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Tóquio – quem não ama, não entendeu

Data

16 de June, 2015

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Aqui e ali alguém me pede dicas de Tóquio e mea culpa: esse artigo já deveria existir faz tempo! Antes tarde do que ainda mais tarde, aqui está a melhor maneira de homenagear: uma carta de amor por escrito de todos os momentos bons vividos. Esse post é um pouco isso e o outro tanto é em forma de declaração de amor. Como prefácio, digo aqui que essa viagem foi sem dúvidas a que mais me transformou e a que também deixou mais saudades na memória. Foi nessa viagem que deixei de ser turista e passei a ser viajante e em apenas duas semanas aprendi o suficiente para uma vida inteira.

Os seis meses seguintes após a viagem foram duros: passei a maior parte dos dias (e noites) procurando maneiras de como conseguir voltar, andando pelas ruas do Google Earth e imaginando a vida que teria lá. O tempo foi passando e anestesiando um pouco a obsessão que até hoje às vezes volta em forma de uma vontade louca de entrar no avião e acordar lá.

Tokyo-City landscape
(Créditos: Priscilla Dieb)

Antes de visitar Tóquio, tinha a impressão de que não gostaria. Nasci e cresci em cidade grande e conheço bem a cultura do caos e a opção por uma vida mais verde, tranquila e natural foi voluntária e consciente dos seus altos e baixos. Lição n.1 em Tóquio: a metrópole em questão, tem tudo isso. E não só isso, perdi até a conta de quantas foram as vezes que fui surpreendida por momentos de extrema paz , contentamento e quietude, bem no meio de aglomerações humanas como a do cruzamento mais movimentado do mundo. Onde mesmo cercada por centenas de pessoas – que não se encostam, nem se esbarram – na pressa das suas urgências, eu tinha o meu espaço respeitado e melhor: nunca precisei defender esse direito.

Tokyo-CityDay2
Ueno na hora do rush. (Créditos: Priscilla Dieb)
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Anúncios de como as pessoas devem ou não andar pela cidade. (Créditos: Priscilla Dieb)
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#tamojunto anúncio! :) (Créditos: Priscilla Dieb)

Sem falar na limpeza! Meu Deus, que cidade limpa! Juro que procurei persistente e inutilmente por um único chiclete grudado no chão… E que cidade linda! E louca!  E sana ao mesmo tempo. São tantas tóquios dentro de Tóquio que você pode simplesmente escolher uma para cada dia da semana e ao longo de cem anos, ainda não terá usado todas.

Mas atenção: Tóquio não é um lugar para quem tem medo de gente. É um lugar para gente que tem necessidade vital de aprender alguma coisa, seja com muita gente ou sozinho. E tenho dito: quem não ama Tóquio, não entendeu Tóquio. Mas chega de dor-de-cotovelo, vamos às dicas.

* Todos os endereços podem ser encontrados neste mapa.

Cliché (s.q.n)

Separe 2/3 dias para curtir estas dicas.
Se você sempre as usa hashtags parque, jardim e verde assim que chega em alguma cidade, Tóquio é para você. Eu tive a maior sorte de chegar no primeiro dia da primavera, e poder assistir ao vivo e a cores o espetáculo das amendoeiras em flores no parque Ueno. Incrível fazer parte de um evento que representa tanto para a cultura local. Arigatou gozaimashita, Tokyo.

Tokyo-Ueno Park
O parque Ueno no primeiro dia de primavera, clima de carnaval! (Créditos: Priscilla Dieb)

Outro highlight para quem adora verde é tomar um senchá na casa de chá nos jardins do parque Hamarikyu Gardens, um lugar lindo que transpira paz e beleza. Dica: fica pertinho do mercado do peixe.

