto com projeções que recontam a trajetória do museu. Ufa! Uma festa e tanto.

MASP Paulista aberta vão livre
O vão livre do MASP é uma estensão da Paulista Aberta aos domingos – foto: Renato Salles

Depois de tudo isso, não é possível que você não tenha ficado com pelo menos um pouco de orgulho de ter um museu de respeito desses no teu país. Agora me fala: será que não está mais do que na hora de você pagar uma visitinha no MASP para (re)conhecê-lo?

MASP – Museu de Arte de São Paulo
Av. Paulista, 1578 – Cerqueira Cesar
Metrô Trianon-Masp

De terça a domingo, das 10h às 18h

*Foto do destaque: Flickr – mlsirac

Quem escreveu

Renato Salles

Data

27 de September, 2017

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.