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Mergulho em Komodo: uma imensidão subáquatica inexplorada

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

26 de June, 2017

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Uma maçã vermelha desliza na areia com duas antenas. Um cardume de peixes quadrados azul-neon atravessam sua frente.  Milhares de estrelas felpudas de cores mais diversas enfeitam o chão em uma Sapucaí marítima. Esponjas com texturas tão perfeitas formam com corais estruturas de proporções florestais.  É impossível não se emocionar com um mergulho no mar de Komodo. As formas tão diversas, tão únicas e tão pouco familiares de outros seres vivos é um convite constante a refletir sobre sua relação com a natureza, com a fauna, e com o universo.

Foto: Christian Puentes

Viajei recentemente para lá, e já contei um pouco aqui sobre como chegar e o que vi. Hoje, vou falar sobre o que a ilha oferece de mais especial: o que está embaixo da água. Para começar, um teaser:

Filmagem drone Créditos Christoph Wuerbe

Um dos melhores pontos de mergulho do mundo

Sim, é o que dizem. Não é à toa. Dizem que essa parte do mar da Indonésia, ao cruzar as correntes frias do Oceano Índico com o quente Mar de Flores, resulta na biodiversidade marítima com maior número de espécies do nosso planeta. Ao todo, são mais de 17.000 mil registradas, e todo ano descobrem mais algumas centenas. Surpreso? Também fiquei, mas resta notar que os humanos começaram a mergulhar de forma comercial 30-40 anos atrás, diferente do reconhecimento de espécies terrestres (feito há milhares de anos). E ainda se considerarmos que a grande maioria dos mergulhos é apenas até 40 metros de profundidade, imagine a quantidade de animais e vegetais que ainda existem no rolê.

Mergulho em Komodo. Foto Christian Puentes

Os locais de mergulho em Komodo são divididos em norte e sul. Komodo Norte é conhecido por suas poderosas correntes e redemoinhos, que realmente não são fáceis para mergulhadores sem experiência. Porém a visibilidade é impressionante e é onde há mais zonas pelágicas. Lá vimos golfinhos, lindas e curiosas arraias jamantas (em um único mergulho vimos 16!), tubarões dos mais diversos tamanhos, e até um peixe-boi – uma raridade ali!

Mergulho em Komodo. Foto Vanessa Mathias

No sul de Komodo, as águas são mais frias e vem do Oceano Índico – então ter uma boa roupa deixa o mergulho mais confortável. É também onde tem mais plâctons na água, e onde há plânctons, há corais felizes. E onde há corais felizes, há toda uma cadeia de peixes predadores felizes. E onde há peixes felizes, há mergulhadores ultra felizes – afinal, o mar é vibrante e extremamente colorido.

Mergulho em Komodo. Foto Christian Puentes

Alguns dos meus mergulhos favoritos foram Castle Rock, um pináculo de quatro metros com imensa beleza, onde vimos de tartarugas a peixe-sapo. Lighthouse é um sítio com correntes que, ao pegar a direção certa, é um passeio colorido sem nenhum esforço: o final do mergulho é uma estação de limpeza das arraias jamanta, e vimos mais do que uma por lá. Outro lugar para conhecer as arraias é o Manta Alley: o nome já indica, é a viela por onde elas passam. Com um divemaster experiente, é só você se colocar no lugar correto para que elas se aproximem, tão curiosas com você quanto você com elas. Batu Balong é um mergulho profundo de até 40 metros, em uma parede única de corais. Lá há várias paredes de corais que é possível entrar, onde você se sente em uma caverna colorida em Plutão. A Praia Rosa é um lugar lindinho, possível de se fazer snorkel, onde vi o por do sol mais lindo da vida.

Praia Rosa. Foto: Vanessa Mathias

Para se reconectar, há quem faça retiro de silêncio. Outros uma peregrinação de dias. Outros uma visita a lugares espirituais. Para mim, nada foi tão forte do que esse mergulho – literal – em um universo completamente distinto do que vemos no dia a dia. Me fez refletir sobre nosso papel na Terra, a nossa prepotência de assumirmos como reis absolutos de todo o planeta, e da imensidão do cosmo muito além do nosso universo observável. Uma lição de humildade realmente transformadora.

Vontade de mergulhar lá? Questões práticas

Liveaboard ou day trips?

Já disse mas vale repetir: a primeira coisa a saber é que Komodo é pouco recomendado para novatos. Lá é bom chegar com alguma experiência: mais de cem mergulhos na carteira e certificação avançada e ainda assim, a correnteza me assustou mais de uma vez. Então antes de ir para lá, sugiro fortemente já ter feito o curso avançado, PADI ou SSI, até porque a maioria dos mergulhos é acima de 18 metros (que é o permitido para mergulhadores open water). De dezembro a fevereiro é a época perfeita para ver as arraias jamanta – um contato íntimo e uma experiência inesquecível. Foi por isso que decidi que meu ano novo seria diferente: em vez de fogos no ar, as estrelinhas do plâncton luminescente no mar.

