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12 horas em Marrakesh

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

04 de April, 2017

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Para quem sempre sonhou em conhecer Marrakesh, 12 horas é pouco. A simples menção do nome evoca minaretes antigos, encantadores de serpentes e mercados de rua. Marrakesh tem tudo isso, e ainda aquele lado cool e contemporâneo que a gente gosta.

O coração da cidade pulsa na Djemaa el Fna, a praça principal da medina. Honestamente? Use a praça como ponto de referência, mate sua curiosidade, mas não gaste muito tempo ali. Ainda que tenha uma importância histórica enorme (assim como muitos outros lugares da cidade), o lugar fica tão apinhado de turistas, vendedores e performers em busca de um troco que a Djemaa el Fna perde a graça. Para ter uma experiência marroquina por lá, tome uma sopa de caracol com os locais e siga o baile.

No Marrocos, não se hospede em outro lugar que não um riad, palacetes tradicionais dentro das medinas convertidos em pousadas charmosíssimas com meia dúzia de quartos. O atendimento é afetuoso e personalizado e a decoração é o que você sonhava ao visitar o Marrocos. Os riads podem ser encontrados nos tradicionais sites de reserva de hotéis.

Há muito assédio ao turista, sim. É impossível um ocidental caminhar pela medina sem ser abordado por desconhecidos oferecendo souvenires, indicando restaurantes ou perguntando aonde vai. Sendo mulher, ouvi coisas horrorosas. Por outro lado, conheci pessoas incrivelmente doces e gentis. Vista-se discretamente, mantenha o bom humor e se jogue, porque essa cidade é incrível.

Manhã

Jardim Majorelle. Foto: divulgação

Tome aquele café da manhã delícia no seu riad e rume para a atração mais visitada do Marrocos: o Jardim Majorelle. Esse delírio florido foi criado pelo pintor francês Jacques Majorelle e depois salvo da ruína pelo estilista Yves Saint Laurent e seu marido, Pierre Bergé. O jardim é pequeno, mas tem muita informação. Além de espécies botânicas do mundo inteiro, há um memorial com os restos mortais de Yves Saint Laurent e um museu berbere, cuja entrada à parte vale a pena pagar. No outono de 2017, aguenta coração, Majorelle vai abrigar um museu dedicado ao estilista. Rua Yves Saint Laurent, Marrakesh. Diariamente das 8 às 17h30.

Projeto do Museu Yves Saint Laurent, em Marrakesh, Marrocos. Via designboom

As ruas em torno do Jardim concentram várias lojinhas de decoração e design e merecem ser exploradas. Não perca o 33 Rue Majorelle, que traz produtos de designers marroquinos com uma qualidade infinitamente superior às bugigangas turísticas. O lugar também conta com um café de primeira. Rua Yves Saint Laurent, 33, Marrakesh. Diariamente das 9h30 às 19h.

Palais Bahia. Foto: wikimedia

Hora de conhecer o Palais Bahia, um complexo de prédios, pavilhões e jardins construído no século XIX com o melhor da azulejaria árabe. Não há móveis ou exposição, a atração são as construções em si. Mas a arquitetura marroquina é tão rica em detalhes que você pode ficar horas ali, se perdendo nos desenhos. 5 Rua Riad Zitoun el Jdid, Marrakesh. Diariamente das 9 às 16h30.

Almoço

Nomad Marrakesh. Foto: divulgação

Se não é o seu primeiro dia no Marrocos, você já estará um pouco farto de tagine, cuscus e laranja de sobremesa. Por isso, a cozinha marroquina contemporânea do Nomad é uma boa opção para o almoço. O cardápio é composto por deliciosas releituras da culinária tradicional e o ambiente é descolado. Não deixe de pedir o sorvete de amalou, uma pasta incrível feita com amêndoas, mel e óleo de argan. A loja de decoração Chabi Chic tem uma pequena filial no restaurante. 1 Derb Aarjan, Marrakesh Medina. É possível fazer reserva online. Diariamente das 11 às 23h.