Tokyo-Garden T House
Chá verde (senchá) com docinho de feijão adzuki  (Créditos: Priscilla Dieb)

Um parque lindo e pouco explorado pelo turismo é o Oifuto Central Seaside Park onde é possível participar de esportes, pescar, observar pássaros ou fazer picnic na grama ou na prainha e navegar o Rio Sumita no barco ultra futurista do Tokyo Cruise em um mini cruzeiro que dura aproximadamente 1h também é uma maneira de adicionar à viagem uma visão completamente diferente da cidade.

(Créditos: Tokyo Cruise)
o barco Hotaluna usado para transportar passageiros nos cruzeiros com duração de 1h (Créditos: Tokyo Cruise)

E para relaxar, as piscinas e termas naturais do Ōedo Onsen Monogatari são bem recomendadas pelos locais, mas infelizmente não é permitida a entrada de pessoas com tatuagens. Não cheguei a ser barrada no baile pois soube desse detalhe antes de ir, mas deixo a dica.

Shibuya!

Separe 3 dias para assimilar esse bairro incrível.
Quando chegar o momento “chega de paz & amor, eu quero é ferver” entre no metrô, desça na parada Shibuya e se prepare para ficar-de-boca-aberta parte I  logo na saída da estação, com o Tokyo Food Show que fica pertinho e é o maior e mais variado outlet gourmet da cidade – fica no subsolo da Tokyo Department Store (Dica: Experimente tudo que tiver escrito “edição limitada”), foi lá que eu descobri o chocolate Roycedevidamente comentado aqui no blog… Nem precisa fechar a boca, pois dali você já segue para uma visão única: a do cruzamento mais movimentado do mundo.

Uma das centenas de estantes com todas as opções imagináveis. (Créditos: tummyfull.blogspot.com)
Uma das centenas de estantes com todas as opções imagináveis. (Créditos: tummyfull.blogspot.com)

Poucos quarteirões de distância da T.F.S está o Shibuya109, um shopping mall com oito andares de lojas, com tudo que sua imaginação nunca sonhou existir, tudo que você vai precisar em 2066 ou simplesmente uma lembrancinha fofa para a bff que ficou do outro lado do Atlântico. Também ali do lado está a Center Gaiuma rua de comércio incrível, basta caminhar por elaescolher um izakaya (barzinho em japonês) e chegar a seguinte conclusão: o loco meu.

Center Gai à noite(Créditos: tokyobling.wordpress.com)
Center Gai à noite (Créditos: tokyobling.wordpress.com)

E quando você pensar isso, caminhe mais 15 minutos a sul da estação (veja o caminho no mapa) para o verdadeiro oásis do bairro: são inúmeras lojas legais que reúnem todos os artistas independentes e subcultura de Tóquio. Nada aqui é iwannabe, da caneta ao sapato, tudo tem uma história e um motivo para estar ali. Das lojas que eu tive a oportunidade de conhecer, as mais interessantes são: a livraria Daikanyama Tsutaya, a Strange Storeuma loja de curiosidades na sala da casa do dono, a paradinha estratégica no café e restaurante orgânico Bombay Bazar para comer, rezar e amar pois tudo no menu é maravilhoso e muitas comprinhas na Hollywood Ranch Market e High Standard, duas lojas absolutamente essenciais para os amantes de brechó e marcas locais.

Strange Store (Créditos: timeout.jp)
Strange Store (Créditos: timeout.jp)
hrm.co.jp
Essa loja tem as roupas, acessórios e coisas mais incríveis de Tóquio… Fazia muito tempo que não tinha vontade de comprar uma loja inteira! (Créditos: HRM.co.jp)

E por último, visitar o Sarugaku Mall, uma espécie de galeria com muitos designers e marcas locais, com estilo mais minimalista e sóbrio. Para saber um pouco mais sobre o bairro Shibuya clique aqui.

Comer em Tóquio é um ato de amor

Separe um 1 dia para este roteiro.
Café da manhã: Seria impossível não começar o dia com os bifes de atum fresco do Toyosu Fish Market (o antigo Tsukiji Fish Market). E lá funciona assim: procure o quiosque com a maior fila na porta, espere, entre, coma, agradeça e saia fora. Não confunda sentar para comer com serviço de restaurante, em Tóquio essas duas coisas são bem diferentes e o que as define é o preço.