Mergulho em Komodo. Foto Christian Puentes

Depois, você precisa decidir se quer fazer day trips (ou seja, ir e voltar a Labuan Bajo) ou liveaboard, morar em um barco de 3 a 7 dias. A primeira é boa para quem está com quem não mergulha ou tem tempo apertado. Mas o liveaboard é bem mais prático, permite visitar outros pontos da ilha (principalmente a área norte), e ainda rola fazer amigos!

Escolhendo a escola e o barco

A escolha da escola é importantíssima: divemasters com experiência vão ajudar muito a ter uma viagem confortável. Eles saberão, de acordo com a maré, qual o melhor local de mergulho para o momento. Equipamentos revisados e novos são essenciais, e o barco será sua casa por alguns dias: quanto mais conforto, melhor. Após uma revisão cuidadosa, escolhi a UberScuba e, honestamente, foi uma excelente opção. Fiz o liveboard de 5 dias (acho que 3 seria pouco, e 7 muito). O barco Amália era lindinho e novo. Todos os demais da categoria eram muito aquém.

Mergulho em Komodo. Foto Uber Scuba

Todos os barcos são o sistema all inclusive, ou seja, você paga apenas consumo adicional (como álcool, por exemplo). Mas é bem difícil você ter algum tempo para uma cervejinha, pois ao terminar os mergulhos você só pensa em dormir para o dia seguinte.

Café da manhã no Amália. Foto: Vanessa Mathias
Café da manhã no Amália. Foto: Vanessa Mathias

Num dia comum, você acorda entre 5:30 e 6 da manhã e toma um café e uma frutinha enquanto recebe o briefing do mergulho. Desce para o mar, levado do barco grande aos botes. Ao chegar, é surpreendido com um café da manhã genial, com pão feito lá mesmo, omeletes, frutas, noodles, sucos de fruta frescos, e o cardápio muda todos os dias. Hora de relaxar, tomar um sol, e esperar para o mergulho das 10 da manhã.

Mais uma vez, o mergulho é seguido de muita comida.  Pausa para respirar, o debrief do terceiro mergulho. Mais frutinhas e bolinhos. Algumas vezes é seguido de um quarto mergulho noturno. Graças a Poseidon, o mergulho incrivelmente faz você perder peso, o que compensa a absurda quantidade de calorias.

Há barcos com mais conforto (e também mais caros). O meu custou USD$1.100 por 5 dias. Teoricamente as cabines são compartilhadas, mas no nosso caso cada um teve sua cabine, com exceção dos casais. Já falei no último episódio, mas vale lembrar sobre a cidade e como chegar lá.

Labuan Bajo – a cidade

A cidade em si é mais uma porto de entrada às ilhas do que uma atração em si.  Com literalmente 4 ruas, as opções de passeios e atrações é limitada. (Sim, eu quis atenuar o fato de que é feia, suja e sem graça). 

Labuan Bajo. Foto Jon Chia
Labuan Bajo. Foto Jon Chia|

O aeroporto fica bem próximo à cidade: taxistas e moto táxis oferecerão seus préstimos ao sair de lá. Na verdade, qualquer pessoa vira um “transportador oficial”- uma espécie de Uber analógico. “Transport, transport” é o equivalente deles a “tuk tuk, tuk tuk?” Em poucas quadras você chegará ao seu hotel, independentemente de onde tenha desejado ficar. Uma das melhores opções é o Le Pirate, bem no centrinho da rua principal: um dos poucos mais ‘moderninhos’. O bar à noite é animado (para os padrões de Labuan Bajo, claro).

Le Pirate. Foto: Divulgação

Le Pirate. Foto: Divulgação

O mercado de peixes é outra atração: você paga pelo quilo e escolhe o preparo: frito ou ensopado. Não é só uma das refeições mais baratas da sua vida, mas também uma das mais gostosas.

Chegando pelo ar…

Há voos diários de Bali (aliás, não deixe de ver nosso guia aqui) para Labuan Bajo, a cidade principal do parque. Além disso, há duas vezes por semana vôo de Kupang. Dica importante: a empresa mais confiável, ou seja, menos teco-teco, é a airline-boutique Garuda Indonésia.

Chegando pelo mar…

Se você estiver fazendo um rolê pela Indonésia, há alguns barcos que pipocam de ilha em ilha, por exemplo de Lombok. Dependendo da época do ano, você pode ir de Bali de barco para Gilli Islands (linda, linda, linda!) e seguir por quatro dias de barco até Labuan Bajo. Aviso: Não fiz, mas fiquei sabendo que é bem roots, assim só vá se tiver a filosofia mochileira de viajar. Pelni, a empresa de transporte, também navega a cada 15 dias de Bali e Makassar para Labuan Bajo.

**

Mais alguma dúvida? Pergunte nos comentários que a gente responde!

Uber Scuba Komodo Dive Center
Endereço: Jl. Soekarno Hatta, Komodo National Park, Labuan Bajo,
Telefone: +62 813-3961-9724

*foto destaque: Christopher Harriot

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

26 de June, 2017

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Vanessa Mathias

Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.