Tarde

Pelas ruas da medina, em Marrakesh. Foto: Claudio – CC flickr.com

Tenha seus cinco sentidos ativados ao caminhar pela medina. É um teatro vivo a se desenrolar diante dos seus olhos – com um ou outro burrico carregando mercadorias. Se muitas cidades européias gentrificaram seu centro histórico, a ponto de expulsar os locais e transformar os prédios em estabelecimentos 100% voltados ao turismo, a medina transborda vida cotidiana marroquina.

Tem loja de buginganga chinesa com vendedor chato e restaurante sem graça? Tem sim. Mas também tem tecelões e sapateiros desenvolvendo o ofício há gerações na família, senhoras comprando os ingredientes do almoço do dia, crianças voltando da escola, adolescentes jogando bolinha de gude, comércio local, casas de família, religião, trabalho e lazer. Por mais turística que seja, na medina ainda pulsa a alma marroquina. É cativante.

A medina é labirítintica, pero no mucho. Há um sistema de sinalização que indicam rotas principais, cada uma em uma cor, que funciona bem. Nos meus quatro dias em Marrakesh, não foi necessário pedir informações nenhuma vez.

Essemble Artisanal, Marrakesh. Foto: divulgação

Na pilha de umas comprinhas? Passe primeiro no Ensemble Artisanal, que trabalha com preços fixos. É um ambiente mais calmo, onde você pode ter uma boa ideia do quanto as coisas custam, de fato. A maioria das lojas aceita apenas dinheiro, mas os mercados mais finos aceitam cartão de crédito. Avenida Mohammed V, Marrakesh. De segunda a sábado, das 9 às 19h.

Se quiser decorar um riad, seu destino é o Quartier Industriel de Sidi Ghanem. Numa vibe Nova York dos filmes do Scorcese, o bairro é dedicado ao design, e repleto de showrooms de fábricas onde você encontrará desde móveis enormes até velas aromáticas, cerâmicas, roupas e acessórios.

Fim de tarde

Hammam de la Rose. Foto: divulgação

Cansado de caminhar pela medina? Hora do relax num hammam, ambiente que mistura sauna a vapor com uma esfoliação vigorosa, cumprindo um ritual de ablução da religião islâmica. O hammam é uma experiência social no Marrocos, e você pode optar por um local, onde ficará nu em público e os marroquinos levam os parentes para esfregarem uns aos outros. Calma, há hammans locais onde isso é feito por um profissional, em um ambiente privado. Há também spas com hammans e todo o tipo de tratamento estético para um dia de princesa. Do primeiro tipo, recomendo o Dar El Bacha –20, Boulevard Fatima Zahra. Do último, o Hamman de la Rose – Route Sidi Abdelaziz, Marrakesh (diariamente das 10 às 20h).

Noite

Le Azar, Marrakesh. Foto: divulgação

Para um jantar contemporâneo, a boa é o Le Azar, de culinária fusion mediterrânea e oriental. A decoração é tão luxuosa que esbarra no kitsch, mas Alá seja louvado, que comida boa. Pedi o combinado de mezzes e foi a melhor refeição em duas semanas no país. O Le Azar também é um bom lugar para tomar aquele vinho que você não encontra na medina. Após o jantar, fume uma shisha no mezanino para fechar a noite. No subsolo rola uma baladinha com pop árabe ao vivo, mas não cheguei a conferir. Rue de Yougoslavie, ao lado da Boulevard Hassan II, Marrakesh. Diariamente a partir das 19h. Para reservar mesa aqui.

Se quiser uma noite de sultão, vá ao Dar Yacout. Dos lugares mais suntuosos onde estive na vida, o restaurante funciona com menu confiance e open bar. O atendimento é refinado, a música ao vivo, elegante e o público também é composto por marroquinos. Apesar de caro para os padrões locais, a experiência custa uma fração de um jantar num bom restaurante no Brasil. 79 Sidi Ahmed Soussi, Marrakesh. De terça a domingo, das 20 à 0h.

*Foto capa: Tensift El Haouz, em Marrakesh, Marrocos, por Kees Kortmulder.

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

04 de April, 2017

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Luciana Guilliod

Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.

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