Tokyo-Fish Market Bfast
Café da manhã… Para adultos. (Créditos: Priscilla Dieb)

Almoço: Prepare o bolso (bem preparado) e vá sem medo para um dos melhores restaurantes da cidade: Les Créations de Narisawa. Aconselho a ler a filosofia do chef Narisawa Yoshihiro, antes de tentar uma reserva, que de preferência deve ser feita assim você comprar a passagem já que a lista de espera é de meses. Dica: é mais fácil conseguir uma mesa para almoço.

90plus.com
A arte digestível de Narisawa Yoshihiro (Créditos: 90plus.com)
Seus Eur-150 p.p (exc. bebidas) para um almoço, valerão cada centavo. Esta é a apresentação do pedaço de carne mais cobiçado em Tóquio. (Crédito: foodcrafters.org)
wikidi.com
Sobremesa (por baixo da vida está um creme fantástico)… Para o chef Narisawa Yoshihiro todos as suas criações são um presente da natureza (Crédito: foodcrafters.org)

Jantar: O ideal é mudar bem o conceito e investir em algo completamente diferente, pois poucas seriam as possibilidades de conseguir algo mais sensacional que uma mesa no Les Créations de Narisawa. O Adding:Blue, restaurante da legendária Blue Note_Tokyo  oferece um menu tão gourmet quanto musical e jantar ao som do melhor do jazz mundial (ao vivo), por um preço realista também é uma boa opção de como terminar o gourmet galore day da melhor forma possível.

Gastar

Separe 2 dias para esta programação.
Eu gasto com arte, comida, livros e presente para os outros. Aqui e ali, com sapato, roupa ou com o visual. Mas cada um gasta do seu jeito… Além do que, gastamos de maneira diferente em cada fase da vida. Tóquio é daquelas cidades que você pode ter que vender a casa, o carro e o amado(a) para pagar a viagem. Mas também pode ser acessível e oferecer experiências valiosas dentro do budget.  Se for gastar em “coisa”, sugiro uma visita ao Atelier Miharayasuhiro, com atenção a coleção de sapatos.

Sapatos artesanais. Lindos, caros e super confortáveis. (Créditos: fashion-press.net)
Sapatos artesanais. Lindos, caros e super confortáveis. (Créditos: fashion-press.net)

Se quiser investir em uma mudança de visual, o Sin Den é o melhor lugar para colorir ou cortar. Lá a maioria dos profissionais fala inglês e a dona é australiana. Eles são especialistas em transformar qualquer mero mortal (cof cof: turista) em um quase local. Se quiser investir no “emocional”, indico o Museu de Arte Contemporânea e a Zeit Foto Salon, a primeira galeria de fotografia com curadoria do pioneiro Etsuro Ishihara.

Tokyo-Museum Cont Art
Instalação 3D no Museu de Arte Contemporânea em Tóquio. (Créditos: Priscilla Dieb)

E se quiser investir numa noitada, vá para o theoneandonly club Air, a melhor opção para a uma despedida daquelas. Dica: por que não sair direto do after para o aeroporto, dormir 11+ horas no vôo e acordar em casa, sem saber ao certo se foi sonho ou realidade?

Imagem destacada * Shutterstock.com / Sean Pavone.

Data

16 de June, 2015

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Priscilla Cavalcante

A Priscilla escolheu como mantra a frase de Amyr Klink: "Pior que não terminar uma viagem é nunca partir". Adora mapas e detesta malas. Não perde uma promoção ou um código de desconto e coleciona cartões de fidelidade. Nas horas vagas é diretora de arte, produtora de festas, dj e coletora de lixo nas ruas de Amsterdã. Escreve aqui e no www.almostlocals.com

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.